Domingo, 5 de fevereiro de 2012.
Qualquer movimento grevista, independente da categoria que a faça, demonstra que há uma insatisfação no seu meio.
Há muito tempo venho dizendo que na Bahia a insatisfação no seio do servidor público estava abafada e que a qualquer momento explodiria, fruto de promessas não cumpridas pelo atual governo, entre elas a total falta de condições de trabalho, salário aviltantes, o prometido pagamento da URV que nunca saiu dos palanques, o modelo impositivo de comandar, a falta de diálogo e negociação com as diversas categorias e por ai vai.
É preciso que se entenda que as portas de negociação e do diálogo com os servidores públicos, não devem ser abertas apenas quando a crise se instala através da demonstração de insatisfação com a greve, o último e único instrumento que a categoria dispõe para dá conhecimento a sociedade, da forma como está sendo tratada. Elas devem está permanentemente aberta ao diálogo, pois esta é a essência da democracia, não fechadas como hoje se encontra. Infelizmente na Bahia assim o foi durante os 16 anos de Carlismo e assim está sendo nos 05 anos do PT.
Foi acreditando nas promessas de dias melhores, quando inclusive na campanha eleitoral de 2006 o atual governador mostrava em praça pública e nos programas eleitorais os contracheques dos servidores públicos como um sinônimo de humilhação, dando a entender que em seu governo isto não ocorreria em termos salariais (será que ele teria coragem de ir para atelevisão mostrar os contracheques hoje?), que o funcionalismo se uniu à população para dar um basta no carlismo, que já estava há 16 anos no Poder.
Passado 05 anos de eleito e reeleito, o que se observa em relação ao servidor público é que nada ou quase nada mudou. As práticas continuam as mesmas.
Hoje, a Bahia enfrenta a greve da Polícia Militar, esta mesma Polícia Militar que em 2001 fez o mesmo movimento, cuja pauta de reivindicação coincidentemente é a mesma de hoje.
Na época, a Bahia estava sob o domínio do Carlismo, hoje, está sob a administração do PT, cujo governador Jaques Wagner se apresenta como uma das alternativas para suceder a presidenta Dilma.
Hoje a greve é vista como algo ilegal, criminoso e responsável pela insegurança que o Estado está vivendo. Em 2001, os baianos viveram a mesma situação, mas naquela época como havia um projeto de Poder em jogo, ao contrário de se solidarizar com o governo da época, como hoje o fazem o PT, PSB, PCdoB e demais partidos coligados, o que se viu foi exatamente o inverso, ou seja, estes que hoje repudiam o movimento grevista da PM estavam lá na linha de frente, apoiando e financiando o movimento, conforma nota transcrita abaixo.
Porque a PM entrou em greve, alguém já se preocupou em perguntar? Ao que se sabe o movimento não é político, pois não se conhece nenhum partido político de oposição ao atual governo por trás, dando apoio ou subsidiando como ocorreu em 2001, muito pelo contrário, os opositores de hoje até estão sendo solidários ao atual governo e repudiando o movimento. Então o que será que ocorreu para que a PM mostrasse a sua insatisfação?
O que se pode presumir, é que diante de uma politica salarial perversa imposta aos servidores públicos no geral, o governo Jaques Wagner comete a mesma atrocidade que a dinastia do DEM comandada pelo Carlismo praticou, e assim começam a colher os frutos plantados em 2001.
E faço um alerta: as demais categorias estão prestes também a explodir. Mais dias menos dias, a Bahia poderá ser sacudida por demonstração de insatisfação dos servidores públicos, que já não suportam a situação em que se encontram. E que o Governador não venha dizer depois que foi surpreendido.
2012 na Bahia começou quente. A busca por melhores condições de trabalho e por salários dignos que tem sido exigido pelos Policiais Militares, tende a se estender para as demais classes de trabalhadores públicos, cansado das promessas de palanque e esquecido após passadas as eleições.
O Governador da Bahia, que diz ser defensor de melhores salários, é o mesmo que pratica o mesmo arrocho salarial praticado pelo carlismo.
O mesmo Governador que diz ser a segurança pública na atual gestão um dos seus calcanhares de aquiles e uma questão delicada, é o mesmo gestor que tem lutado incessantemente e utilizado de todos os meios, para não ser aprovada a PEC 300, que daria maiores condições aos Policiais Militares e, onde se vê um verdadeiro conluio entre o governo federal e alguns governadores estaduais para impedir a aprovação de um piso nacional para policiais militares.
Tudo isto, somado com as condições materiais, traz um elevado grau de insatisfação, que deveria servir de exemplo para o atual gestor.
Lembrar ainda que, a derrocada do carlismo começou a partir da greve da PM em 2001.
Que o momento atual sirva de lição e que o atual governo reveja os seus conceitos em relação aos seus servidores, busque honrar as promessas feitas em 2006 e comece a tirar do papel e pô-la em prática, para que não venha a colher dias mais amargos no amanhã. Cujo amanhã começará com as eleições municipais.
Como cidadão, não sou contra a greve, principalmente sabendo que há anos os servidores públicos, aí incluso os policiais militares, vêm tentando sem sucesso, abrir caminhos de negociações com o executivo estadual, visando sensibilizá-lo para a situação de penúria porque passa o funcionalismo público baiano.
Porém, estes mesmos servidores tem enfrentado barreiras intransponíveis, estabelecidas a partir da Secretaria de Administração que tem um titular insensível e despreparado para o diálogo, dando a entender para as categorias que o modelo de governar do PT, infelizmente, não é muito diferente do modelo carlista.
Acreditam que cooptando os “lideres” das entidades sindicais com cargos na máquina pública estariam atendendo aos demais. Apenas se enganaram ou conseguiram abafar por pouco tempo. Este é o resultado, insatisfação geral.
Entendemos como qualquer outra categoria, a Polícia Militar tem o direito e pode fazer greve, apesar de compreender ser uma categoria que exerce uma atividade essencial e ainda mais, por serem policiais tem o direito de andarem armados. Aí é onde mora o perigo. Pois, alguns podem não está devidamente preparado e fazerem do ato reivindicatório em ato de vandalismo, jogando por terra toda a essência do movimento.
A PM como qualquer outra categoria do serviço público só deveria ser impedida de fazer greve, se tiverem um salário essencial e digno. Assim deveria ser feito julgamento pela justiça.
E afinal, quem será o culpado pela greve da PM e de porventura outras greves, caso outras categorias só tenham este caminho a trilhar? Claro que é do Governador do Estado, que poderia ter aberto as portas do diálogo e da negociação, cuja negociação não seja um monólogo como o era as tais Mesas de Negociação criada no início de seu governo, onde se falava e discutia de tudo, mas a palavra final era a vontade governamental.
Sabe-se que hoje, há um clima de total falta de credibilidade da atual equipe de governo, sendo, pois necessário a sua oxigenação, não com apenas a troca de cadeiras, mas a sua substituição se faz necessário.
Quem conhece, anda ou precisa dos serviços públicos na Bahia, vê e ouve o quanto o servidor está desmotivado, por não acreditarem em qualquer ato ou ação em seu favor ou que acenem por dias melhores, fruto de uma equipe fraca, com diversos titulares bastantes conhecidos pela sua ineficiência e incompetência, mas que para o governador, estes mesmos nomes são um exemplo de eficácia e eficiência.
Portanto, é preciso que se entenda que o baiano estava insatisfeito com o modelo carlista de governar, para tanto optou pela mudança, cuja mudança a população está a espera de acontecer, pois diante do modelo de gestão atual nada mudou e mais insatisfações virão por aí. Quem quiser pague para ver.
P.S. Para que fique registrado em nossos arquivos e chegue ao conhecimento de todos, transcrevo abaixo, o que disse a imprensa Marcos Prisco, Presidente da Associação de Policiais, Bombeiros e seus Familiares da Bahia (ASPRA):“O governador Jacques Wagner, quando ainda era deputado federal, participou com outros parlamentares do PT e de partidos da base do esquema de financiamento da paralisação dos policiais militares do estado em 2001. Ele acrescentou que o Sindicato dos Químicos e Petroleiros da Bahia, que tinha na direção o atual presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, alugou e cedeu, na época, seis carros para garantir a greve na Bahia”, onde diz que foi perseguido e ameaçado de prisão pelo então governador carlista Cesar Borges. Continua: “O motorista que me levou para Brasília era um funcionário do sindicato, Nelson Souto. Na capital, foi recebido pelo então senador petista Cristóvam Buarque”, disse.
Prisco disse que, além de Jacques Wagner, teriam apoiado e contribuído para a greve de 2001 os parlamentares Nelson Pellegrino (PT), Moema Gramacho (PT), Lídice da Mata (PSB), Alceu Portugal (PCdoB), Daniel Almeida (PCdoB) e Eliel Santana (PSC). Segundo ele, a ajuda garantiu a estrutura necessária ao movimento, incluindo o fornecimento de alimentação para os grevistas.
Postado por Francklin Sá.
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