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JORNAL EXTRA:
Quem rasteja como verme, não pode se queixar de ser pisoteado
Por: Aurílio Nascimento em 16/02/12 17:06
Em 1872, em Viena, foi publicada uma das maiores obras da literatura jurídica, " A luta pelo Direito." O autor, Rudolf Von Ihering, passou a ocupar um lugar de destaque na história por seu opúsculo, sendo sua leitura obrigatória nas faculdades de direito, exceto naquelas rebaixadas pelo MEC.
Na obra, o autor afirma: "quem rasteja como verme, não pode se queixar de ser pisoteado". Foi com base nesta afirmativa, mesmo que nunca a tenha lido, que Lampião, o Rei do Cangaço, se lançou a desafiar o poder constituído, enfrentando o coronelismo no nordeste, e também fazendo história. Robin Hood, que roubava os ricos e distribuía aos pobres, nem imaginava que um dia suas atitudes seriam justificadas por um grande jurisconsulto quinhentos anos depois de suas aventuras. O elenco de homens que se recusaram a ver seus mínimos direitos tripudiados é imenso, e aqui não cabe à lista. A existência da cosa nostra, a temível máfia italiana, que se espalhou por boa parte do mundo, também foi justificada desta forma. Quando Don Corleone em uma reunião de chefes em seu discurso de paz, afirmou: "por que devemos morrer em guerras por outros homens"? Quem são estes homens que se intitulam senhores do nosso destino, para decidirem como vamos viver, como vamos sustentar nossas famílias? Foi nesta reunião que pela primeira vez surgiu o termo cosa nostra.
As recentes manifestações de forças policiais por melhoria salarial, em vários estados, apresentou a sociedade, centenas de estudiosos do direito, todos a condenar os movimentos por infringir a Constituição. A unanimidade, antes condenada, passou a existir. Todos afirmaram que os movimentos são ilegais, e seus participantes classificados de terroristas, vândalos, e marginais. Mesmo com a autoridade que lhes conferem seus profundos conhecimentos, ouso afirmar que na verdade apenas externaram o medo, colocando nas entrelinhas, ainda que implícitas, a frase: "comigo não". Quando no passado, a atual presidente da república portou uma metralhadora e praticou assaltos, foi também classificada de terrorista, assim como seus amigos. Foram, assim como os lideres do movimento das reivindicações dos policiais e bombeiros, presos, e levados a prisões de segurança máxima, e torturados. A tortura aos lideres de hoje, não se compara ao pau-de-arara, choques elétricos, e afogamentos. A tortura de hoje é colocar junto aos piores marginais, homens que sempre estiveram ao lado da lei. A tortura é psicológica, tem o intuito de quebrar a alma, aniquilar. O envio de um coronel da PM ao presídio de Bangu 1, agrega o recado: "da próxima vez será pior. Não se atreva a nos desafiar". Esquecem os aboletados no poder, que tudo na vida é efêmero, até mesmo a própria vida. No milenar clássico "A arte da guerra" é ensinado que nunca se deve encurralar totalmente um homem. Procure sempre deixar uma saída, pois sem saída, ele vai avançar sobre você com todas as forças.
Policiais e bombeiros militares, e policiais civis, mesmo carregando o imenso fardo de manter a ordem e preservar a sociedade, não têm reconhecido nenhum dos direitos dos demais trabalhadores. Não podem fazem parte de sindicatos, não recebem horas extras, nem adicional noturno. Seus salários são aviltados, e quase sempre, compram do próprio bolso, apetrechos necessários à realização do seu trabalho. Os governos se fazem de desentendidos, e nada resolvem. Greve, nem pensar. Vão para a cadeia. Até quando pensam que tal situação pode perdurar?
P.S.: Este texto foi escrito ao amparo do artº 5º, IV, IX da Constituição Federal, promulgada em 05/10/1988.
Juntos Somos Fortes!
Um comentário:
Aos poucos e progressivamente estamos vencendo a guerra!
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