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Brasil, País do Futuro – Idosos Excluídos
Como um auto nomeado Campeão dos Direitos Humanos trata seus aposentados e porque a Presidente Rousseff deveria acabar com isto.
A economia do Brasil está bombando. Abençoados pela natureza, que só mostra a sua ferocidade por meio de terremotos, tornados, tsunamis, vulcões ou – por guerras e outros conflitos a desafortunados estrangeiros – muitos brasileiros vêm motivo para crer que Deus é brasileiro. Com toda a certeza o nosso paraíso jamais daria abrigo ao diabo e seus asseclas.
Nesta pátria do futuro, alguns estão mesmo além de seu tempo em matéria de qualidade de vida alcançável numa sociedade avançada.
Mas com todo o direito de se tornar uma grande potência econômica, o Brasil ainda precisa resolver inúmeras questões pendentes do presente e mesmo do passado. Assim com toda essa euforia do crescimento que pode nos engrandecer e fazer-nos admirados pelo resto do mundo, precisamos voltar o nosso olhar para um certo grupo de pessoas, na verdade, milhares delas, numa imagem que obscurece a imagem do país, do passado até o presente.
Por quase 80 anos uma empresa aérea, a Varig, prestou serviços ao país transportando gente, gerando riqueza para os cofres do estado e, claro, empregos e sustento para milhares de trabalhadores e suas famílias. Uma empresa que era o orgulho de seus funcionários não poderia ficar indiferente à situação destes quando próximos do fim de seu período produtivo, passassem a depender da minguante aposentadoria pública.
Quanto mais se envelhece, menos se recebe.
Para lidar com um problema social dessa magnitude, um fundo de previdência privada foi criado visando complementar a aposentadoria oficial. Satisfeitas as exigências legais e com as partes em acordo, o Aerus foi fundado e, até onde podiam contar lá em 1982, os trabalhadores tinham a expectativa de uma vida decente para quando chegassem à hora de ir para casa e ceder seu lugar aos mais jovens.
Tudo funcionava bem até a Varig começar a sofrer grandes perdas em decorrência de inúmeros fatores, internos e externos e começar a descumprir suas obrigações quanto aos repasses ao fundo de pensão dos funcionários. Houve então a intervenção do governo que passou a administrar o Aerus, mas que se nega até o presente a admitir a sua quota de responsabilidade nos grandes danos e perdas (de vidas inclusive) impostos aos ex-funcionários e aposentados da Varig.
“Descumprimento de contrato é desrespeito a direitos”
A incerteza jurídica é a certeza do prejuízo que flagela muitos contratos no Brasil. Aqui os contratos deveriam incluir um alerta como este:
“Pode assinar, mas pode não valer”
Para certos brasileiros, principalmente os eleitos, assegurar o esforço no passado para prevenir o futuro, soa estranho. Mas não para eles mesmos que a qualquer tempo, cuidam de seu presente e futuro para muito além dos sonhos de quem fica pra trás.
E cientes de ser o presente o único espaço em que podemos realmente existir, nós, ex- funcionários da Varig nos sentimos como que jogados num abismo, onde contar dias, meses e anos não faz mais nenhum sentido. Fomos congelados em abril de 2006 e ainda não sabemos como vamos sair.
Com as pensões reduzidas em até 90%!, o patrimônio adquirido a duras penas descartado para enfrentar o preço de continuarmos vivos, quase todos nós agora dependemos do precário SUS para cuidar da saúde. Não é surpresa que nesses seis anos passados a taxa de mortalidade entre os ex-variguianos tenha subido a quase 50%!, somando até o momento mais de 630 óbitos. Para os que ficam, envelhecer, não poder concorrer no mercado de trabalho e encarar a vida com pouca ou nenhuma renda, é um pesadelo que ninguém merece.
Assim, neste país do futuro, por seis longos anos é este o imutável presente dos trabalhadores da Varig.
Tendo chegado a esse ponto, com toda essa tristeza e decepção, é justo perguntar à Presidente Dilma Rousseff:
Vossa Excelência pretende nos ignorar ainda por quanto tempo?
Ou Vossa Excelência vai garantir seu lugar na história acabando com essa situação vergonhosa para o país, algo que nunca deveria ter acontecido?
Permita-nos recordar a Vossa Excelência que o crescimento acumulado do país nos dias atuais, foi conseguido em parte com a contribuição dos trabalhadores da Varig, muitos dos quais já não estão mais entre nós e partiram na certeza de terem feito péssimo negócio ao confiar na justiça e autoridades do Brasil.
Senhora Presidente, nós fizemos a nossa parte para ter uma velhice digna e tudo nos foi tirado. Estamos agora nas mãos de Vossa Excelência. Por favor, não nos desaponte.
Respeitosamente,
A Coalizão dos ex-trabalhadores da Varig Linhas Aéreas"
Juntos Somos Fortes!
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