domingo, 8 de janeiro de 2012

UPP: UNIDADE DE POLÍCIA PACIFICADORA OU UM PROJETO DE PODER?

JORNAL DO BRASIL.
UPP: Unidade de Polícia Pacificadora ou um projeto de poder?
Por Leonardo Martins*, no JB.
Tenho acompanhado de perto a relação entra as UPPs e as comunidades que por elas são “atendidas”, o que possibilitou fazer uma leitura do que acontece e do que vai acontecer.
Primeiro gostaria de dizer que as UPPs estão fadadas ao fracasso. Após ouvir algumas teorias, que respeito muito, sobre as UPPs estarem sendo implementadas num “cinturão” privilegiado, visando a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016, apesar de terem uma certa razão, acho sinceramente que o buraco é muito mais embaixo do que parece.
O primeiro passo de implementação da Unidade de Polícia Pacificadora é o anúncio acerca da Comunidade que será “pacificada”. Apesar de encontrar vozes contrárias a esta forma de atuação, acho que está perfeita, por evitar confrontos desnecessários, com possíveis balas perdidas e, muito provavelmente, banho de sangue. Ponto para SSP.
O passo seguinte deveria ser a criação de uma polícia comunitária autônoma da Polícia Militar, que trabalharia nas comunidades pacificadas em sistemas de rodízio – a cada 6 meses os integrantes trocariam de comunidades – minimizando, desta forma, possíveis “milícias”. Este ponto específico tratarei em um próximo artigo.
Mas o projeto não é esse. As UPPs são, antes de tudo, um projeto de poder, de controle de um espaço tradicionalmente submetido à opressão. Os novos Capitães, que comandam as UPPs são os novos “donos do pedaço”, em substituição aos traficantes que ali se encontravam. Autorizam bailes, mandam baixar o som dos moradores, escolhem as músicas que os moradores podem escutar, determinam horário e condutas pessoais, intimam e intimidam àqueles que tem uma opinião mais crítica acerca da função da polícia, como por exemplo o fechamento da rádio comunitária do Andaraí, pela Polícia Federal, sobre o pretexto de rádio pirata e atrapalhar o tráfego aéreo.
Nesse compasso, para o êxito do projeto, há apenas um entrave: a Associação de Moradores. Um arremedo de solução começou com a tentativa de associar os presidentes das Associações de Moradores ao tráfico de drogas, como ocorreu com Laéria Meirelles, presidente da Associação de Moradores do Morro da Formiga, que foi presa sob esta acusação. A partir da prisão da Laéria, alguns presidentes, quando se opunham às ordens dos Capitães, como me foi relatado, ouviam a seguinte “recomendação”: cuidado, presidente, lembra do que aconteceu com a Laéria? Infelizmente, alguns presidentes foram cooptados, seja por medo, seja por qualquer outro motivo, não oferecendo nenhuma resistência. Até quando?
Ainda na esteira de “comandar” também a associação de moradores, numa tentativa de acabar com oposições às políticas e críticas ao Governo, as UPPs informaram que vão organizar as eleições para as Associações de Moradores. Embora pareça e, na minha opinião é, um golpe, ainda não garante o domínio absoluto do território, uma vez que o eleito pode não ser o da base governista ou pode mudar de lado.
Percebendo a fragilidade desta relação, o governo do Estado criou então a UPP Social, transferido para a Prefeitura, que consiste na criação de núcleos, um em cada comunidade, como uma “frente de trabalho”, para pesquisar às demandas necessárias às comunidades, fazendo a intercessão com as agências de serviços públicos e trazendo respostas às demandas. Cada núcleo, ou seja, cada comunidade, terá um”Gerente”, que é um funcionário do governo, no caso da Prefeitura, que será o novo responsável pelo articulação comunidade-demanda por serviços públicos.
Este trabalho tem como finalidade o esvaziamento das Associações de Moradores, usurpando as suas funções, deslegitimando suas lideranças e colocando em xeque a sua existência.
Assim, a comunidade, que já está tomada pelo poder armado do Estado, fica também controlada politicamente. O que significa tudo isso? Para que o Governo arquitetaria um plano tão maquiavélico? A troco de que? A resposta é a mesma encontrada pela CPI das milícias e divulgada pelo filme Tropa de Elite 2: dinheiro e, principalmente, voto. As UPPs, são milícias institucionalizadas pelo Estado, aceitas pela grande mídia e pela “sociedade”. As UPPs são, antes de mais nada, Um Projeto de Poder.
*Advogado, especialista em Segurança Pública, pós-graduando em Sociologia Urbana.
Juntos Somos Fortes!

4 comentários:

Anônimo disse...

Cel Paul, não sei quem começou a campanha para greve dos Pms dia 10/02, adorei a idéia e estou lutando para que tudo dê certo. Lendo alguns blogs e facebook e uma certa comunidade, percebí que já existe uma desunião, quanto a data da paralização e quem vai comandar tal faceta. Não precisa publicar meu comentário, estou só desabafando!!! Não reconheço o Major Hélio e nem o Cabo Gurgel como líderes de alguma coisa. São dois almofadinhas, que nada e nunca lideraram algo para melhorar a corporação. Leia o que acabei de ler no facebook do Cabo Gurgel e tire suas conclusões!

"João Carlos Gurgel
Primeiro, precisamos de organização, quem decidiu que será 13 de Maio? Quem decidiu que será 10 de Fevereiro? Por isso que nunca dá certo, alguém se acha no direito de marcar alguma coisa sem consultar os Policiais que responderão por seus ...atos. Precisamos nos reunir, local e data serão divulgados em breve, dessa reunião, saíra, se haverá ou não greve e quando será, respeitando a vontade da é MAIORIA e não de alguém que nem sabemos se é PM. Força e Honra!!!"
Acho que uma paralização não precisa de um líder e sim de organização e consciência. Se for o caso tome as rédeas do ato e não deixe que OPORTUNISTAS DE PLANTÃO, que ficam em comunidades falando que vão fazer e acontecer...se na hora H, tiram o corpo fora!

abraços

Anônimo disse...

GREVE TUM TUM TUM GREVE TUM TUM TUM GREVE!!!

Polícia do Rio merece ser mais valorizada disse...

Polícia do Rio merece ser mais valorizada - Rio de Janeiro

DOMINGO,8.1.2012 - O DIA E-MAILS E CARTAS

É um absurdo que Sérgio Cabral não valorize nossa polícia. EmDuque de Caxias, nenhum delegado da Civil foi promovido à primeira categoria, e são todos excelentes profissionais. A PolíciaMilitar do Rio de Janeiro ainda tem o segundo menor salário de todo o Brasil. Alô, poliçada! Vamos trabalhar em alerta de greve durante 30 dias com uma tarja preta no pulso. Nós também temos que reivindicar nossos direitos.

Anônimo disse...

Esse tal de "Gurgel Força e Honra" parece mais Del Pol do que Militar ou Tira. Entrou só para pregar a cizânia.