segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

CRISE NA SEGURANÇA PÚBLICA: OS EFEITOS DA TRANSFERÊNCIA DE TRAFICANTES PROMOVIDA PELO SECRETÁRIO DE SEGURANÇA BELTRAME.

O GLOBO:
Traficantes da Mangueira se mudam para Niterói.
Moradores do pacato morro de Preventório reclamam da invasão de bandidos na área.
RIO - Comunidade conhecida por, diferentemente de tantas outras, escapar do controle de traficantes de drogas, o Morro do Preventório, em Jurujuba, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, viu sua rotina mudar no ano passado, depois que a Secretaria de Segurança anunciou a ocupação do Morro da Mangueira, na Zona Norte do Rio, para instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Criminosos da Mangueira teriam se refugiado na favela niteroiense.
Segundo moradores, cerca de 40 bandidos invadiram o Preventório. Alguns deles armados com fuzil e pistolas.
— A paz abandonou a nossa comunidade — lamenta uma moradora.
Secretário de Segurança e Controle Urbano de Niterói, o coronel Ruy França disse ter sido procurado por moradores há duas semanas, que pediram providências ao oficial.
— Como é um assunto que diz respeito à ação da polícia, procurei o comandante do 12º BPM (coronel Wolney Dias). Ele fez operações na comunidade, com prisões e apreensões — disse o coronel.
Para os moradores, o objetivo principal, expulsar os invasores, não foi atingido.
— Eles continuam aqui. O Preventório precisa ser ocupado pela polícia de forma definitiva. De que adianta tirarem os bandidos de lá e eles virem para cá? — diz o morador.
Comento:
Eu apelidei jocosamente a transferência de traficantes promovida pelo secretário de segurança Beltrame, empregada a cada implantação de UPP ou a cada ocupação (Complexo do Alemão, por exemplo), de "triplo T" (tática de transferência de traficantes), embora o assunto seja seríssimo, como comentei na TV ALERJ:


Penso que em lugar nenhum do mundo tal tática tenha sido empregada por forças policiais, ela deve ser inédita. Avisar os criminosos antes de atuar na área, facilitando a fuga para outros locais, onde se instalam e passam a atuar.
Isso transforma o governo em elitista, pois escolhe onde não quer que os criminosos fiquem, mas não os prende, impedindo que passem a atuar em outros locais. 
Repito o que já escrevi dezenas de vezes, em qualquer lugar do mundo civilizado, Beltrame teria sido exonerado na primeira ação que resultasse nessa transferência de bandidos de um lugar para outro. No Rio de Janeiro, o apoio maciço das Organizações Globo, quase o está transformando em um semideus. Ele já foi premiado diversas vezes, inclusive como personalidade do ano. O mais completo absurdo.
A matéria foi encaminhada por um amigo que perguntou, surpreso com O Globo ter noticiado tal fato (embora Beltrame tenha sido preservado novamente), se eu conhecia alguém da cúpula das Organizações Globo que resida perto da comunidade. Respondi que não sabia.
Juntos Somos Fortes!

6 comentários:

Anônimo disse...

E tem muitos jornalistas/radialistas famosos, que dizem não terem rabos-presos, que defendem tal tipo de ocupação AVISADA para não colocarem em risco inocentes. É a desculpa esfarrapada dessa CANALHA para não criticarem o padrinho safado.
Qual a lógica de se evitar confronto quando da instalação de uma upp, e depois ter que promover tiroteios para prendê-los nas comunidades em que eles passam à reforçar ou dominar posteriormente?

Anônimo disse...

09/01/2012 às 19:11
É obrigação do estado recuperar áreas privatizadas por bandidos. Escrevo isto aqui desde… 2006!!!

Ah, o imenso livro dos textos que não escrevi!!!

Num dos posts abaixo, afirmo que a mesma imprensa que aplaude a ocupação do Complexo do Alemão é contra a presença da polícia na Cracolândia. E sustento que a motivação primária desse comportamento é partidária.

Pois bem: alguns bobões, QUE PREFEREM LER O QUE DIZEM QUE ESCREVI, NÃO O QUE DE FATO ESCREVI, COBRAM: “E você? Foi contra a ação no Alemão e agora apóia o governo do Estado no caso da Cracolândia”.

EU??? CONTRA A OCUPAÇÃO DO ALEMÃO??? NÃO!!! ESSE É OUTRO CARA!

Tudo o que escrevi está em arquivo. Muito antes que o governo do Rio decidisse instalar as UPPs, eu já defendia a ação das Forças Armadas nas favelas do Rio. Consultem as edições passadas do blog. Reproduzo trecho de um post de 10 de agosto de 2006, já no curso da campanha eleitoral:
“O candidato tucano Geraldo Alckmin fez muito bem em atacar o lado vivandeira de Luiz Ignorácio Lula da Silva. E o fez nos termos corretos: Exército serve para manobras militares, não para manobras políticas. E deixo claro uma coisa: eu acho que as Forças Armadas devem, sim, ser usadas no combate ao narcotráfico e ao contrabando de armas. E não só nas fronteiras. Há muito tempo é preciso arriar a bandeira do narcotráfico na periferia de São Paulo, nos morros do Rio e nos presídios do país inteiro. Em seu lugar, hastear a Bandeira Nacional. (…) É preciso haver um plano, estabelecer metas, prazos, estratégia, tática, como em qualquer guerra. Não pode é o governo federal contingenciar a verba da segurança no limite da indigência e depois oferecer suas saídas milagrosas. As Forças Amadas poderiam, sim, há muito tempo estar em atuação nas áreas que foram roubadas ao Estado de Direito.”

Sei o que penso
Sei muito bem o que penso. Não costumo mudar segundo o vento. Em 2006, Cabral era apenas o candidato do PMDB ao governo do Rio, e eu defendia a retomada das áreas dominadas pelo narcotráfico — com a ajuda das Forças Armadas, segundo o previsto, diga-se, na Constituição. Os “progressistas” que passaram a dar apoio integral ao agora governador do Rio diziam, à época, que a minha tese era, como é mesmo?, “fascista”. Na boca dos esquerdistas, “fascista” é tudo aquilo que não é do seu interesse.

Não! Eu não me opus à chegada da Polícia e das Forças Armadas ao Complexo do Alemão. A minha crítica às UPPs é de outra natureza. Eu me oponho é à determinação de não prender quase ninguém; eu me oponho é à tática “espalha-bandido”. Já deixei isso claro dezenas de vezes. A política de retomada do território é correta.

Os apressadinhos não tentem encontrar contradições onde elas não estão. Posso provar o que escrevi. Eles não podem, por óbvio, provar o que NÃO ESCREVI.

Por Reinaldo Azevedo

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/e-obrigacao-do-estado-recuperar-areas-privatizadas-por-bandidos-escrevo-isto-aqui-desde-2006/

Anônimo disse...

Coronel, coronel...o senhor é um coronel, um militar, e portanto não é um policial (são conceitos antagônicos). E como militar, vê a segurança pública como "combate ao inimigo", e acha que se os traficantes estão saindo vivos e soltos, a ação foi falha.
Segurança, coronél, é combate ao CRIME, e não ao CRIMINOSO. O senhor preferia as ações que ocorreram sempre, quando os "barbonos" ainda mandavam na PM, quando se montava uma operação de guerra, subia-se a favela de sopetão, morriam 5 traficantes, 2 policiais e uns 3 inocentes, logo depois os policiais saiam e o tráfico voltava a funcionar a todo vapor na localidade, com reposição imediata inclusive de eventuais traficantes mortos ou presos; ou então, quando se prendia um traficante pérrapado e tinha 10 outros esperando na fila a chance de ocupar o lugar dele. E as áreas continuavam deflagradas, e ninguém podia ter acesso àquelas áreas que continuavam sendo domínio do tráfico.
Hoje, os traficantes fugiram para outros lugares (os cabeças), mas os de menor escalão continuam nas comunidades, só que continuam no pianinho, sem o dinherinho do tráfico. E os "cabeças" fugiram para outras comunidades, mas perderam o território; foram feridos justamente no seu coração, sua estrutura financeira.
Mas aí o gênial barbono vai falar, "mas ele continua traficando em outro lugar"! Para e pense, coronél! (ao menos tente pensar). Será que no Morro do Preventório (alguém já tinha ouvido falar desta comunidade?) eles estão tendo o mesmo lucro e movimentanto a mesma quantidade de drogas e dinheiro que faziam na Mangueira, na Rocinha ou no Alemão?
Já nos territórios ocupados, mesmo que ainda haja tráfico (até em NY, Los Angeles, Londres, há tráfico) este agora ocorre no varejo, e de forma mais dissimulada, e a existência destes traficantes não impede mais qualquer pessoa, e principalmente o poder público de ir nestes locais a hora que bem entender, sem ter que montar uma operação de guerra barbônica para morrer meia dúzia de cada lado, e uma dúzia de moradores de lado neutro.

Paulo Ricardo Paúl disse...

Grato pelos comentários.
Caro anônimo (23:58hs) eu concordo com você em alguns aspectos e discordo em outros. Gostaria de respondê-lo, mas para isso preciso saber se possui formação em segurança pública e, caso positivo, qual?
Juntos Somos Fortes!

Anônimo disse...

Respondendo sua pergunta, Coronél, sou Agente de Polícia Federal desde 1995, dos quais muitos em serviço em DRE, incluindo-se aí a DRE/SRSP e DRE/SRRJ, com diversos cursos na área de repressão a entorpecentes, inclusive no exterior.
Mais não posso dizer, porque o DPF não costuma ver com bons olhos policiais federais comentando em blogs, especialmente os "não Delegados".

Paulo Ricardo Paúl disse...

Prezado Policial Federal:
O seu texto precvisa ser lido por você mesmo algumas vezes, reflita sobre o que escreveu. Sinceramente, parece que você está defendendo o Beltrame, nada além disso. Você parece um eco do secretário, usa a mesma argumentação.
Você conhece os Barbonos?
Acho que não.
Vou sugerir que visite qualquer comunidade que está recebendo os traficantes que Beltrame transfere. Qualquer uma e ouça as pessoas, tenho certeza que mudará de ideia.
Um abraço.
Juntos Somos Fortes!