segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

GREVE NA POLÍCIA MILITAR: CORONEL PAÚL CONTRA A PAREDE.

Comentário:
“Coronel Paúl, qual seria sua posição se na época em que o senhor era corregedor, os policiais do RJ entrassem em greve.
Anônimo”
Ser um blogueiro atuante dá um trabalhão, produz alegrias e tristezas, aliás como tudo na estrada da vida. Os elogios nos inflam, as críticas nos animam e as mentiras nos entristecem um pouco, mas cada vez menos. Na tentativa de ser o mais democrático possível, habitualmente posto (não deixo de postar) os comentários contra mim e escolho um ou outro para dar algumas explicações, isso cada vez menos também, pois são temas recorrentes. Surgem ainda comentários que me colocam em situações difíceis, não sendo nem contra mim, nem a favor, aparentemente. O comentário que dá início a esse artigo é um deles e passo a respondê-lo.
O militarismo não faz parte da minha história familiar, inclusive tive grandes dificuldades para me adaptar, sobretudo no tocante às atividades físicas, que o digam os meus companheiros do Curso de Formação de Oficiais realizado na EsFO, atual Academia de Polícia Militar D. João VI. Em contrapartida, se o espírito combatente do militarismo não se apossou de mim por completo, vários conceitos próprios do militarismo passaram a integrar o meu ferramental e dentre eles, o respeito por si próprio, o respeito pelo Posto (Graduação) ocupado e pelos diversos valores institucionais.
Caro comentarista, fica muito difícil responder ao seu questionamento sobre o meu posicionamento caso a Polícia Militar entrasse em greve na época que exerci a função de Corregedor Interno, pois penso ser isso impossível. Eu demonstrei na prática, mal começaram as primeiras mobilizações em 2007 na PMERJ e no CBMERJ (40 da Evaristo) para lutar por salários, que logo me engajei, apesar de ser o Corregedor Interno. Diante dessa verdade, caso a evolução fosse para uma greve, eu estaria envolvido nela e por dever funcional e por respeito ao Comandante Geral, teria solicitado exoneração. Portanto, eu não seria Corregedor Interno com a PMERJ em greve.
No intuito de melhorar a resposta, acrescento que não consigo aceitar uma mobilização de Praças sem a presença dos Oficiais, principalmente sem o envolvimento dos Coronéis, os maiores responsáveis pelos destinos das instituições, isso no caso das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros. O que aconteceu (está acontecendo) no Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro é para mim de todo inaceitável, os valores do militarismo que assimilei estão sendo violentados. Uma corporação militar não pode realizar atos públicos reunindo milhares de Praças e de familiares nas ruas, lutando por salários dignos, sem a presença dos Oficiais, isso os desmoraliza por completo. Tal realidade significa tacitamente que os Praças assumiram o controle dos destinos (o futuro) da instituição, o que é inconcebível nas organizações militarizadas.
Comentarista, ao longo dos diversos atos que os Praças do CBMERJ realizaram, inúmeras vezes eu me perguntei como me sentiria sendo Oficial da corporação, caso não estivesse participando da luta. Inteiramente desmoralizado, sempre foi a resposta que encontrei. Não tenho qualquer dúvida, que se fosse Oficial BM, sobretudo se fosse Coronel BM, eu não aceitaria ser comandado pelos Praças, eu estaria na mobilização, como estive nas mobilizações de 2007/2008. Diante de tudo que aconteceu, eu não teria coragem de olhar nos olhos dos meus subordinados e dar uma ordem, por mais simples que fosse. Não teria coragem de vestir a minha farda cheia de ornamentos, diante da minha omissão com relação aos meus subordinados. E, se fosse Coronel BM da ativa, solicitaria passagem para a inatividade e nunca mais colocaria os pés em um quartel do Corpo de Bombeiros. Eu teria vergonha, muita vergonha.
No Ceará, notícias dão conta que Oficiais estão aderindo à mobilização, como chegou a ocorrer no Rio de Janeiro, mas nada ouço ou leio sobre a participação dos Coronéis, o que é lamentável em todos os sentidos.
Polícias Militares e Corpos de Bombeiros fortes e respeitados só podem ser construídos com Oficiais e Praças fortes e respeitados, devidamente valorizados em razão do heroísmo exigido em suas missões. Oficiais que não respeitam a sua tropa, por via de consequência não se dão ao respeito e contribuem para corporações fracas e submissas.
No Rio de Janeiro, somos submissos.
Isso é uma vergonha.
Juntos Somos Fortes!

13 comentários:

Anônimo disse...

Cel paul colocaram uma mordaca nos militares do hospital dos bombeiros,mas os oficiais de saude continuam fazendo 24 hors semanais e as pracas mais de 40.

Alexandre disse...

Talvez lhe interesse um artigo excepcionalmente tendencioso sobre o movimento no Ceará: http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2011/12/31/noticiaopiniaojornal,2366212/b-greve-na-policia-militar-ilegalidade-insana-b.shtml

Anônimo disse...

Só para informação: o pagamento foi efetuado, mas não foi depositado os R$350,00 (trezentos e cinquenta reais). Atenciosamente, Papa Mike duro.

Anônimo disse...

Li o Artigo do "O Povo Online" e, pelos comentários lá postados, a situação da Imprensa Cearense é similar a da Fluminense. Assim como a nossa, no Ceará também estão "Somando Força$$$$" à um Ditadorzinho de Merda.
O Pinóquio está "fazendo escola".

Anônimo disse...

LÁ SIM TEM HOMEM DE VERDADE POR ENQUANTO AQUI ONDE ESTÃO?

Anônimo disse...

Pra que Greve no RJ??
Em um Estado dominado pela corrupção, principalmente à política, alguns dias de OPERAÇÃO TOLERÂNCIA ZERO E PADRÃO resolveriam o problema.
Nem a famigerada punição geográfica surtiria efeito, se a grande maioria participasse.
Vamos raciocinar! É hora de agir!!!
Ou vão continuar a perguntar, como um bando de MENDIGOS desesperados, se a ESMOLA de R$350,00 entrou na conta.
TOMEM VERGONHA NA PORRA DA CARA!!

Anônimo disse...

O infeliz, o Cel Paul, mesmo sendo Corregedor Interno, desafiou os sistema político, sendo um dos barbonos. E foi por isso que perdeu o cargo, lembra anônimo de memória curta.

Anônimo disse...

Os Barbonos não ousaram bancar uma GREVE! Esse foi o grande erro estratégico, que poderia ter mudado a história da PMERJ e do Estado do Rio de Janeiro.
Quando os profissionais não tomam decisões drásticas para defenderem seus direitos e suas instituições abrem caminho para outras forças alienígenas deformarem até curvarem a organização aos seus interesses escusos. A PMERJ não acabou,porém ela já é outra coisa.

Paulo Ricardo Paúl disse...

Grato pelos comentários.
"Os Barbonos não ousaram bancar uma GREVE!"
De onde se tirou essa ideia?
Na época nem se falava em greve. Aliás, se alguém queria greve naquela época, pode aproveitar agora para desencadear, diante do sucesso dos PMs, BMs e PCs do Ceará.
Quem sabe os Barbonos não apoiam...
Juntos Somos Fortes!

Anônimo disse...

Sei, Verdade. Falavam em "sensibilizar o governador", e deu no que deu. Vou ser mais claro, não atentaram para a possibilidade de fazer greve, não quiseram, quando havia a tropa mobilizada e o movimento estava na mão dos Barbonos.
Agora a Inês é morta e a PMERJ afundou de vez.
Mesmo assim, o esforço em manter o debate e buscar alguma reação é válido, admirável até. A história continua e o Rio de Janeiro terá que mudar o rumo da Polícia em algum momento.

Paulo Ricardo Paúl disse...

Bem, caro anônimo, respeito a sua opinião, mas discordo. Não havia, como nunca houve, tropa mobilizada para greve na PM. Aliás, vem aí o Carnaval, tente motivar a tropa, afinal, em todo Carnaval a PM vai parar...
Juntos Somos Fortes!

Anônimo disse...

Caro Cel Paúl, houve a percepção de que o movimento à época dos Barbonos poderia caminhar para uma greve. Não adianta chorar o leite derramado. Se considera que não era possível é sua opinião, a ser respeitada. Se não foi possível naquela ocasião, menos ainda agora que não existe nenhuma mobilização.
É isso, lamentavelmente mudança se houver, só provocada de fora da Corporação. Ex.:O Judiciário, ou pelo menos alguns juízes já estão dispondo dos integrantes da PMERJ como querem e por aí vai...

Anônimo disse...

"Nós possuímos habitus que nos faz agir de uma dada forma. O habitus seria a predisposição a agir de uma dada maneira. Este habitus adquirimos por meio do processo de socialização. Dependendo da experiência que temos ao longo da nossa vida vamos construindo valores e crenças (que nos fornece uma perspectiva de mundo) que nos orientará em nossas ações (grosso modo, podemos dizer que o habitus seria ess predisposição motivada pelas nossas crenças e valores).
(...)
Não conseguimos mudar nosso habitus de um dia para o outro. Por isso não cumpriremos muitas de nossas promessas. Isso não será de propósito, apenas não estamos predispostos (disposição prévia) a tais novas atitudes."
Fonte: Cristiano Bodart. Blog Café com Sociologia - 01Jan2012.

Pensei nos Policiais Militares da PMERJ, mas também lembrei do escorpião, da rã e da travessia do rio...