CORONEL PRESO AO EXIGIR MELHORES SALÁRIOS.
CRISE NA PM.
Daniel Santin.
daniel.santini@folhauniversal.com.br
“A situação da Polícia Militar é gravíssima em diversos estados, problema que se reflete nos baixos salários da tropa. A questão é, especialmente, delicada no Rio de Janeiro, onde o expediente de empregos extras, nas folgas, se institucionalizou e, em meio ao suposto descaso com o trabalho público, grupos privados de segurança, as milícias, ganharam espaço e o controle de parte do território.
É neste contexto que o Coronel Ronaldo Antônio de Menezes, um oficial de 54 anos, vindo de uma família de policiais, escreveu artigo cobrando providências do governo. Fundamentou as críticas em uma cuidadosa análise sobre os problemas do estado e procurou demonstrar como a questão dos salários está diretamente relacionada ao desinteresse da tropa no serviço público, e, desta forma, ao surgimento de grupos paramilitares privados. Escreveu que soldados sobrecarregados e mal valorizados são um risco para a sociedade, cobrou o retorno às ruas dos 2.300 policiais que estão à disposição de outros órgãos e alertou para o perigo de a população terminar refém das milícias formadas em substituição ao Estado.
O texto foi publicado no blog do Coronel Paulo Ricardo Paul, ex-corregedor da corporação, em 15 de maio de 2008.
O Coronel Menezes acabou preso, na semana retrasada, sob acusação de ter “transgredido a disciplina militar”. A tentativa de reprimir o protesto revelou-se desastrada. Em vez de silenciar as críticas, a atitude fez com que os problemas voltassem a ganhar destaque nos jornais e agravou o clima de insatisfação, desencadeando mais uma dezena de artigos de oficiais.
A pressão por mais salários vem desde abril de 2007, quando o grupo de coronéis conhecidos como Barbonos, referência ao antigo nome da rua onde está o quartel-general da PM, passou a criticar publicamente o governador Sérgio Cabral (PMDB).
Na ocasião, por não calar os insatisfeitos, o Coronel Ubiratan de Oliveira Ângelo, então comandante-geral, acabou afastado. Hoje, secretário municipal de ordem pública de Búzios, o oficial demonstra indignação ao falar da prisão do colega. “Ele foi preso dias antes de completar 35 anos de PM sem nunca ter tido punições. É um policial respeitado, filho de capitão da PM e pai de um tenente e um aspirante. A família ama, respira a PM”.
A punição causou comoção nacional. A questão deixou de ser interna. O Coronel manifestou um pensamento com dignidade e não faltou com a verdade.
Os policiais, hoje, buscam completar o salário para dar um padrão de vida razoável para a família (...). Em termos de salários para soldados iniciantes, aliás, o Rio de Janeiro só fica à frente do Rio Grande do Sul, no Brasil todo.
De acordo com levantamento da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho (Abamf), entidade que representa os policiais da Brigada Militar, a PM do Rio Grande do Sul, enquanto um policial carioca novato ganha R$ 1.037,49, um gaúcho fica com R$ 966,20. “É exatamente como no Rio. Cerca de 90% dos sargentos, cabos e soldados fazem bicos. O pessoal tem dois ou três empregos, acaba passando mais tempo em atividades paralelas, do que na corporação. E não fica só nos praças, os veteranos também trabalham e todos os comandantes sabem”, diz Ricardo Agra, diretor da Abamf, que considera absurda a prisão do coronel carioca.
“Ele não deveria ser punido. É uma afronta à democracia. As polícias militares têm que entender que estamos em um novo contexto político e social no País. Punir uma pessoa porque ela disse a verdade é um descaso com a democracia. A instituição precisa se modernizar, não pode mais ficar arcaica”, completa Agra".
Fonte:
CRISE NA PM.
Daniel Santin.
daniel.santini@folhauniversal.com.br
“A situação da Polícia Militar é gravíssima em diversos estados, problema que se reflete nos baixos salários da tropa. A questão é, especialmente, delicada no Rio de Janeiro, onde o expediente de empregos extras, nas folgas, se institucionalizou e, em meio ao suposto descaso com o trabalho público, grupos privados de segurança, as milícias, ganharam espaço e o controle de parte do território.
É neste contexto que o Coronel Ronaldo Antônio de Menezes, um oficial de 54 anos, vindo de uma família de policiais, escreveu artigo cobrando providências do governo. Fundamentou as críticas em uma cuidadosa análise sobre os problemas do estado e procurou demonstrar como a questão dos salários está diretamente relacionada ao desinteresse da tropa no serviço público, e, desta forma, ao surgimento de grupos paramilitares privados. Escreveu que soldados sobrecarregados e mal valorizados são um risco para a sociedade, cobrou o retorno às ruas dos 2.300 policiais que estão à disposição de outros órgãos e alertou para o perigo de a população terminar refém das milícias formadas em substituição ao Estado.
O texto foi publicado no blog do Coronel Paulo Ricardo Paul, ex-corregedor da corporação, em 15 de maio de 2008.
O Coronel Menezes acabou preso, na semana retrasada, sob acusação de ter “transgredido a disciplina militar”. A tentativa de reprimir o protesto revelou-se desastrada. Em vez de silenciar as críticas, a atitude fez com que os problemas voltassem a ganhar destaque nos jornais e agravou o clima de insatisfação, desencadeando mais uma dezena de artigos de oficiais.
A pressão por mais salários vem desde abril de 2007, quando o grupo de coronéis conhecidos como Barbonos, referência ao antigo nome da rua onde está o quartel-general da PM, passou a criticar publicamente o governador Sérgio Cabral (PMDB).
Na ocasião, por não calar os insatisfeitos, o Coronel Ubiratan de Oliveira Ângelo, então comandante-geral, acabou afastado. Hoje, secretário municipal de ordem pública de Búzios, o oficial demonstra indignação ao falar da prisão do colega. “Ele foi preso dias antes de completar 35 anos de PM sem nunca ter tido punições. É um policial respeitado, filho de capitão da PM e pai de um tenente e um aspirante. A família ama, respira a PM”.
A punição causou comoção nacional. A questão deixou de ser interna. O Coronel manifestou um pensamento com dignidade e não faltou com a verdade.
Os policiais, hoje, buscam completar o salário para dar um padrão de vida razoável para a família (...). Em termos de salários para soldados iniciantes, aliás, o Rio de Janeiro só fica à frente do Rio Grande do Sul, no Brasil todo.
De acordo com levantamento da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho (Abamf), entidade que representa os policiais da Brigada Militar, a PM do Rio Grande do Sul, enquanto um policial carioca novato ganha R$ 1.037,49, um gaúcho fica com R$ 966,20. “É exatamente como no Rio. Cerca de 90% dos sargentos, cabos e soldados fazem bicos. O pessoal tem dois ou três empregos, acaba passando mais tempo em atividades paralelas, do que na corporação. E não fica só nos praças, os veteranos também trabalham e todos os comandantes sabem”, diz Ricardo Agra, diretor da Abamf, que considera absurda a prisão do coronel carioca.
“Ele não deveria ser punido. É uma afronta à democracia. As polícias militares têm que entender que estamos em um novo contexto político e social no País. Punir uma pessoa porque ela disse a verdade é um descaso com a democracia. A instituição precisa se modernizar, não pode mais ficar arcaica”, completa Agra".
Fonte:
http://www.folhauniversal.com.br/integra.jspcodcanal=9985&cod=144071&edicao=885
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO