quarta-feira, 25 de março de 2009

DE TANTO FALAR SOBRE ESTE ASSUNTO - TENENTE-CORONEL DE POLÍCIA AMORIM.

De tanto falar sobre este assunto... parece chato.... mas.........
Desde os primórdios de sua existência, o homem se acha inserido num contexto amplo de mudanças que o atinge direta e indiretamente. Essas mudanças, que sempre existiram e existirão, nada teriam de extraordinário se não fossem a natureza e a forma. A vantagem de se viver numa era de mudanças rápidas e profundas é o impulso para a reavaliação, repensando procedimentos e buscando soluções novas.
A questão do valor profissional como fonte de motivação para o desempenho da atividade possui tal prioridade que se deve ao fato de que cada vez mais os atributos de empresas triunfadoras concentram-se no campo da cultura e valorização pessoal, pois um dos fatores mais importantes para a construção de uma empresa longeva é a coesão de pessoas por meio de valores proclamados com nitidez e devidamente assimilado.
Na busca da excelência da prestação de serviço, repensar sobre o valor profissional assume papel relevante. Variáveis apontam para o realinhamento deste tema e podemos inicialmente elencar o nível de atendimento do Policial Militar ao cidadão, refletindo diretamente na qualidade do serviço público prestado e a consequente formação da construção da imagem da Instituição.
Neste contexto fica evidente que a qualidade e a produtividade do trabalho da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) estão vinculadas ao ser nuclear de toda a ação de treinamento e profissionalização, a pessoa humana por detrás do uniforme. Não resta dúvida que estudar a influência do salário na produtividade do serviço é uma tarefa complexa e fortemente atrelada a conveniência política e econômica do Estado, a despeito de diversas teorias da administração e da psicologia que atribuem ao salário e valorização profissional uma relação estreita com a produtividade qualitativa.
Não obstante, existe outro fator presente neste cenário acerca dos valores: a percepção interna humana sobre o próprio valor, e que apesar de compreender a auto-regulação mercadológica dos preços, é capaz de cobrar mais ou menos. René Descartes (1596-1650) descreve sobre estimar ou desprezar a nós mesmos em seus artigos 151 e 152 de As paixões da alma:
De uma maneira geral, a estima e o desprezo podem dizer respeito a todas as espécies de objetos; mas são dignas de nota quando a aplicamos em nós mesmos, ou seja, quando é nosso próprio mérito que estimamos ou desprezamos. Percebo em nós somente uma coisa que possa nos fornecer a justa razão de nos estimarmos, que é a utilização de nosso livre-arbítrio e o domínio que possuímos sobre as nossas vontades; pois é apenas pelas ações que dependem desse livre-arbítrio que podemos com razão ser elogiados ou reprovados.
Destes valores, pode-se obter a auto-estima, que é o sentimento de importância, valor e apreço sobre si mesmo. Então, relaciona-se valores a auto-estima e ao domínio sobre nós mesmos.
Um bom conceito acerca de si próprio é capaz de propiciar um bom valor a ser cobrado mediante algum serviço oferecido. Contudo, deve ser bem administrado, através do bom senso, em face de necessidade de controle sobre os exageros a que se está sujeito. Ou seja, os seres são livres para cobrar qualquer valor, porém, a autovalorização e a auto-regulação de mercado merecem ser tratadas com equilíbrio. Do contrário, corre-se o risco de os méritos serem interpretados de forma negativa pelo demérito ou abuso, e, conseqüentemente, dificultar os negócios em virtude da redução da qualidade dos serviços prestados.
O valor, portanto, diz respeito à aceitação de si mesmo, o autoconceito mais real possível, capacidades disponíveis e em desenvolvimento a serem empregadas na solução de problemas ao qual nos prontificamos a resolver, avaliação sobre os valores que o mercado paga, com foco na própria área de atuação, liberdade e controle sobre as ações que temos (formação de preço equilibrada).
Estes fatores devem estar presentes quando formamos os valores sobre o que a Instituição paga por algum trabalho que se ofereça a sociedade.
No campo social e especificamente no caso da PMERJ há muito tempo que a Instituição vem passando por fases de difícil administração no tocante ao salário de pessoal, advindo, com essa instabilidade uma série de eventos que repercurtem de forma desastrosas e, por vezes traumáticos para a Instituição.
As tentativas de sensibilização por parte da Instituição como um todo se mostra acanhada face a constante revolução mercadológica.
Apesar da relevância do problema e de sua real importância, pouco ou quase nada foi feito para saneá-lo.
Nota-se a importância do salário até mesmo no conceito moderno de cidadania, quando aparece como uma medida adeguada à manutenção da vida do cidadão com dignidade.
Do exposto considera-se atemporal, oportuno e conveniente propor uma dosimetria salarial mais palatável que irá atingir frontalmente as questões mais cruciais do publico interno.
Esperar uma atuação produtiva do homem é um direito da organização, porém é seu dever oferecer o máximo de condições para que possa atuar. A expectativa de que a contribuição de cada indivíduo ultrapasse os custos de mantê-lo na organização, de que contribua mais do que lhe dá, precisa conformar-se ás expectativas pessoais. Há que se buscar o equilíbrio, pois as pessoas também esperam receber benefícios ou recompensas que lhe permitam atender suas necessidades e, assim, poderem permanecer produtivas. Em última análise, todos os trabalhadores desejam salários competitivos, ambiente de trabalho agradável, relacionamento equitativo, trabalho significativo e desafiante e, em troca oferecem tempo e esforço. O equilíbro organizacional reflete o êxito da organização em remunerar seus integrantes com incentivos adequados e motivá-los a continuar fazendo contribuições á organização garantindo com isso, sua sobrevivência e eficácia.
Para que as contribuições dos participantes sejam úteis é necessário que lhes sejam proporcionados incentivos. Não se pode olvidar que indivíduos e organização atraem-se e selecionam-se mutuamente. Os indivíduos procuram as organizações mais convenientes às suas necessidades e seus objetivos, enquanto as organizações procuram indivíduos mais adequados às suas expectativas.
Será possível que todas as situações ocorressem sem consequências para o homem, para a organização e para a sociedade? Impossível. Seus efeitos, por certo, vão se refletir no desempenho do policial militar. Urge dessa forma introduzir na PMERJ incentivos e compensações que possibilitem atender aos anseios, às necessidades e às expectativas. Imperioso tornar a profissão atraente, valorizada, reconhecida e compensadora, pois que, afinal, este ser mal pago, mal amado, mal dormido, sente-se estigmatizado pela comunidade... É esse homem inseguro que tem o dever de proporcionar segurança à população (Oliveira, Coriolando,1987,p.13, ESPM).
A questão é até quando ficaremos discutindo o óbvio...
TENENTE-CORONEL DE POLÍCIA WASHIGNTON F. DE AMORIM.
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO