domingo, 6 de fevereiro de 2011

A CRISE ÉTICA NA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

FOLHA DE SÃO PAULO
Por prêmio, delegado "empurra" crime para colega no Rio
Policiais tentam passar registros de ocorrências para outras áreas para cumprirem metas e receberem dinheiro extra
A maioria dos pedidos é negada: mais de 150 recursos foram feitos, mas só 47 alterações foram aceitas

ITALO NOGUEIRA
DO RIO
O sistema de premiação financeira por metas na segurança pública criou no Rio um jogo de "empurra crimes" entre delegados da Polícia Civil do Estado.
Titulares das delegacias recorrem à Corregedoria da Polícia Civil para transferir crimes contabilizados na sua área para outra circunscrição, alegando erros nos boletins de ocorrência.
A maioria dos pedidos, porém, é negada. Mais de 150 recursos (cada um pode se referir a mais de um BO) já foram interpostos na Corregedoria. Mas, entre janeiro e setembro do ano passado, apenas 47 alterações foram aceitas, 28 delas referentes ao local do delito -as demais corrigiram registros duplicados ou com erro de classificação.
O principal motivo para os recursos é a preocupação em cumprir as metas de redução de crimes elencados como prioritários pela Secretaria de Segurança -homicídios, roubos de veículos e de rua, até o ano passado.
"Se puder passar para ele [outro delegado], vai computar na estatística dele e não na minha. Tenho mais chance de alcançar minha meta. Mas isso é feito com critério e investigação", disse o delegado Rodolfo Monteiro, da 18ª DP (Praça da Bandeira).
A transferência de uma delegacia para outra pode depender de poucos metros de distância. Um dos limites da 18ª DP, por exemplo, é marcado pelo número 190 da rua Paulo de Frontin.
As mudanças constam em relatórios do ISP (Instituto de Segurança Pública), órgão do Estado responsável pelos registros criminais e monitoramento das metas. Segundo o instituto, uma delegacia conseguiu cumprir sua meta após ter o recurso aceito -não foi revelada qual.
Se a região atingir a meta semestral, cada policial recebe ao menos R$ 500. A partir deste ano, serão R$ 1.000.
O objetivo da Secretaria de Segurança para criar as metas foi, além de cobrar resultados, estimular a integração entre as polícias Civil e Militar. Agentes das duas corporações seriam incentivados a trocarem informações para atingirem um bom resultado para ambos. Já foram distribuídos cerca de R$ 17 milhões em prêmios.
Procurada, a secretaria não comentou o caso.
De acordo com delegados, o estabelecimento de metas estimulou o acompanhamento dos índices em cada região. Para o delegado Rafael Menezes, da 20ª DP (Vila Isabel), a preocupação com os recursos não tem vínculo só com as gratificações.
"Isso passou a ser uma nova visão. Passou-se a cobrar que cada unidade acompanhe como está o índice de sua área", disse Menezes, que fez parte de comissões que analisam recursos.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO

Um comentário:

Ricardo Oscar Vilete Chudo disse...

Estou tão certo de que o principal interesse em reduzir índices não é a gratificação, que acredito até em Papai Noel junto com o coelhinho da Páscoa, pessoalmente, fazendo a entrega das premiações.