JORNAL O DIA
Vida dupla sob as ordens da polícia e à margem da lei
PM que fazia segurança para chefe do tráfico virou informante, trabalhou em delegacia e passou a comandar milícia
Vida dupla sob as ordens da polícia e à margem da lei
PM que fazia segurança para chefe do tráfico virou informante, trabalhou em delegacia e passou a comandar milícia
JOÃO ANTÔNIO BARROS
Rio - De investigado por ligações com o tráfico de drogas a parceiro no ‘combate’ ao crime. A vida dupla do cabo PM Wagner Dantas Alegre é descrita como uma parceria de ‘sucesso’ montada por agentes lotados na Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae) para extorquir traficantes do Complexo de São Carlos, no Estácio.
Os detalhes da sociedade entre Dantas e o cabo reformado Ricardo Afonso Fernandes, preso na Operação Guilhotina, foram contados por uma das testemunhas que orientaram promotores do Ministério Público e agentes da Polícia Federal e revelam até a ‘doação’ de uma milícia na Baixada Fluminense, como um prêmio pelos bons serviços prestados por Dantas.
O negócio entre os policiais aconteceu por acaso. Os agentes da Drae monitoravam, em 2004, os telefonemas de Irapuã David Lopes, o Gangan, chefe do tráfico do Complexo de São Carlos na época. Uma das conversas grampeadas foi justamente a do traficante com o cabo Dantas, conforme o relato da testemunha.
Dantas aparecia como um dos seguranças do traficante e o cabo Afonso, cedido pela PM à Drae, resolveu procurar o colega de farda. Em vez da prisão, segundo o depoimento da testemunha, propôs uma parceria: Wagner Dantas passaria informações sobre o bandido, e eles dividiriam os lucros nas extorsões e na venda de armas e drogas apreendidas pelos agentes em outras favelas para o bando de Gangan.
Nem a morte do traficante, meses depois, interrompeu a sociedade. Os bons serviços deram a Dantas um salto na hierarquia: passou de informante a adido (PM cedido à Polícia Civil) na Drae. A ascensão fez o cabo ganhar espaço nas milícias da Zona Norte. Mas nada comparado ao presente que recebeu em agosto de 2009. Com a prisão de Juracy Alves Prudêncio, o Jura, ele herdou o cargo de chefe da milícia de Cabuçu e KM-32, um corredor entre dezenas de bairros pela Estrada de Madureira, em Nova Iguaçu, na divisa com Campo Grande, Zona Oeste do Rio.
A ideia dos milicianos era colocar um ‘homem de peso’ à frente dos negócios e impedir uma possível invasão da Liga da Justiça.
Rastro de mortes à frente de paramilitares na Baixada
A passagem do cabo Wagner Dantas Alegre pela milícia em Nova Iguaçu traz um rastro de sangue. O policial foi denunciado pelos promotores da 4ª Vara Criminal por ligação com grupo de extermínio. O bando é acusado pela morte de José Maria do Nascimento Neto e do filho Carlos David Lira do Nascimento, no ano passado. Dantas, inclusive, foi preso por envolvido no crime.
Segundo testemunhas do assassinato, o PM e outros dois homens invadiram a casa de José Maria, em janeiro de 2010, para matar Carlos David. Eles eram amigos, mas a ameaça de denunciar o bando levou o grupo a decretar a morte do rapaz. Dantas, segundo o relato das testemunhas, usava colete da Polícia Civil.
Mesmo feridos, Carlos e duas irmãs sobreviveram e denunciaram os criminosos. Um dia antes da audiência sobre a morte do pai, no Fórum de Nova Iguaçu, Carlos foi assassinado dentro do seu carro, num acesso à Via Dutra. Três homens da quadrilha são apontados na investigação da 58ª DP (Posse) como suspeitos do crime.
Rio - De investigado por ligações com o tráfico de drogas a parceiro no ‘combate’ ao crime. A vida dupla do cabo PM Wagner Dantas Alegre é descrita como uma parceria de ‘sucesso’ montada por agentes lotados na Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae) para extorquir traficantes do Complexo de São Carlos, no Estácio.
Os detalhes da sociedade entre Dantas e o cabo reformado Ricardo Afonso Fernandes, preso na Operação Guilhotina, foram contados por uma das testemunhas que orientaram promotores do Ministério Público e agentes da Polícia Federal e revelam até a ‘doação’ de uma milícia na Baixada Fluminense, como um prêmio pelos bons serviços prestados por Dantas.
O negócio entre os policiais aconteceu por acaso. Os agentes da Drae monitoravam, em 2004, os telefonemas de Irapuã David Lopes, o Gangan, chefe do tráfico do Complexo de São Carlos na época. Uma das conversas grampeadas foi justamente a do traficante com o cabo Dantas, conforme o relato da testemunha.
Dantas aparecia como um dos seguranças do traficante e o cabo Afonso, cedido pela PM à Drae, resolveu procurar o colega de farda. Em vez da prisão, segundo o depoimento da testemunha, propôs uma parceria: Wagner Dantas passaria informações sobre o bandido, e eles dividiriam os lucros nas extorsões e na venda de armas e drogas apreendidas pelos agentes em outras favelas para o bando de Gangan.
Nem a morte do traficante, meses depois, interrompeu a sociedade. Os bons serviços deram a Dantas um salto na hierarquia: passou de informante a adido (PM cedido à Polícia Civil) na Drae. A ascensão fez o cabo ganhar espaço nas milícias da Zona Norte. Mas nada comparado ao presente que recebeu em agosto de 2009. Com a prisão de Juracy Alves Prudêncio, o Jura, ele herdou o cargo de chefe da milícia de Cabuçu e KM-32, um corredor entre dezenas de bairros pela Estrada de Madureira, em Nova Iguaçu, na divisa com Campo Grande, Zona Oeste do Rio.
A ideia dos milicianos era colocar um ‘homem de peso’ à frente dos negócios e impedir uma possível invasão da Liga da Justiça.
Rastro de mortes à frente de paramilitares na Baixada
A passagem do cabo Wagner Dantas Alegre pela milícia em Nova Iguaçu traz um rastro de sangue. O policial foi denunciado pelos promotores da 4ª Vara Criminal por ligação com grupo de extermínio. O bando é acusado pela morte de José Maria do Nascimento Neto e do filho Carlos David Lira do Nascimento, no ano passado. Dantas, inclusive, foi preso por envolvido no crime.
Segundo testemunhas do assassinato, o PM e outros dois homens invadiram a casa de José Maria, em janeiro de 2010, para matar Carlos David. Eles eram amigos, mas a ameaça de denunciar o bando levou o grupo a decretar a morte do rapaz. Dantas, segundo o relato das testemunhas, usava colete da Polícia Civil.
Mesmo feridos, Carlos e duas irmãs sobreviveram e denunciaram os criminosos. Um dia antes da audiência sobre a morte do pai, no Fórum de Nova Iguaçu, Carlos foi assassinado dentro do seu carro, num acesso à Via Dutra. Três homens da quadrilha são apontados na investigação da 58ª DP (Posse) como suspeitos do crime.
COMENTO
A carreira do Policial Militar na Polícia Civil é um absurdo.
Atualmente, a Polícia Militar tem cerca de 2.800 Policiais Militares cedidos aos mais diferentes órgãos, alguns estão nessa situação há vários anos. Existem casos de Oficiais que estão há mais de uma década fora da corporação, algo inconcebível, afinal o concurso público foi para trabalhar como Policial Militar nas ruas do Rio de Janeiro e não em gabinetes refrigerados.
São quase SEIS BATALHÕES que deveriam estar fardados nas ruas e que estão em gabinetes vestindo ternos.
O povo paga para ter Policiais Militares e acaba não encontrando nenhum deles nas ruas.
Um dos empréstimos mais bizarros de PMs é para a Polícia Civil, algo completamente sem sentido.
Qual a justificativa da PCERJ para requisitar PMs para trabalharem em delegacias?
Obviamente, inexiste justificativa aceitável.
Pior ainda é o fato de PMs trabalharem informal e gratuitamente em delegacias nos seus dias de folga, pois salta aos olhos que isso não é feito por filantropia. Isso, via de regra, sinaliza para a união das bandas podre policiais, que ocorre sob às vistas de todos.
Lugar da PM é na Polícia Militar, a quem cabe fiscalizar as atividades de todos os seus integrantes através dos mecanismos de controle interno.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO
A carreira do Policial Militar na Polícia Civil é um absurdo.
Atualmente, a Polícia Militar tem cerca de 2.800 Policiais Militares cedidos aos mais diferentes órgãos, alguns estão nessa situação há vários anos. Existem casos de Oficiais que estão há mais de uma década fora da corporação, algo inconcebível, afinal o concurso público foi para trabalhar como Policial Militar nas ruas do Rio de Janeiro e não em gabinetes refrigerados.
São quase SEIS BATALHÕES que deveriam estar fardados nas ruas e que estão em gabinetes vestindo ternos.
O povo paga para ter Policiais Militares e acaba não encontrando nenhum deles nas ruas.
Um dos empréstimos mais bizarros de PMs é para a Polícia Civil, algo completamente sem sentido.
Qual a justificativa da PCERJ para requisitar PMs para trabalharem em delegacias?
Obviamente, inexiste justificativa aceitável.
Pior ainda é o fato de PMs trabalharem informal e gratuitamente em delegacias nos seus dias de folga, pois salta aos olhos que isso não é feito por filantropia. Isso, via de regra, sinaliza para a união das bandas podre policiais, que ocorre sob às vistas de todos.
Lugar da PM é na Polícia Militar, a quem cabe fiscalizar as atividades de todos os seus integrantes através dos mecanismos de controle interno.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO
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