quinta-feira, 30 de julho de 2009

LABIRINTO OU TECIDO? - MARIA ANGÉLICA MENDES PORTUGAL.

Segunda-feira, 10 de setembro de 2001, o Jornal do Brasil publica editorial Os Fios da Meada, dando conta do imperfeito controle interno da polícia pela sua Corregedoria, o que agrava a violência urbana. Talvez dez por cento da corporação estão sob suspeição, sujeitos a investigação, etc.
Pois me interessam os outros noventa por cento, a parte sadia. Eu confio na nossa Polícia. Essa confiança se faz obviamente acompanhar, diuturnamente, por supervisão pessoal que mantenho sobre Agenda Comunitária posta à disposição do policiamento ostensivo na malha prevento-repressiva, função constitucional da Polícia Militar em todos os Estados da União.
Eu não sabia da existência da PMERJ até o momento em que aqui foi implantada uma Agenda Comunitária. Por acaso, da ruazinha pequena e sem saída em que resido, fui a única moradora presente a reunião de moradores com um tenente do nosso Batalhão de Polícia Militar e a agenda veio em meu nome.
À primeira ronda da rádio patrulha, começaram as surpresas. Primeiro, com a reação dos meus vizinhos, desconfiados. Em seguida, a cada constatação da cordialidade, profissionalismo, a abnegação dos policiais encarregados de nos ‘servir e proteger’.
Nós dispomos de uma Polícia excepcional e não sabemos. Somos quatorze milhões de habitantes neste Estado. Protegem-nos talvez trinta mil policiais militares. Damos o nosso ‘reforço’ – cívico ou continuaremos perdendo na luta contra a violência urbana principalmente nesta metrópole, o Grande Rio, onde habitamos doze milhões de pessoas. Moro em um bairro ‘rico’, a Lagoa, na zona sul da cidade. É também aqui que podemos praticar uma inédita co-operação modelar e exemplar para toda a Cidade.
Os dez por cento, a banda podre, são um assustador minotauro nada mitológico, de fato e real. Labiríntico o lento controle e supressão de bandidos com carteira e arma, nos interessa no entanto o tecido e qual Ariadne, enquanto não nos chega a redenção à miséria - a mais virulenta forma da desordem - , vamos nós ‘torear’ minotauros, gastando nossos fios e nossas meadas nos subterrâneos do labirinto da desesperança, conseqüência da inacreditável inapetência nacional, claro motivo de se fiar na impunidade e no anonimato.
Qual Penélope, confiando e retribuindo à Polícia o apoio e a proteção que dela somos o objeto, temos uma escolha: a de tecermos bela e forte tela social. Só isso. O Cidadão, o Sujeito da República, é ativo e é sujeito porque nós cidadãos somos os mandantes na República, sempre que obedientes à Lei.
A Polícia é nossa, igualmente uma coleção de Sujeitos, articulados em corpo institucional e, pecado seria, por preconceito desperdiçarmos uma força da República, justamente aquela que previne e que faz cumprir a defesa de direitos nossos, indisponíveis. Vida, liberdade, segurança. Aquela que, junto com o Poder Público Municipal está mais perto do cidadão, da sua moradia, na sua rua e vizinhança, ordenando, servindo e protegendo, combatendo a anomia tão presente quanto danosa, muito difundida prática até mesmo entre nós, os sacrossantos cidadãos de bem. Basta um automóvel mal estacionado, sobre uma calçada destinada a pedestres olhe em volta e constate o motorista proprietário do bem móvel é ele mesmo um cidadão de bem, móvel o seu conjunto de valores ...em franca e quotidi ana quebra da Lei. Somos co-responsáveis e a escolha é nossa, de cada um, o Indivíduo. Deixar de escolher nos faz coniventes e assim omissos, estaríamos permitindo serem os nossos direitos tornados em esfarrapados retalhos, por obra dos sofismas e mistificações desarticuladamente praticados pelos poderes da República também nas três instâncias, federal, estadual, municipal.
Confiar na nossa Polícia é cobrar a excelência que têm os homens e mulheres que a compõem, cada indivíduo. Não cobrar por não confiar é aderir, é abdicar do direito de cada um, os nossos e os dos policiais, é aceitarmos não ser O Indivíduo reconhecido como instituto. É aderir à geléia geral, enfim. Fundamental é sabermos que temos, sim, uma escolha pessoal. Supervisionando a segurança pública, o que é nosso dever, também estaremos ativamente oferecendo o nosso reforço cívico. Eu não abro mão do meu direito, e responsabilidade, à Segurança Pública em casa, na "minha" rua, na quadra, no bairro, na Cidade.
MARIA ANGÉLICA MENDES PORTUGAL
Voluntária e moradora na Fonte da Saudade, Lagoa.
MUITO OBRIGADO PELA DEMONSTRAÇÃO DE AMOR À POLÍCIA MILITAR.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO

2 comentários:

Anônimo disse...

Agradecida sou eu, a cada um dos senhores, do mais Recruta Praça-Aluno, ao mais ''antigo'' Coronel PM na Ativa, na Reserva ou Reformado, nesta Polícia Militar.

Bravos, muito amados !.

SA-LÁ-RIO !!!.

Grande abraço,
Maria Angelica

CHRISTINA ANTUNES FREITAS disse...

Sr.Cel.Paúl,

Sra. Maria Angélica:

Sua determinação e grande amor pela PMERJ - quem sabe? - um dia conseguirão sensibilizar o Poder Executivo de nosso Estado, a olhar os Militares Estaduais como seres humanos que precisam viver com dignidade.
Para que isso aconteça, certamente os SALÁRIOS precisam sair do patamar - aviltante - que se encontram.
Que o Pai continue a iluminando, pois com absoluta certeza, esta Luz sempre refletirá nos integrantes da Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro!

Abraço fraterno,
CHRISTINA ANTUNES FREITAS