quarta-feira, 29 de julho de 2009

CORRUPÇÃO SISTÊMICA - COMO ENFRENTÁ-LA? - CORONEL DE POLÍCIA ROSETTE.

A corrupção policial é uma ameaça real ao sistema de segurança pública no Rio de Janeiro. O enfrentamento a este problema, até então, tem-se mostrado ineficaz pois, embora a Polícia Militar tenha expurgado de seu meio policiais corruptos, a corrupção como um todo não diminui.
A observação dessa realidade deveria levar o poder público a reflexões de outra ordem, como por exemplo que a corrupção é muito mais uma questão societária que um problema moral-individual. Também seu enfrentamento, hodiernamente feito através de ações isoladas contra os corruptos (teoria da eliminação das maçãs podres), nada mais demonstra o reduzido alcance que uma política meramente penalista tem sobre o problema.
Considerando a corrupção como um fenômeno arraigado em nossa sociedade, onde ter é mais importante do que ser , onde “todos querem levar vantagem em tudo”, pode-se afirmar que a estratégia está enviesada, carecendo portanto de novos rumos para sua minimização (devemos entender que a erradicação total é utópica).
Em resumo exsurge a adoção de uma política pública focada em medidas mais abrangentes e que enfrentem o problema na sua real dimensão e em todos os seus vetores, sendo portanto de se esperar resultados diversos dos atuais. Dentre tais medidas destacam-se:
- a mensuração da corrupção sistêmica através de pesquisa interna (não se pode combater aquilo que não se conhece);
- criação de mecanismos internos de controle que inviabilizem a prática de determinadas condutas desviantes (evolução tecnológica);
- criação de um sistema de controle externo, com a participação da sociedade, independente organicamente da Polícia e com poderes de auditoria (o cliente deve opinar sobre o produto que está recebendo);
- reformulação dos currículos de formação, especialização e extensão de policiais, direcionando o ensino para a reflexão, o estudo de caso, os debates em grupo que viabilizem a formação de um ethos contra a corrupção;
- modernizar a estrutura da polícia, ajustando-a a um modelo empresarial competitivo e compatível com as demandas do mercado, reduzindo os níveis de decisão e tornando todos os seus integrantes individualmente responsáveis pelo todo, perante a própria organização e a sociedade;
- elaboração de um programa de valorização profissional e motivacional, a ser realizado ciclicamente, a par da adoção de remuneração digna e melhoria dos ambientes de trabalho dos policiais.
Tais medidas têm de ser reguladas a partir da pesquisa inicial e, através de DIRETRIZES, serem implantadas seqüencial e cumulativamente.
Em paralelo deve-se MONITORAR os resultados obtidos periodicamente, repetindo a pesquisa de mensuração, viabilizando eventuais correções que se façam necessárias para o atingimento dos OBJETIVOS.
Isto é, em síntese, uma POLÍTICA PÚBLICA.
ALEXANDRE CARVALHAES ROSETTE
CORONEL DE POLÍCIA
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO

2 comentários:

CHRISTINA ANTUNES FREITAS disse...

Sr.Cel.Paúl,

Sr.Cel.Rosette:

Li, em um só fôlego seu artigo. Ao final constatei (Ah! Falei com meus botões!): se analisarmos o que temos de material humano nos Poderes Legislativo e Executivo, não dá nem para começar este trabalho...

Temos que mudar tudo! E urgente!
Falta capacidade para entendimento, de pelo menos: o básico do básico. Tipo assim:

"SACO VAZIO NÃO PARA EM PÉ"!

Então o que fazer?
- Não errar. Não dar poderes a quem não sabe usá-los!

Ah! E orar... Muito e muitas vezes!
Aff!

Parabéns pela lucidez, Cel. Rosette!

Abraço fraterno!
CHRISTINA ANTUNES FREITAS

Anônimo disse...

Se pagar um salário digno pode ser que daqui a 20 anos a PM caía para dez por cento de desvio de conduta,fora isto, estas teorias nada resolvem, nada respondem.