sábado, 25 de julho de 2009

A POLÍCIA DE NOVA YORK - ALGUMA SEMELHANÇA?

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Pesquisador fala sobre o treinamento da polícia de Nova York
O pesquisador Hung-En Sung, especialista em estudos de polícia e corrupção da John Jay College acha que Nova York derrubou os altos indices de criminalidade da década de 90 por uma conjunção de fatores. De um lado, a política de tolerância zero, que promoveu um esforço investigativo para prender tanto os pequenos delinquentes quanto os grandes criminosos. Do outro, a melhoria das relações entre policiais e moradores e o crescimento econômico da década de 90 nos EUA. Nesta entrevista, ele comenta o treinamento dos policiais novaiorquinos e os novos desafios da segurança na cidade.
Como é o treinamento do policiais novaiorquinos?
HUNG-EN SUNG: O candidato a policial precisa passar seis meses estudando na Academia de Polícia e mais um ano fazendo estágio com policiais experientes. O período na academia de polícia exige estudo das leis, requer um treinamento militar rígido, com noções de manejo de armas e de conduta ética. Mas é preciso também que os policiais sejam orientados por agentes mais experientes, de modo a evitar conflitos com a população. O policial aprende a impor sua autoridade sem confronto com a comunidade. Esta é a base da atuação da polícia e por isto ela se tornou respeitada: o policial está ali para proteger a comunidade. Se a população não confia na polícia, metade do trabalho está perdida…
Os estudos mostram que o desempenho da economia tem forte influência sobre os indices de criminalidade?
HUNG-EN SUNG: _ Sim. Os estudos mostram que os índices de desemprego têm uma relação direta com o aumento da criminalidade: quanto mais desempregados, maior a propensão para que haja aumento de crimes. A economia conta muito. Mas contam muito também as formas de solidariedade numa comunidade. E é preciso que a cidade compreenda que os policiais fazem parte desta rede de solidariedade. Caso contrario não existe respeito pelo guarda da esquina e este respeito é essencial para qualquer política de segurança. O policial precisa aprender que ele tem que prestar contas de seus atos não apenas para os seus superiores, mas também para a comunidade.
O que mudou na polícia de Nova York depois do ataque de 11 de setembro de 2001?
HUNG-EN SUNG: Depois do ataque do 11 de setembro, houve um reforço dos serviços de inteligência em Nova York, com a formação de equipes especiais de combate ao terror, em conexão com equipes federais, do FBI. De um lado, multiplicaram-se as formas de vigilância, desde a instalação de milhares de câmeras de video nas ruas até a contratação de segurança particular por empresas. Mas o mais importante foi o aparecimento de organizações de moradores e de comerciantes que hoje ajudam a patrulhar as ruas e controlar a polícia. Sem a ajuda de moradores e sem a constante fiscalização de promotores judiciais, Nova York continuaria imersa na criminalidade dos anos 90.
Mas existem muitas comunidades que têm queixas de policiais em Nova York e alguns dos crimes resultantes do excesso de força de policiais não foram punidos. Como explicar isto?
HUNG-EN SUNG: É verdade. A policia de Nova York ainda precisa fazer um esforço para melhorar suas relações com a comunidade, sobretudo nas áreas mais pobres ou nas que são mais densamente habitadas por negros e latinos. Mas a questão dos julgamentos de policiais é ainda controversa na própria sociedade: os juris são formados por pessoas comuns e muita gente pensa que a policia deve impor-se pela força e que, mesmo em casos controvertidos, não houve excesso policial. Neste caso, é preciso haver mudança de mentalidade na sociedade, o que é mais difícil e leva mais tempo. Agora, novo esforço está sendo feito em comunidades pobres de negros e latinos para fazer com que os policiais sejam respeitados nessas áreas em que os níveis de tensão racial são mais elevados.
O que fazer para reduzir a corrupção na polícia?
HUNG-EN SUNG: Este é um grande desafio. A tarefa depende da extensão da corrupção na força policial. Nos casos mais graves, como aconteceu em Hong Kong, em que toda a força policial estava contaminada, é preciso haver uma forte intervenção de uma força exterior: a polícia britânica criou uma força especial de agentes para investigar os crimes e aos poucos esta força substituiu a policia local, até que os casos de corrupção acabassem. Noutros casos, é preciso dar força aos promotores que investigam policiais, e aos jornalistas que se aventuram por reportagens investigativas na área de crimes. Promotores e jornalistas podem ajudar muito. Sem uma fiscalização externa e transparência, não há policia confiável.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO

Um comentário:

Anônimo disse...

Novamente o foco é a Polícia.
Não existiria tolerância zero em Nova York se os policiais americanos levassem o mesmo cara dez vezes preso e dez vezes ele fosse solto por omissão, incompetência e conivência do Legislativo e Judiciário!
Aqui no Brasil isso acontece todos os dias e é bastante conveniente culpar as Polícias...