domingo, 26 de julho de 2009

O QUE TODOS NÓS ESTAMOS FAZENDO COM AS NOSSAS POLÍCIAS?

“Eu sou o inspetor Torres Trovão, filho da tempestade, oriundo do mau tempo. Nasci pro combate, pras horas ruins... pras horas ruins – repete o inspetor do DCOSD, num brinde após um dia de trabalho. – Agente não quer o confronto, apesar de estar preparado. Mas quando estala o primeiro tiro, a gente não quer que acabe. Aí está a vocação do guerreiro (O Globo – Revista de Domingo – página 19)”.
Cidadão brasileiro, todos nós, inclusive o organizador desse espaço democrático, temos o hábito de individualizar cada conduta, impondo críticas ou tecendo elogios de forma individual, esquecendo que nós somos o produto da interação do nosso ferramental interior com o ambiente que nos envolve, que nos restringe e muitas vezes, tenta nos direcionar.
Não conhecemos o inspetor Torres, um grande "vibrador" na linguagem castrense, todavia, temos certeza que as suas respostas ao longo da entrevista foram balizadas pela realidade que vivenciamos no Rio de Janeiro, uma guerra não declarada, porém, em plena execução.
O Coronel de Polícia Fialho, em recente conversa, citou que precisamos redirecionar com urgência, os conceitos que equivocadamente estão fundamentando a segurança pública.
Por exemplo, "POLICIAL PRENDE O BANDIDO", enquanto, o "MILITAR MATA O INIMIGO".
As missões são diferentes.
Esses dois conceitos, simples, são verdades inquestionáveis, entretanto, todos nós estamos ENSINANDO AOS POLICIAIS que eles são GUERREIROS, são MILITARES em GUERRA, assim sendo, o objetivo passa a ser MATAR O INIMIGO.
Dessa loucura surgiu na sociedade brasileira:
- "BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO".
Expressão, que por via de consequência, fez surgir no mundo do crime:
- "POLICIAL BOM É POLICIAL MORTO".
Eis a CULTURA DA GUERRA.
Urge que a população brasileira e, em especial, a população do Rio de Janeiro, rompa esse regramento estúpido, que tem conduzido a dezenas de milhares de mortes por projéteis de arma de fogo no Rio de Janeiro, a cada governo.
Temos que OBRIGAR os governantes a abandonarem a insensatez da tática do confronto, o tiro, porrada e bomba, que tem resultado na morte de um Policial Militar de serviço a cada 10 dias.
O Policial deve SERVIR E PROTEGER A SOCIEDADE.
No momento que forças policiais invadem comunidades carentes, na certeza de que o confronto armado existirá, tais forças se transformam em exércitos em guerra, prontos para MATAR O INIMIGO, quem estiver no caminho, estava no local errado, na hora errada.
Os mandantes dessa prática criminosa devem ser responsabilizados, em todas as esferas.
Governantes devem ter seu mandato interrompido democraticamente, por completa incompetência e por crime contra os excluídos.
Se a população fluminense continuar permitindo a prática diária desses crimes, não poderá reclamar de execuções ou de balas perdidas, afinal, GUERRA É GUERRA.
E, certamente, no dia em que a razão voltar a governar o Rio de Janeiro, será implantado um grande tribunal, onde governantes serão acusados de genocídio e Policiais serão acusados de coautoria, não serão os artistas principais, como são hoje, a cada erro.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO

Um comentário:

OSWALDO MARQUES disse...

Boa noite Coronel. Minhas continências.

Entre a população civil então temos "BAIXAS" ???

Concordo com suas observações. Mas temo que leve mais tempo para se chegar ao sugerido tribunal. Neste contexto, pergunto ao Senhor: O câncer não estaria na inoperância judiciária ? Um pilar do direito diz que a pena deve imputar ao apenado o medo da reincidência. Com um judiciário lento, desordenado, fraco, com leis que não punem, com ritos que premiam a incoerência e ENCASTELADOS EM VERDADEIROS PALÁCIOS PÓS MODERNOS (O Sr já viu o tamanho e a pompa do fórum da capital do TJERJ ?)e a diferença de tratamento para com os "acastelados" (40 % de aumento para os membros do MP) não que não sejam merecedores. Mas de quanto é a inflação de 1 ano no Brasil de hoje ? E mais: Qual categoria teve percentual de aumento igual ou, sequer, próximo ? Coronel. Todo o sistema precisa ser revisto. O Secretário Beltrame "convida" policiais a viverem na lama dos vestiários e banheiros das sedes da UPP. Ele já visitou algum deles ? Quem "incutiu" na cabeça do policial que "estamos em guerra" ? A própria politica de segurança pública. A elite da PM tem como símbolo uma caveira. Ou seja: A nossa elite policial ensinam que seu símbolo é a morte. Então o que querem Coronel ? A morte. Porque afinal todos nós queremos o melhor e a elite é sinônimo, ou seria, do melhor. Todo o sistema está errado Senhor.