segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

"OVERDOSE" BELTRAMEANA.

Ele nega que será candidato sempre que insinuam, recentemente insinuaram que a sua esposa poderia ser, fato também não confirmado, mas uma coisa é certa: a mídia do Rio de Janeiro tem colocado o secretário de segurança pública José Mariano Beltrame nas alturas. Apenas considerando o que eu tive conhecimento, a Revista Época dessa semana publicou matéria sobre o secretário, que ontem teve uma grande entrevista publicada no jornal O Dia (comentamos em parte) e hoje o jornal O Globo publica um artigo de sua lavra. Beltrame é o centro das atenções da imprensa, o Flamengo que se cuide e, pior, ele torce para o Vasco da Gama.
A "overdose" Beltrameana tem uma característica muito importante, ela só realça as notícias boas, nunca trata das notícias ruins. Tal característica sinaliza para o interesse político no secretário. O deputado federal Garotinho se esgota em seu blog comentando fatos negativos relacionados com o secretário, mas não consegue que a grande imprensa fluminense replique nenhum deles.
Ele começa o artigo citando a pergunta de um repórter, há pouco tempo um repórter me solicitou uma pergunta que Beltrame ainda não tinha respondido sobre as UPPs. Eu respondi: Pergunte a ele onde será o confronto final, considerando que ele está redistribuindo os traficantes, ocupando comunidades, sem prendê-los. O repórter gostou, disse que faria a pergunta na coletiva, mas eu nunca li na mídia, nem a pergunta, nem a resposta.
Leiam o artigo do secretário Beltrame, pré-candidato ou não. Aliás, o Beltrame que escreve se mostrou diferente do Beltrame que fala, penso eu:
O Globo:
Segunda-feira, Dezembro 26, 2011.
Apenas o primeiro passo - JOSÉ MARIANO BELTRAME
O GLOBO - 26/12/11
“O senhor não acha que quatro presos e nenhum tiro disparado foi um resultado fraco para a retomada da Rocinha?”
A pergunta me foi feita por um repórter, poucas horas após a Operação Choque de Paz, que resultou na retomada da Rocinha, do Vidigal e da Chácara do Céu, três comunidades que durante décadas foram subjugadas pelo domínio dos fuzis dos traficantes. Na verdade, a operação compreendeu várias outras incursões em comunidades aliadas da facção que dominava a Rocinha, iniciadas no começo de novembro e que continuaram sendo realizadas depois da retomada das três comunidades.
Resultou, até agora, na prisão de 70 bandidos — incluindo o Nem e outros chefes de quadrilhas — e na apreensão de 263 armas de fogo, 122 granadas, 93 bombas artesanais e mais de 60 mil balas de diversos calibres, um verdadeiro arsenal de um pequeno exército. E representou, acima de tudo, a liberdade de ir e vir para cerca de 70 mil pessoas.
Por trás da frustração do repórter, talvez provocada pela falta de cenas “espetaculares” como as que foram transmitidas pela TV para o mundo inteiro na retomada do Complexo do Alemão, vejo uma falta de percepção, por parte da opinião pública, do verdadeiro papel das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
A função das UPPs — que estão longe de representar a solução definitiva para os problemas de segurança do Rio — me remete a outro momento não muito distante da história do Brasil, quando um grupo de professores de economia da PUC do Rio criou um mecanismo que viabilizou a passagem de um momento crítico, sem solução à vista, para um período longo de estabilidade econômica, que persiste até os dias de hoje. Essa história está muito bem contada no livro “Saga brasileira: a longa luta de um povo por sua moeda”, da jornalista Miriam Leitão.
Naquela época, início dos anos 90, o Brasil chegou a ter 80% de inflação em um único mês — um enorme contraste com a realidade atual, de um índice inflacionário de 7% ao ano. Vários planos econômicos haviam sido tentados e todos fracassaram. A população estava cada vez mais descrente da capacidade do governo de mudar alguma coisa. Os mais velhos lembram-se bem de como era viver com reajustes dos preços que deram ao Brasil o indesejável título de “campeão mundial da inflação”. Entre julho de 1964 e julho de 1994 (ano do Plano Real) acumulamos uma inflação medida pelo IGP-DI de fantásticos 1,3 quatrilhão%. Quando contamos isso para os mais jovens, ouvimos a pergunta: “Como isso era possível?”
Em seu livro, Miriam Leitão relata a “mágica” do Plano Real: a Unidade Real de Valor (URV), que abriu o caminho para a estabilidade. “A URV tinha apenas uma das funções da moeda, era unidade de conta, mas não existia fisicamente. Não era uma nova moeda. Era uma véspera de moeda.” Foi uma solução de resultado rápido? Não, mas acabou sendo o caminho seguro para extinguir, a médio e longo prazos, a indexação de preços e salários, principal combustível da hiperinflação. Mesmo com a genialidade financeira da equipe de economistas criadores da URV, o país ainda precisou de uma geração inteira para domar o mal inflacionário.
A saga do combate ao “dragão da inflação” guarda uma importante similaridade com a luta do povo do Rio pela paz. Tal como a estabilização da economia brasileira, a pacificação é um processo que demandará anos para ser consolidado. Sempre que me perguntam se as UPPs vão livrar o Rio das drogas e da violência, respondo que não podemos brincar com esperança das pessoas ou agirmos como mercadores de ilusões. É preciso ter responsabilidade. As UPPs, por si, não são a solução definitiva. Mas abrem caminho para construirmos uma nova realidade duradoura.
Assim como a URV, as UPPs devem ser compreendidas como um mecanismo de transição do velho para o novo modelo de segurança pública e, em consequência, de uma nova realidade de desenvolvimento econômico e social da cidade do Rio de Janeiro.
No antigo modelo, o Estado não se fazia presente em áreas carentes e a polícia era violenta. Os traficantes, na luta por mais poder e lucros, introduziram as armas automáticas e criaram ilhas de violência, separadas da sociedade. Esse processo foi sintetizado pelo jornalista Zuenir Ventura em seu livro “Cidade partida”.
O novo modelo é simples: a retomada dessas áreas pelo Estado e sua reintegração à cidade. As UPPs são apenas a primeira fase desse processo, o direito de milhões de pessoas a dormir em paz. A pacificação não se resume às UPPs, mas começa com elas. Assim como na estabilização econômica a URV preparou o caminho para a chegada do Real, as UPPs são o instrumento de transição do jugo da violência para o regime de cidadania, onde o Estado está de volta com serviços essenciais como saúde, educação, água, saneamento, coleta de lixo e iluminação pública.
Com a chegada da Polícia Pacificadora, com homens e mulheres treinados não apenas para enfrentar a violência — mas também, e principalmente, para conversar e negociar com a comunidade —, o poder público agora encontra as portas dessas comunidades abertas para receber serviços que demandam há décadas.
Sonho com o dia em que meu neto, incrédulo, perguntará: “Vovô, como era possível que os morros do Rio fossem dominados por bandidos, que não deixavam a polícia entrar?” Esse dia há de chegar!
José Mariano Beltrame.
Juntos Somos Fortes!

9 comentários:

Anônimo disse...

Bravo! Que ótima comparação!
Concordo com tudo que foi dito, os que se opõem, queriam era estar no lugar do secretário, ou melhor, ter a visão que ele tem. Aos críticos, invejar é o que lhes resta.

Eussnes

Anônimo disse...

OPERAÇÃO FORA CABRAL JÁ,INTERVENÇÃO FEDERAL NO CBMERJ JÁ,DESMILITARIZAÇÃO DO CBMERJ JÁ.

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

Parabens ao Secretario ! O engraçado é se a politica for tiro porrada e bomba, todos falam mal , inclusive o Cel.Paul, mas se a policia for inteligente e prender armas como fuzis , pistolas, metralhadora ponto 30,dinheiro e prender os chefões do trafico sem disparar 1 tiro é errado. Cel Paul o senhor tem que se decidir o que quer, o senhor quer tiro porrada e bomba ou uma policia inteligente ????

Paulo Ricardo Paúl disse...

Grato pelos comentários.
Cuidado, anônimo (22:11 hs) você está se levando pela imprensa. O tiro, porrada e bomba continua sendo empregado diariamente em cerca de 95% das comunidades não pacificadas. Eu sou contra essa tática, mas ela continua a todo vapor, pois as UPPs não alcançam nem 5% das comunidades.
Juntos Somos Fortes!

Anônimo disse...

Pául a questão é muito mais complexa. Fazer um paralelo entre segurança publica e econônia é a coisa mais estapafurdia que eu já vi.

Anônimo disse...

Coronel, o senhor critica o CFAP por formar 500 policiais por mês e faz criticas as UPPs por estarem em apenas 5% das comunidades. Acho que o senhor tenha a solução para formar policiais mais rápido e atingir os 95% restantes das comunidades com UPPs. Acho que o senhor como secretário lançaria mão de porções mágicas e pronto resolveria tudo num piscar de olhos.
O SENHOR se perde.

Kleber

Paulo Ricardo Paúl disse...

Grato pelos comentários.
Caro Kleber, a crítica é exatamente por formar PMs com tamanha rapidez, eu nunca faria com que se formassem mais rápido ainda. O monstro que está sendo criado com milhares de PMs mal formados terá reflexo por anos e anos. No tocante aos 5%, o que tenho destacado é que as UPPs não são a solução para as comunidades carentes, pois apenas alcançarão uma parcela muito pequena delas. Se quiser conhecer as minhas propostas de de outros, acompanhe o blog, afinal são mais de 12 mil artigos.
Juntos Somos Fortes!

Anônimo disse...

CEL.PAUL ANTIGAMENTE OS CURSOS ERAM APENAS FLANDU E HOJE EM DIA OS RECRUTAS DÃO TIROS , TEM AULA , A FORMAÇAO É OUTRA ! QUANTO A HONESTIDADE ISSO VEM DE BERÇO! ACHO SIM QUE O TRABALHO INVESTIGATIVO ANTES DO RECRUTAR ENTRAR TINHA QUE SER MAIS RIGOROSO, MAS É AQUILO NÉ, NUNCA FOI!