sexta-feira, 22 de abril de 2011

BOMBEIROS MILITARES - MOBILIZAÇÃO - UMA SÍNTESE.

O Brasil foi descoberto no dia 22 de abril de 1500, como consta nos livros escolares, hoje, dia 22 de abril de 2011, 511 anos depois, são os Bombeiros Militares que escrevem os seus nomes na história da pátria, mais uma vez.
No dia 17 ABR 2011, Bombeiros Militares do Estado do Rio de Janeiro deram continuidade a mobilização pacífica e ordeira, iniciada em 2007, na luta por melhores salários e por adequadas condições de trabalho, demonstrando de maneira inequívoca que atualmente são a categoria dos servidores públicos mais mobilizada no estado.
A atual mobilização é a mais contundente, inicialmente previa até a paralisação das atividades, posicionamento que foi alterado considerando que a principal preocupação dos Bombeiros Militares é continuar prestando o melhor serviço possível ao povo fluminense.
A importante mudança não sensibilizou o governo Sérgio Cabral que através do comando geral do Corpo de Bombeiros, transferiu mais de trinta Bombeiros Militares que participaram da caminhada do dia 17, retirando os mobilizados dos Grupamentos Marítimos e colocando nos Quartéis de Fogo. Além dessa iniciativa equivocada e, salvo melhor juízo, anulável no poder judiciário, o comando geral expediu memorandos para que os Bombeiros Militares de todos os Grupamentos Marítimos, respondessem a uma pergunta: Se tinha ou não participado da caminhada.
Sinceramente, não consegui alcançar o objetivo dos memorandos, pois a BM-2 (serviço secreto) esteve presente em todos os atos, tendo toda liberdade para filmar e fotografar os mobilizados.
Tais medidas que podem ser interpretadas claramente como represálias, resultaram no aumento da mobilização, tendo ocorrido uma caminhada do Largo do Machado até o Palácio Guanabara, isso no dia 19 ABR 2011, assim como, a tentativa de aquartelamento que foi desenvolvida ontem.
Os Bombeiros Militares mobilizados ao chegarem aos seus grupamentos foram impedidos de entrar em alguns deles, o que fez com que o grupo mudasse de estratégia e resolvesse pernoitar em frente aos quartéis, como ocorrerá novamente nesta sexta-feira, principalmente em Copacabana.
Escrito isso, não resta a menor dúvida que estamos diante de uma nova crise no governo Sérgio Cabral, mais uma, que começa com a mobilização dos Bombeiros Militares, mas que pode se espalhar para a Polícia Militar e para as demais categorias de servidores, tornando o desfecho inteiramente incerto.
Quem convive com os Bombeiros Militares sabem que eles têm sido sistematicamente discriminados pelo governo estadual, isso é uma verdade e apenas para não tornar esse artigo interminável, citarei uma única dessas arbitrariedades:
Os BMs
e os Policiais Militares são militares estaduais . As categorias são organizadas de forma tão similar que, em alguns estados, formam uma única corporação, como em São Paulo. Possuem regulamentações com inúmeros pontos em comum; recebem salários idênticos nas suas graduações/postos e na realidade possuem a mesma missão, ou seja, servir e proteger o povo. Apesar de toda essa igualdade, o governo Sérgio Cabral paga RioCard (auxílio transporte) para uma parcela da tropa da Polícia Militar há mais de TRÊS ANOS e nunca concedeu tal benefício aos Bombeiros Militares, os quais recebem o mesmo salário famélico que os PMs, repito.
O auxílio transporter é um salário indireto, não pidemos esquecer.
Qual a justificativa para tal distinção entre PMs e BMs?
Não existe, trata-se apenas de uma questão de vontade do governo em agradar uns e não agradar outros.
No final do ano, o governo Sérgio Cabral gratificou Policiais Militares, Policiais Civis e Agentes Penitenciários pela atuação na Guerra do Rio, segundo a mídia divulgou. Novamente, Cabral esqueceu dos Bombeiros Militares, que tanto trabalharam apagando incêndios em dezenas de veículos e alguns imóveis.
Na tragédia da escola de Realengo, o governo Sérgio Cabral se apressou em promover os Policiais Militares que atuaram na ocorrência, medida que não adotou quando os Bombeiros Militares resgataram do interior de um canal, após incessantes buscas, uma criança que estava dentro de um veículo que caiu nas águas e ficou submerso. A coragem dos BMs foi enaltecida por todos e teve grande destaque na imprensa, mas Cabral não lembrou nem de dar um aperto de mão nos heróis.
Não tenho dúvida, o descaso do governo Sérgio Cabral para com os heróicos Bombeiros do Rio é a principal causa da mobilização. Outro aspecto que pode ser analisado como motivador é o silêncio do comando geral em todos esses casos, pois a tropa espera que o seu líder a defenda, que lute por ela.
Lembro que um líder de uma organização militar deve primar pelo cumprimento de alguns mandamentos castrenses:
1) Entre a vontade do povo e a do governo, o líder militar ombreia com o povo.
2) Entre a vontade da tropa e a do governo, o líder militar fica com a sua tropa.
Diante desse quadro preocupante, temos que torcer para que o bom senso prevaleça e que as vaidades sejam deixadas de lado, para que as melhores soluções sejam encontradas para o bem de todos.
A situação atual sinaliza que a mobilização está em fase de crescimento, a tendência é que cada vez mais aumente o número de mobilizados. Se a mídia continuar divulgando as ações dos Bombeiros Militares, a amplitude do movimento vai continuar crescendo, como já pode ser observado ontem com a adesão de vários quartéis.
Tudo indica que o comando está deixando o tempo passar, torcendo pelo esvaziamento em face do cansaço dos Bombeiros Militares, que estão tirando os seus serviços e seguindo para a porta dos quartéis, o que impede o adequado descanso, o desgaste será natural. Todavia, eu avalio que se a ideia do comando for realmente esperar, isso será mais um equívoco, pois a cada dia que passar com os BMs dormindo nas calçadas em frente aos quartéis com a mídia divulgando, o desgaste do comando geral crescerá geometricamente, sobretudo com relação à opinião pública, que ficará ao lado dos Bombeiros Militares mobilizados.
Penso que o comando geral deve buscar o diálogo, afinal a mobilização não é contra o Coronel BM Pedro Machado e sim contra o descaso do governo Sérgio Cabral.
Anular as transferência seria uma ótima iniciativa, evitando inclusive os procedimentos junto ao poder judiciário que certamente serão desenvolvidos, caso elas sejam mantidas.
É hora de investir na verdade de que tanto o comando geral, quanto os mobilizados, querem o melhor para o CBMERJ e para a sua tropa.
Os mobilizados estão fazendo HISTÓRIA, o comando também pode fazer, basta querer.
Esperar não me parece uma atitude positiva.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO

Um comentário:

Anônimo disse...

O governo Sergio Cabral deixa os Bombeiros de fora em tudo mas o estado arrecada milhões com a TAXA DE INCÊNDIO USANDO A IMAGEM DOS BOMBEIROS E A ACEITAÇÃO DA POPULAÇÃO QUE ACHA QUE O DINHEIRO É BEM UTILIZADO E NEM PERCEBE AS VIATURAS QUE DEVERIAM ESTAR EM MUSEUS E NÃO NOS QUARTEIS, PARA MANTER A APARENCIA, SENDO QUE QUANDO SÃO UTILIZADAS PARA SOCORRO MUITAS VEZES NEM CHEGAM NO LOCAL QUEBRAM ANTES, COMO O ORÇAMENTO DOS BOMBEIROS NO FIM DO MÊS.