segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

RIO DE JANEIRO: GUARDA VIDAS PEDEM SOCORRO.

Guarda Vidas Pedem Socorro
Bombeiros passam fome, sede e frio na orla do Rio de Janeiro

Imaginar um trabalho de frente para o mar, com os pés na areia, sunga e camiseta, em pleno Rio de Rio de Janeiro, pode parecer uma maravilha. Porém, investigando o dia a dia dos bombeiros militares guarda vidas, vemos que não é bem assim. Esses homens que se expõem ao sol e vento, sentem fome e frio pelo ideal de salvar vidas no mar, passam até 14 horas por dia atentos a vida da população. Eles são considerados os melhores do mundo, não por conta da estrutura e condições de trabalho, e sim por seu material humano, por serem bravos homens.
EPI (Equipamento de Proteção individual)
A corporação não fornece óculos de sol, distribuiu um protetor de partículas multidirecionais, para trabalhos com fagulhas, faíscas, cascalhos, sem proteção UVA, UVB ou UVC. O protetor solar é escasso, de péssima qualidade, e desviado do “Projeto Botinho”. Também não são distribuídos tampões de ouvido, para quem fica em postos onde não há abrigo do vento. Medidas eficazes aumentariam a vida útil dos guarda vidas, reduzindo radicalmente doenças como câncer de pele e glaucoma.
Alimentação
Para cada dia de trabalho os guarda vidas se alimentam:
· 6:30h - café da manhã -(pão com manteiga, achocolatado, café e leite)
· 11:30h-14:30h - almoço - (muito arroz, frango, ervilha, milho, pouco feijão)
Aos finais de semana às vezes chega um suco, e ocasionalmente doce de leite, maçã podre, um pão e/ou bolo pra tarde. Após reivindicação de reforço na alimentação, a tropa foi contemplada com um pacote com seis biscoitos recheados. Biscoito que também foi desviado do “Projeto Botinho”. A alimentação que é um dos maiores motivos de insatisfação não é balanceada para o tipo de serviço que realizam, o cardápio não é elaborado por nenhum nutricionista, nem acompanhado por especialista em cozinha. Um guarda vidas que chega a fazer 50 socorros em um dia crítico, pode ficar até sete horas sem receber uma alimentação.
Estrutura
Fora os postos de alvenaria, existem outros postos, que não oferecem cobertura contra o sol, abrigo do vento, nem água doce para tirar o sal do corpo. Inúmeras vezes o bombeiro depende de favores dos donos dos estabelecimentos da praia. As garrafas térmicas para levar água pros postos, nadadeiras, rescuetubs e rádios de comunicação são insuficientes. O guarda vidas regularmente se encontra sem comunicação com o quartel, sem nadadeira, até sem água para beber.
Há suspeitas que o GMAR (Grupamento Marítimo) é financeiramente mantido com a economia na alimentação e o patrocínio da Petrobrás, sem nenhuma participação do governo do estado. Os bombeiros do Rio de Janeiro têm o pior salário do Brasil, não recebem vale transporte ou vale alimentação. E os que sem encontram na função de guarda vidas não recebem adicionais de insalubridade e/ou periculosidade.
Muitos homens que dedicaram suas vidas a salvar outras não se encontram mais com possibilidades de trabalhar na areia e com sua saúde debilitada, por problemas dermatológicos, oftalmológicos, ortopédicos, psicológicos entre outros.
Porém, apesar de tudo isso, esses homens são cobrados militarmente, sofrem punições e injustiças. Mas nada podem fazer, continuam salvando vidas.
Pode uma classe viver só do "glamour"?
Fonte: Diário do Bombeiro Militar.
COMENTO:
Recebi informes (não confirmados) que o comando do CBMERJ teria determinado a instauração de investigação para apurar a autoria do texto, algo sem a menor importância na minha opinião, diante da gravidade dos fatos denunciados, esses sim devem ser investigados com rigor.

Tenho escrito que a luta pela cidadania dos Policiais Militares e dos Bombeiros Militares, iniciada pelos 40 da Evaristo em 2007, faz parte de um processo irreversível, assim como, não pode ser calada a voz da tropa que usa a internet e as ruas para exercer os seus direitos constitucionais.
Os comandos da PMERJ e do CBMERJ devem se adaptar a nova realidade, não lutar contra o inevitável, a conquista da cidadania pela tropa e promover de imediato as mudanças nos regulamentos arcaicos que ainda estão em uso nas corporações.
São inócuas punições disciplinares e punições geográficas, o caminho é sem volta, um percurso que só tem um sentido: o futuro.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO

Um comentário:

Anônimo disse...

Durante todo Verão é essa humilhação, aqui no CBMERJ-Gmar as únicas verdades são: SALVAMENTOS e punições exageradas, não há liberdade de expressão, nem direito ao contraditório. Porque quem pune aqui, tem os (03)PODERES, ou seja, é executivo, legislativo e judiciário. Já responde a acusação sabendo que será preso/detido, creio eu que não é caso isolado, idém na PMERJ. É difícil, mas como diz a poesia: "É o juízo final, a história do BEM contra o MAL, quero ter olhos pra ver a maldade desaparecer". Continências sinceras dos Homens Brabos do Mar, pois como diz o ditado: "Quem é,é,quem não é não se mistura"!