domingo, 13 de fevereiro de 2011

A RELAÇÃO DA BANDA PODRE COM A OPERACIONALIDADE.

Ao longo dos meus mais de trinta anos no serviço ativo conheci muitos Oficiais e Praças da Polícia Militar que se destacaram nas atividades operacionais e que pertencem até a presente data à banda boa da corporação, entretanto, não posso negar que existe uma afinidade entre a banda podre e a eficiência operacional na PMERJ.
A explicação para essa relação estreita pode passar pela interação de alguns componentes: os salários miseráveis que os Policiais Militares recebem; os grandes riscos que enfrentam nas atividades operacionais; a possibilidade de conseguir muito dinheiro para todos e a necessidade dos comandos de apresentarem resultados estatísticos.
Não raro, os batalhões mais operacionais da Polícia Militar são aqueles que apresentam o maior número de desvios de conduta, o que acaba nos levando a uma possibilidade perigosa: a fixação de metas de produtividade pode significar um estímulo para os desvios de conduta.
Na minha vivência nas atividades de controle interno, incontáveis vezes pude constatar que os acusados eram os destaques operacionais das unidades, alguns várias vezes premiados pelos comandos.
A atividade operacional permite que a banda podre possua um grande número de possibilidades de adquirir dinheiro. Venda de armas e drogas apreendidas; seqüestro de criminosos e/ou familiares; venda de proteção para facções criminosas; aluguel de caveirões; apoio às milícias; extorsão (concussão) de criminosos e de cidadãos nas mais diferentes formas; posse dos despojos dos vencidos; etc.
Se um comandante quer incomodar a banda podre, basta proibir qualquer operação não autorizada pessoalmente por ele. Isso fará com que a banda podre reaja e comece logo a espalhar que o comandante é frouxo ou que está fechado com criminosos, quando na verdade ele pode estar tentando quebrar os acordos.
Obviamente, existe o outro lado da moeda, os comandantes que apoiam essa operacionalidade bandida e que se locupletam com ela, não podemos negar essa verdade.
Lembrando que existem Oficiais e Praças honestos que se destacam operacionalmente, temos que reconhecer que a banda podre se destaca operacionalmente, isso é um fato.
Penso que na Polícia Civil não seja diferente.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO

Um comentário:

Alexandre, The Great disse...

Já houve um tempo, uma época, em que essa realidade era inversa. Uma maioria honesta e abnegada, servindo à causa pública, era altamente operacional e produzia Segurança Pública de fato.
Eu e meus Exércitos vivemos essa época...