sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A RELAÇÃO ENTRE O BOLSA FAMÍLIA DE LULA E AS UPPs DE CABRAL.

TRABALHE DURO - JOÃO MELLÃO NETO.
No início dos anos 1700, quando a revolução comercial já era um fator determinante do progresso e do desenvolvimento das nações, um pensador espanhol teria escrito um ensaio defendendo a tese de que o seu país não deveria entrar naquela competição, porque seria um esforço desnecessário. A Espanha, na época, possuía reservas em metais preciosos suficientes para comprar tudo o que seu povo necessitava. Esse mesmo argumento poderia ser válido, um século depois, nos anos 1800, para não embarcar na aventura industrial.
O resultado é que o império espanhol ruiu, as suas decantadas reservas se dissiparam e a outrora pujante nação ibérica amargou mais de dois séculos de decadência. Está voltando ao proscênio agora, quando nem o seu governo nem o seu povo se pautam mais por aquela enganosa opulência do passado.
De certa forma, é esse mesmo problema que inviabiliza o progresso e o desenvolvimento de muitos países que vivem, atualmente, da riqueza fácil gerada pela extração de petróleo. Para que, afinal, arregaçar as mangas? O ouro negro supre todas as carências...
Não é à toa que entre os países mais pobres da África figuram - em aparente paradoxo - os que possuem as maiores reservas mundiais de diamantes e pedras preciosas. A posse de recursos naturais abundantes e de fácil extração já causou a desgraça de muitas nações, através dos tempos.
O que dizer, então, quando a falsa abundância não provém de riquezas reais, mas de programas assistenciais promovidos pelos governos locais? Os analistas isentos e imparciais seriam unânimes em afirmar que, nesse caso, o caminho da perdição seria ainda mais curto.
E se tais políticas paternalistas estivessem sendo promovidas num país pobre e desprovido de maiores recursos? Aí, então, seria suicídio - afirmariam os estudiosos -, uma nação deliberadamente atirando em seus próprios pés.
Pois é esse exatamente o caso do Brasil e do seu programa Bolsa-Família. Segundo se vangloria o próprio governo, o programa já contempla 11 milhões de famílias, alcançando, assim, entre um quarto e um terço de toda a população brasileira. Trata-se de um exemplo ímpar: em toda a História universal, somos o único povo que logrou escapar da miséria com mesadas.
Argumentos para defender o Bolsa-Família não faltam. O difícil é acreditar que o programa seja viável para sempre. Pode-se argumentar, a favor dele, que, em termos imediatos é uma forma eficaz de combater os malefícios causados pela miséria. Sem dúvida. Mas trata-se de um paliativo - um remédio que cuida dos efeitos, e não das causas da moléstia. Assim sendo, o seu efeito não é duradouro e tampouco definitivo.
Há pelo menos três aspectos cruciais que estão eivando a iniciativa:
- não se está exigindo, na prática, nenhuma contrapartida dos beneficiários;
- não se está fixando um prazo máximo para a concessão do benefício; e
- o valor do benefício pago está-se revelando muito elevado.
Benefício concedido sem reciprocidade é esmola. E esmola não cria cidadãos ativos. Cria, isso sim, mendigos.
Benefício concedido para sempre não é uma ajuda, mas sim um privilégio. E privilégios não geram indivíduos independentes. Geram, quando muito, um massa disforme de parasitas.
Benefício com valor elevado não complementa o trabalho, mas o substitui. Não gera trabalhadores, mas desocupados. Em vez de pessoas ativas, uma multidão apática de ociosos. Um exército de pensionistas totalmente dependentes da boa vontade dos governantes.
Se o objetivo final de Lula e do PT é criar um gigantesco curral eleitoral, eles estão sendo muito bem-sucedidos. Os "bolsistas" do famigerado programa estarão sempre dispostos a sufragar os candidatos que o governo recomendar. Mas se o que se pretende é emancipar as pessoas, então o Bolsa-Família está se revelando uma grande excrescência.
Como está escrito na porta do Inferno de Dante, "abandonai todas as esperanças, vós que entrais", aqueles que se inscrevem no "Bolsa-Família" hão de saber que dele jamais sairão. As suas virtudes ativas, a sua independência, a sua cidadania, tudo isso, enfim, é impiedosamente moído tão logo se ingressa no programa. A ética do trabalho e do esforço como a única forma legítima de prosperar na vida deixa de existir já na soleira da porta.
Como reza o ditado, montar num tigre é fácil, o difícil é desmontar dele depois.
O Bolsa-Família é um programa que, uma vez implantado, não há mais como descartá-lo. Os milhões de beneficiários já estão acostumados com o aporte mensal do dinheiro fácil. Como dizer a eles que dali em diante deveriam suar o rosto para obtê-lo?
Tanto para o governo como para a oposição, propor o fim do Bolsa-Família seria eleitoralmente desastroso. E o programa, assim, se impõe como algo definitivo. Aqueles que trabalham hão de votar na oposição, já aqueles que não trabalham votarão sempre no governo. Como estes últimos se estão tornando maioria, o continuísmo parece ser um prognóstico evidente.
Como é economicamente impossível pôr a totalidade dos brasileiros sob o guarda-chuva do Bolsa-Família -- alguém tem de pagar a conta --, teremos no País, doravante, duas classes de cidadãos: a dos que sustentam e a dos que são sustentados pelo Bolsa-Família.
Quanto a você, que está lendo este artigo, a recomendação do governo é a seguinte: "Trate de trabalhar duro! Além da sua família, há mais 11 milhões de famílias que dependem de você!"
COMENTO:
Gostei muito do artigo.
Fácil de compreender e expõe com clareza as chagas do Bolsa Família.
No Brasil, governantes estão agindo na direção de continuarem no poder e não na direção de promoverem o bem público.
No Rio, o governo Sérgio Cabral para continuar no poder, simplesmente, transferiu centenas de traficantes (e seus fuzis) de uma comunidade carente para outra seguidamente, tendo apoio quase integral da mídia, na qual investiu mais de 400 milhões do nosso dinheiro.
Em termos de política de segurança pública isso é um completo absurdo, em nenhum lugar do mundo civilizado se tira criminosos armados de um lado e joga em outro, tais ações deveriam estar sendo condenadas por todos, inclusive pelos órgãos de controle social.
E ainda chamam isso de pacificação.
A mídia, por sua vez, só faz matérias onde os traficantes saíram, as comunidades "pacificadas", não fazem nas comunidades que recebem os traficantes, comunidades antes sem ou com pouca violência, agora sob a mira de fuzis.
Só querem o poder, o povo que se dane.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO

4 comentários:

Anônimo disse...

Pául há uma faixa em frente ao 3ºBPM Méier que informa aos moradores da localidade que o batalhão encontra-se sem combustível e por este motivo as viaturas não estão circulando.

Anônimo disse...

Texto lúcido e extremamente coerente na analise do bolsa familia e demais programas paternalistas.Fica claro a tentativa do PT se manter no poder por longos anos.
Mas atentos e mobilizados vamos salvar esses pobres infelizes das garras desses que os tornam submissos e, acredito que em breve eles acordarão, quando virem que a "vida nao avançou" com essas migalhas jogadas pelo PT.O unico avanço é que esses nao passaram mais fome...assim como animais domesticados que so esperam do dono o alimento e alguns afagos!!!
JSF
Eduardo

Paulo Ricardo Paúl disse...

Grato pelos comentários.
Passei em frente ao 3o BPM e não vi nenhuma faixa (11:30 horas). Alguém fotografou? Penso ser meio difícil esse tipo de anúncio para o público por parte de batalhão da PM.
Juntos Somos Fortes!

Anônimo disse...

Dinheiro que poderia ser gasto em projetos de desenvolvimento sustentável, irrigação, formação de cooperativas, educação, saúde, programas de planejamento familiar etc., beneficiando tanto os que sofrem com a miséria e seca quanto outros que sofrem com enchentes. Mão-de-obra? Os próprios necessitados. Faço alguns comentários ao ótimo texto, na minha humilde opinião: 1. A diferença no caso da Espanha é que a riqueza originou-se do espólio de outros povos e, aqui, saqueia-se os cofres do próprio país alimentados pelos que produzem, o que é mais cruel e antiético ainda. 2. Em alguns casos o dinheiro do petróleo tem sido utilizado em projetos espetaculares de desenvolvimento, até no meio do deserto inóspito; por aqui, apesar da suficiência de produção e descobertas incessantes de petróleo continuamos pagando combustíveis mais caros do mundo e vendo os mesmos problemas de sempre sem que haja investimentos de fato nas causas da miséria e somente nas consequências, como o texto diz.