Enviado por Aurílio Nascimento
A PM do Rio de Janeiro tem novo comandante.
"Será o salvador da pátria?
A Polícia Militar do Rio de Janeiro tem um novo comandante. Trata-se do coronel PM Mário Sérgio de Brito Duarte. Mudanças no comando de todas as instituições são normais e necessárias. Em todas, os discursos de posse se parecem, as promessas são quase infinitas, prazos são estipulados, novidades anunciadas como se fossem o descobrimento da pólvora.
Com o decorrer do tempo, o ambiente se parece com uma cópia do passado.
A exceção fica por conta do que se assemelha a um exercício de numerologia, ou seja, novas siglas são criadas. Se antes existiam osPPCs, Postos de Policiamento Comunitários da favela tal, e estes não apresentam os resultados esperados, alguém tem a brilhante ideia de rebatizar para GPAE, Grupamento de Policiamento de Áreas Especiais.
Sem mais nem menos, outro resolve criar o Polígono de Segurança. Uma barraquinha ao sol, sem nenhuma estrutura, onde os policiais militares ficavam. Não deu em nada, como era de se esperar. Ora, se o Pentágono quase virou pó, e olha que é uma das maiores fortificações do mundo, imagina o que não poderia acontecer com o nosso polígono.
O tempo vai passando, as mudanças ficam mais no virtual do que no real, a marginalidade se estrutura, fica raízes.
Por que soluções viáveis não surgem?
Seriam os vários comandantes incompetentes?
Por que o policiamento ostensivo parece tatear no escuro e rodar com pneus lisos em chão molhado, rodopiando, indo e voltando?
As respostas a essas perguntas são simples e claras. As soluções que melhorem o policiamento ostensivo, fazendo com que as polícias militares cumpram com êxito sua obrigação constitucional ou, pelo menos, se aproximem disto a cada dia, dependem de uma série de providencias, as quais necessariamente passam por mudança da legislação, salário digno e treinamento eficaz. De forma alguma se pode classificar os comandantes de incompetentes. Guardadas as características inerentes a cada um, são em sua grande maioria bem preparados, e até mesmo cheios de boas intenções.
Como esperar de um comandante resultados satisfatórios, tendo ele que depender da atuação de policiais desmotivados, ganhando o menor salário da federação, submetidos a uma rígida disciplina militar, desacreditados junto à sociedade, massacrados por tabela pelos desvios de conduta de alguns, caçados nas ruas como bichos, e ainda tendo que trabalhar em um segundo emprego?
Não vejo resposta. Se alguém a possui, por favor, não guarde.
O novo comandante da PM, ao que parece, conta com apoio de boa parcela da instituição, embora alguns dos seus pares mais antigos estejam de cara feia, pois não concordam em receberem ordens do mais moderno, como classificam os que chegaram depois. Aqui se observa uma das grandes dificuldades de mudança: o interesse pessoal deve prevalecer em detrimento da sociedade. Não importa se o mais novo é capaz.
A mudança que foi iniciada com um novo comando na PM do Rio de Janeiro só será efetivada, fazendo com que o cidadão tenha um mínimo de segurança nas ruas, para ir e vir do trabalho, para passear com sua família, não depende de um salvador da pátria, mas sim do apoio que toda a sociedade possa lhe oferecer, a fim de que os objetivos sejam concretizados.
Desejar boa sorte não vale. É preciso participar".
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO
Um comentário:
A PM está sempre na berlinda porque é mais conveniente para as autoridades que podem realmente mudar o quadro atual culpar os militares, acobertando assim a sua própria incompetência, conivência, omissão e interesses políticos e particulares. A mudança de comando pode trazer algum alento em termos de melhorias para a instituição e motivação da tropa, mas infelizmente (e procura-se ocultar isso com maestria) nada muda na estrutura do sistema e nas outras instituições, como aliás vem sendo revelado constantemente nesse blog. Pergunta-se: algum cidadão já se preocupou em observar a quantidade de pessoas presas diariamente pela PM? Sejam menores apreendidos, adultos presos em flagrante ou em cumprimento de mandados judiciais, a quantidade é enorme, revelando a eficiência da Corporação mesmo com todas as dificuldades de efetivo, salário, desvios de conduta etc.
O que o Judiciário fará com os presos? Julgará com ineficiência, a longuíssimo prazo, com as Leis brandas e ineficientes editadas pelos políticos do Legislativo e Executivo, ou os libertará por falta de cadeias ou omissão para que cometam novos e mais graves crimes e sejam presos novamente ou mortos pela PM. A responsabilidade disso é da PM? O Comandante pode mudar isso? Há sujeitos que já foram presos dezenas de vezes pelos PM e voltam para as ruas a cometer crimes. É muito conveniente para o Judiciário permanecer encastelado como nobres da época dos impérios e para os políticos do Legislativo e Executivo a manutenção da situação atual com a insistência da Imprensa em falar só dos erros da PM e omitir-se inteiramente em relação aos reais culpados e omissos em relação ao caos. O preso de hoje estará amanha novamente cometendo um crime para que a Imprensa noticie a falta de policiamento (da PM), entreviste o Comandante (da PM) para saber o que vai ser feito e assim por diante enquanto os (ir) responsáveis passam os finais de semana nas suas casas de veraneio, passeiam na Europa etc. sem serem incomodados...
Postar um comentário