segunda-feira, 25 de maio de 2009

PÁTRIA MADRASTA VIL - CLARICE ZEITEL - BACHARELANDA EM DIREITO - UFRJ.

Onde já se viu tanto excesso de falta?
Abundância de inexistência...
Exagero de escassez...
Contraditórios?
Então aí está! O novo nome do nosso país! Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL. Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, a abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de responsabilidade. O Brasil nada mais é do que uma combinação mal engendrada - e friamente sistematizada - de contradições. Há quem diga que "dos filhos deste solo és mãe gentil", mas eu digo que não é gentil e, muito menos, mãe.
Pela definição que eu conheço de MÃE, o Brasil está mais para madrasta vil.
A minha mãe não "tapa o sol com a peneira". Não me daria, por exemplo, um lugar na universidade sem ter-me dado uma bela formação básica. E mesmo há 200 anos atrás não me aboliria da escravidão se soubesse que me restaria a liberdade apenas para morrer de fome. Porque a minha mãe não iria querer me enganar, iludir. Ela me daria um verdadeiro Pacote que fosse efetivo na resolução do problema, e que contivesse educação + liberdade + igualdade. Ela sabe que de nada me adianta ter educação pela metade, ou tê-la aprisionada pela falta de oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada pela minha voz-nada-ativa. A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação gerar liberdade e esta, por fim, igualdade. Uma segue a outra...
Sem nenhuma contradição!
É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias, que quebrem esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam hipócritas, mudanças que transformem! A mudança que nada muda é só mais uma contradição. Os governantes (às vezes) dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar. E a educação libertadora entra aí. O povo está tão paralisado pela ignorância que não sabe a que tem direito. Não aprendeu o que é ser cidadão. Porém, ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da igualdade: nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático do Estado não modificam a estrutura. As classes média e alta - tão confortavelmente situadas na pirâmide social - terão que fazer mais do que reclamar (o que só serve mesmo para aliviar nossa> culpa)...
Mas estão elas preparadas para isso?
Eu acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita de dentro pra fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos, possa acabar com a pobreza e desigualdade no Brasil. Afinal, de que serve um governo que não administra?
De que serve uma mãe que não afaga?
E, finalmente, de que serve um Homem que não se posiciona?
Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado, justamente, a um posicionamento perante o mundo como um todo...
Sem egoísmo. Cada um por todos...
Algumas perguntas, quando auto-indagadas, se tornam elucidativas.
Pergunte-se: quero ser pobre no Brasil?
Filho de uma mãe gentil ou de uma madrasta vil?
Ser tratado como cidadão ou excluído?
Como gente... Ou como bicho?
CLARICE ZEITEL.
- Premiada pela UNESCO, Clarice Zeitel, de 26 anos, estudante que termina faculdade de direito da UFRJ em julho, concorreu com outros 50 mil estudantes universitários. Ela acaba de voltar de Paris, onde recebeu um prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) por uma redação sobre "Como vencer a pobreza e a desigualdade".
A redação de Clarice intitulada "Pátria Madrasta Vil" foi incluída num livro, com outros cem textos selecionados no concurso. A publicação está disponível no site da Biblioteca Virtual da Unesco.
*****
Recentemente, livros distribuídos pelo Governo do Estado de São Paulo, chocaram o país por conterem textos chulos, com palavras de calão.
Os livros foram recolhidos, porém, mais uma vez, ficou claro o descompromisso do poder público brasileiro com a cidadania, considerando o seu descaso com a educação pública.
Cidadão brasileiro, a cidadania exige alguns pré-requisitos, sendo a EDUCAÇÃO DE QUALIDADE, o principal deles.
Ao negar esse direito a todos, o país não garante a competição legítima entre os integrantes da população, condenando uma parcela a exclusão social.
Ratifico, na minha modesta opinião, o tratamento dado pelo poder público no Brasil à educação pública - o total descaso -, não é obra do acaso. É coisa pensada, maquiavelicamente pensada, como confirmam os péssimos salários pagos aos professores públicos, que no Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, recebem pouco mais de R$ 500,00 mensais.
A redação de CLARIZE ZEITEL deveria constar em todos os livros do ensino público brasileiro e deveria provocar uma grande discussão social, a respeito da falência do governo brasileiro.
Particularmente, recomendo a sua leitura obrigatória nos Cursos de Formação de Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, pois precisamos construir gerações de Oficiais que aprendam a se posicionar, sobretudo, em defesa das suas Instituições Militares.
Basta de valentes só com bandidos, que se ajoelham diante do primeiro TERNO E GRAVATA!
Só a educação transforma, principalmente, quando existem raríssimos exemplos a serem seguidos, quando se olha para cima.

JUNTOS SOMOS FORTES!


PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO

Nenhum comentário: