sexta-feira, 3 de abril de 2009

BRASIL TEM DINHEIRO NO FMI DESDE 1944 E O PRECONCEITO CORDIAL - REINALDO AZEVEDO.

BRASIL TEM DINHEIRO NO FMI DESDE 1944!!! E O PRECONCEITO CORDIAL
Ai, ai, vamos lá. Noticiário da TV, sites, blogs e, sobretudo, a rua petista — às vezes, tudo parece a mesma coisa — dão destaque obviamente simpático à entrevista coletiva de Lula em Londres, em que ele diz que o Brasil — quem diria!? — vai emprestar dinheiro ao FMI. A palavra “emprestar” é uma tolice, uma parvoíce, uma mentira. O FMI não é um ente tomador de recursos. Ele é quem empresta. Mais: o Brasil tem, vamos dizer, dinheiro no FMI desde que o Fundo foi criado, em 1944. Mas vamos antes a Lula:
"Gostaria de entrar para a história como o presidente que emprestou alguns reais ao FMI". Bem, se depender da disposição de certos setores para a mistificação, há mesmo essa possibilidade. Mais adiante: “Em minha juventude, carreguei faixas em São Paulo que diziam 'fora FMI', (mas) o Brasil não quer se comportar como um país pequeno". Mais: “A contribuição do Brasil será na forma de empréstimos [ao FMI] que não diminuam nossas reservas e que serão concedidos a países pobres, sobretudo, da América Latina".
Lula falava essas coisas todas em estado de graça. Dizia que o Brasil vai “emprestar” dinheiro pela primeira vez ao FMI, e isso era transmitido aos nativos como verdade.
O Brasil sempre foi cotista do Fundo. Tinha dinheiro lá mesmo quando tomava empréstimo. O FMI é uma das instituições do chamado Acordo de Bretton Woods. E é o quê? Um fundo criado por sócios para socorrer aqueles que enfrentam dificuldades. A participação do Brasil nas cotas era de 1,4%. Em 2005, o governo começou a pressionar para ampliá-la — reivindicando também mais voz. No ano passado, foi elevada para 1,7%.
Os países do G-20 farão, agora, um aporte de recursos. Como isso será feito? É o que se vai ver. MAS É FALSA, RIGOROSA E ABSOLUTAMENTE FALSA, A INFORMAÇÃO DE QUE LULA SERÁ O PRIMEIRO PRESIDENTE A “EMPRESTAR” DINHEIRO AO FUNDO.
Quando à lembrança de que desfilava com cartazes contra o FMI, isso é coisa daquele tempo em que, segundo ele mesmo, culpava o governo por tudo, quando sindicalista ou quando líder da oposição. Depois ele começou a culpar os brancos de olhos azuis.
Orgulho e preconceito.
Na entrevista, o presidente foi indagado sobre o gracejo que Obama fizera com ele — aquele, sabem?, de classificá-lo como boa-pinta, bonitão — e, com a desconstrução costumeira, afirmou que Obama é como a gente, sabem?. Na “Bahia, pensariam que ele é baiano; no Rio, pensariam que é carioca”. Tão logo pronunciou a palavra “baiano”, a parcela brasileira da platéia de jornalistas caiu na gargalhada. Uma gargalhada realmente ruidosa, ousaria dizer “orgulhosa”, certamente encantada com a nonchalance do líder.
Se aquela gente toda achasse que “ser baiano” ou, mais genericamente, “ser brasileiro” não é nem mais nem menos do que “ser americano”, talvez os risos fossem menos ruidosos. Riu-se, obviamente, da suposta desproporção entre essas duas categorias. Estamos desenvolvendo também uma nova forma de preconceito: o preconceito cordial.
Por Reinaldo Azevedo
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PAULO RICARDO PAÚL
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