Prezado Cel Paúl:
Recebi de um amigo, professor Lúcio de Minas Gerais, a indicação de seu Blog, e pasme de fato por estes lados, de nada ficamos sabendo dessa mobilização, que pela primeira vez na história das Polícias Militares foi liderada e orquestrada pelos Coronéis, que diga-se de passagem tem uma enorme divida com os praças, mas não encare esta afirmação como revanche ou qualquer ressentimento.
Mas o que temos notado, e ai não se trata de uma percepção bairrista, mas de âmbito nacional é que todos os coronéis, com raras e honrosas exceções, estão mais preocupados com as benesses e prerrogativas do cargo, do que com a Polícia Militar, enquanto instituição.
Atualmente vivemos o estigma de sermos o responsáveis pela escalada da violência e da criminalidade, pois assim fomos condicionados, até para ser "leal" e "fiel" ao governador de plantão, mas como sargento que sou a 25 anos, percebo que todas mazelas políticas e sociais acabam por serem tratadas exclusivamente como problema de polícia, e até ontem, por que pode ser que hoje, algum coronel mais compromissado, possa de fato levantar estas questões senão em público pelo menos nas discussões de gabinete, o que acredito praticamente impossível.
Vivemos sob intensa pressão, mas ainda sim, cumprimos nosso dever de prestar segurança e proteção aos cidadãos, mesmo que para isso tenhamos que morrer, o que acontece com muita frequência em todas as unidades da federação.
Posso até estar enganado, mas se não nos conscientizarmos que precisamos mudar, e mudar significa começar com esta reengenharia internamente, sendo mais exigentes com nossos direitos de cidadania, ou então seremos lembrados em pouco tempo somente em livros de história, e isto senão contarem a história com a visão dos dominadores.
Tenho como pressuposto fundamental, que somente possibilitando um tratamento digno e cidadão ao policial, obteremos resultados mais satisfatórios na segurança pública, mas o que vemos e tem se repetido na história, são injustiças, abusos, ilegalidades, arbitrariedades e muitas outros atos que acabam por impedir e dificultar aos PMs, o exercício de sua cidadania e o respeito a sua dignidade pessoal e profissional.
Doí pensarmos que tantos dão sua vida em sacrifício da segurança pública, e temos tantas mudanças para discutir e melhorar nossa instituição. Talvez quem sabe se desmilitarizarmos não conseguimos avançar mais e instituir garantias para termos nossos direitos assegurados e nossa condição de cidadãos reconhecida, por que na realidade, até os cidadãos já se acostumaram em nos ver como cidadãos de segunda categoria ou mesmo subcidadãos.
A amargura, o desânimo acabam por nos acometer, pois o que todos querem, e ai o exemplo vem de cima é um lugar para completar nosso tempo para passagem a inatividade.
É triste, mas esta é a constatação, pois é isso que aprendemos ao longo de nossa carreira profissional.
Bem essa é uma breve análise e talvez um desabafo, mas é a triste realidade que vivemos e que está corroendo o tecido organizacional, mas uma verdade é incontestável, se formos extintos amanhã, a culpa não será dos pŕaças, nem dos oficiais, mas de todo coronelato, que sequer tem respeito próprio, pois são capazes de trair até seus próprios pares em disputas por poder ou promoção, ou por migalhas oferecidas pelos detentores do poder político, como soí acontecer no Rio e em todas as paragens brasileiras, e esses desvalores até os praças já internalizarão, e os transformaram em dissimulação e hipocrisia que são instrumentos de sobrevivência.
Um fraterno abraço.
José Luiz Barbosa, 2º Sgt PM.Presidente - associação cidadania e dignidade.
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PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO