A insegurança de Beltrame
Levou à rebeldia dos coronéis da Polícia Militar
Levou à rebeldia dos coronéis da Polícia Militar
Tenho que reconhecer: Sérgio Cabral está na mais completa tranqüilidade. Apesar de ter desmentido os fatos duas vezes na quarta-feira, como mostrei ontem (no RJ-TV de meio-dia e depois na Globo News de 3 da tarde), estava rigorosamente à vontade. Com o mesmo sorriso de sempre, conversando como se a crise não estivesse aumentando.
E essa crise já repercutia, ultrapassava o Rio, batia no Planalto-Alvorada. O presidente Lula, mostrando que é amigo dele, ligou diretamente para o governador, sem usar secretária. Perguntou: "Sérgio, precisa de ajuda? Estou à tua disposição". Sérgio não teve um momento de hesitação, respondeu: "Obrigado, presidente, não preciso de nada, posso resolver". Isso na quarta-feira.
Os jornais de televisão da noite (na verdade só existe o Jornal Nacional, essa é uma deturpação jornalística do Brasil) não deram muito destaque, pareciam confirmar o que o governador dissera ao presidente da República.
Mas ontem, quinta-feira, os jornais trataram da questão em manchetes, na verdade obrigatórias. O Globo: "Coronéis mantêm desafio com renúncia coletiva na PM". E fechavam essa Primeira, registrando um fato que repercutiu geral por ser inédito: "Novo comandante toma posse a portas fechadas e longe da tropa". O fato era realmente estranho, por dois motivos.
1 - Todo comandante militar, na posse, gosta de "sentir" se os novos comandados estão satisfeitos com a nomeação ou não gostaram dela.
2 - O coronel Pitta, que assumia, até à véspera era tido e havido como rebelde, o que não é desabonador. E até participou da passeata que tanta confusão provocou. Também não se pode reprovar que aceitasse o cargo. Assim, com trânsito nos dois lados, pode conciliar. O que não parece o caso.
Esta Tribuna também não podia ficar longe dos acontecimentos e das manchetes. Saiu assim: "Crise se agrava, oficiais da PM se rebelam". E ao contrário da afirmação do governador na véspera e que a Globo News repetiu maldosamente às 9 da manhã de ontem, sem consultá-lo: "São apenas 6 ou 7 oficiais que não trazem nenhum problema". Mas a Tribuna dá um manifesto assinado por 47 coronéis e tenentes-coronéis.
E finalmente, a Folha, cada vez mais regionalizada e voltada para São Paulo, teve que se render à importância do Rio. Manchete espalhafatosa: "Coronéis da PM afrontam governo do Rio". Não está correta, a "afronta" era contra o secretário de Segurança, numa cidade (e num estado) dominada pela insegurança. E na verdade, tudo começou pela insegurança.
Quando um coronel importante teve a coragem de dizer "que os baixos salários provocam a corrupção", foi logo demitido. A passeata, discreta e sem armas, foi conseqüência normal. A conseqüência anormal: a demissão de todos pelo secretário Beltrame, revelando uma "segurança" que não implanta nas ruas. Nas ruas o que existe é morte, direta ou por bala perdida.
Lá dentro, a Folha vem com nova manchete (igual à desta Tribuna) e ainda publica um artigo de Marcelo Beraba (ex-ombudsman), que coloca tudo no título: "Crise é a maior da gestão Cabral, mas não a única". Nota 10 pelo título e pela síntese.
PS - Apesar do telefonema, Lula não vem mais ao Rio assistir ao desfile das escolas. Preferiu ir para o Guarujá. Lógico, Lula não quis ser testemunha ou alvo de manifestação.
PS 2 - Milhões de pessoas querendo se divertir, o governador garantindo carnaval tranqüilo, o secretário Beltrame acumulando ressentimentos. É a República."
E essa crise já repercutia, ultrapassava o Rio, batia no Planalto-Alvorada. O presidente Lula, mostrando que é amigo dele, ligou diretamente para o governador, sem usar secretária. Perguntou: "Sérgio, precisa de ajuda? Estou à tua disposição". Sérgio não teve um momento de hesitação, respondeu: "Obrigado, presidente, não preciso de nada, posso resolver". Isso na quarta-feira.
Os jornais de televisão da noite (na verdade só existe o Jornal Nacional, essa é uma deturpação jornalística do Brasil) não deram muito destaque, pareciam confirmar o que o governador dissera ao presidente da República.
Mas ontem, quinta-feira, os jornais trataram da questão em manchetes, na verdade obrigatórias. O Globo: "Coronéis mantêm desafio com renúncia coletiva na PM". E fechavam essa Primeira, registrando um fato que repercutiu geral por ser inédito: "Novo comandante toma posse a portas fechadas e longe da tropa". O fato era realmente estranho, por dois motivos.
1 - Todo comandante militar, na posse, gosta de "sentir" se os novos comandados estão satisfeitos com a nomeação ou não gostaram dela.
2 - O coronel Pitta, que assumia, até à véspera era tido e havido como rebelde, o que não é desabonador. E até participou da passeata que tanta confusão provocou. Também não se pode reprovar que aceitasse o cargo. Assim, com trânsito nos dois lados, pode conciliar. O que não parece o caso.
Esta Tribuna também não podia ficar longe dos acontecimentos e das manchetes. Saiu assim: "Crise se agrava, oficiais da PM se rebelam". E ao contrário da afirmação do governador na véspera e que a Globo News repetiu maldosamente às 9 da manhã de ontem, sem consultá-lo: "São apenas 6 ou 7 oficiais que não trazem nenhum problema". Mas a Tribuna dá um manifesto assinado por 47 coronéis e tenentes-coronéis.
E finalmente, a Folha, cada vez mais regionalizada e voltada para São Paulo, teve que se render à importância do Rio. Manchete espalhafatosa: "Coronéis da PM afrontam governo do Rio". Não está correta, a "afronta" era contra o secretário de Segurança, numa cidade (e num estado) dominada pela insegurança. E na verdade, tudo começou pela insegurança.
Quando um coronel importante teve a coragem de dizer "que os baixos salários provocam a corrupção", foi logo demitido. A passeata, discreta e sem armas, foi conseqüência normal. A conseqüência anormal: a demissão de todos pelo secretário Beltrame, revelando uma "segurança" que não implanta nas ruas. Nas ruas o que existe é morte, direta ou por bala perdida.
Lá dentro, a Folha vem com nova manchete (igual à desta Tribuna) e ainda publica um artigo de Marcelo Beraba (ex-ombudsman), que coloca tudo no título: "Crise é a maior da gestão Cabral, mas não a única". Nota 10 pelo título e pela síntese.
PS - Apesar do telefonema, Lula não vem mais ao Rio assistir ao desfile das escolas. Preferiu ir para o Guarujá. Lógico, Lula não quis ser testemunha ou alvo de manifestação.
PS 2 - Milhões de pessoas querendo se divertir, o governador garantindo carnaval tranqüilo, o secretário Beltrame acumulando ressentimentos. É a República."
DEPUTADO ESTADUAL PAULO RAMOS
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CIDADÃO BRASILEIRO PLENO
Um comentário:
Armas velhas e letais para ação no Alemão
Marco Antônio Martins - Extra
Rio - O coronel Marcus Jardim, do Comando de Policiamento de Áreas da Polícia Militar, já disse que a ocupação do Complexo do Alemão para as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pode resultar em vítimas. De acordo com especialistas em armas, o problema pode começar com o uso dos 500 fuzis automáticos leves (FAL) cedidos pela Marinha à PM.
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Fuzis FAL cedidos pela Marinha foram fabricados na década de 60 e podem fazer mais vítimas de bala perdida
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Da década de 60, o armamento cedido foi recuperado pelo Centro de Reparos e Suprimentos Especiais da Marinha (Cresumar). Quando chegarem às mãos dos policiais militares estarão com a aparência de novos, mas são armas com grande potência e alcance de cerca de 600 metros. A velocidade do projétil e o peso faz com que ele ultrapasse paredes de barracos, por exemplo.
Em 2000, a Polícia Militar formou comissões para avaliar a troca dos fuzis FAL, calibre 7,62 pelos M-16, de calibre 5,56. A intenção dos grupos de discussão era reduzir o número de vítimas de balas perdidas. O M-16 é utilizado hoje pela própria Marinha em operações como a ida dos fuzileiros navais ao Haiti.
Projéteis fragmentados
- Há possibilidade de danos sim. Não há como dizer que isso não acontecerá com o emprego dessas armas. O problema é que o tiro de 7,62 atravessa o alvo e atinge um ponto não determinado - analisou o ex-instrutor de tiro do Batalhão de Operações Especiais (Bope), Paulo Storani.
No caso dos disparos feitos pelo 5,56, os projéteis se fragmentam quando atingem o alvo.
- A munição tem menos potência e até menos precisão. No caso do FAL 7,62, o tiro possui maior penetração - comentou Ronaldo Olive, especialista em armas.
Na época em que comissões da PM definiram que a utilização do M-16 reduziria o número de vítimas de balas perdidas, o governo fechou a compra de 2.500 armas deste tipo. Duas mil foram destinadas à PM. O restante, para a Polícia Civil.
Não é a primeira vez que a Marinha doa armas para a polícia. Há dois anos, o Bope recebeu 70 fuzis, de calibre 7,62, tipo FAL.
- Eu prefiro o 7,62, que é a maior parte dos nosso fuzis. O tiro é mais preciso - afirmou o coronel Mário Sérgio Duarte, da Secretaria de Segurança Pública.
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