sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O CERTO PELO ERRADO - O ERRADO PELO CERTO - CORONEL DE POLÍCIA CONY


Desde o início do nosso movimento pela dignidade do policial militar venho observando quanta hipocrisia por parte daqueles que ficaram estarrecidos com as palavras do nosso ex-corregedor, Coronel Paúl, quando este disse que o policial militar, mal pago, é presa fácil para os corruptos de cada rua e de cada esquina deste Estado.
Muitos somente entenderam esta fala como sendo uma assertiva de que, pelo fato do policial militar ganhar pouco isto não lhe dava o direito de aceitar ou pedir propina. É claro que para nós, nada, nenhum erro, nenhuma falha, nenhum equívoco, nenhuma atitude ou comportamento errado justifica o aceite ou o pedido de uma propina por parte de qualquer policial militar. Isto é exatamente nosso pensamento e nossas atitudes.
Mas quem nunca ouviu, em uma roda de amigos, as frases “Qualquer coisa em dou uma grana pro PM e tá tudo certo” ou, “ Eu avancei o sinal e o PM me pediu uma grana, eu dei vintinho e ficou tudo certo, pois, a multa era trezentos e ainda fiquei no lucro”.
Será que essa nossa sociedade nunca vai dizer, “ Avancei o sinal, ofereci uma grana pro PM, ele não aceitou e me multou” ou, “Errei, fiz besteira, ofereci uma grana pro PM, ele não aceitou, mas, mesmo assim, me liberou pela maneira com que o tratei”.
Quantos já passaram por essa situação, mas, fizeram questão de dizer, em suas rodas sociais, exatamente o contrário. Que teve que dar grana pro PM, que foi extorquido pelo PM, que foi achacado pelo PM? Tudo isso por quê? Por que essa vontade de sempre dizer que o guarda é que errou, já que quem cometeu o erro foi você? Por que não aceitamos que somos uma sociedade acostumada com o que é errado? Por que dirigimos sem carteira? Por que bebemos dirigindo? Por que entregamos nossos carros na mão de nossos filhos inabilitados? Por que avançamos o sinal? Por que você, ao ler este texto e lembrar-se das besteiras que já fez, vai sempre arrumar uma desculpa para o erro ter sido do guarda ?
Por quê?
Por quê?
A dignidade de um homem não está somente em avaliar comportamentos certos como CERTOS ou errados como ERRADOS, mas sim, é ter a consciência de estar agindo CERTO, de estar cumprindo com suas obrigações sociais de forma a não cometer o ERRADO, esperando que devido a esse erro, que o guarda cometa outro ato ERRADO.
Ser CERTO é não ter que aceitar o ERRADO como o CERTO, para apagar o seu erro.
Sendo assim, se você está CERTO não dê, e nem tem motivos para dar nada ao guarda, mas se estiver ERRADO, aceite seu erro e peça ao guarda para agir CERTO e cumprir a lei.
Assim você estará CERTO que não agiu ERRADO e ele, o guarda, estará CERTO que também não agiu ERRADO.


DARIO CONY DOS SANTOS

Coronel de Polícia


JUNTOS SOMOS FORTES!



PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CIDADÃO BRASILEIRO PLENO

3 comentários:

Anônimo disse...

E assim, fica "REVOGADA" a "Lei de Gérson"!
Tem de haver uma contra-cultura ao "jeitinho".
É difícil, mas terá que acontecer.


Turma 76

Anônimo disse...

O acima comentado é o cerne da questão hoje na sociedade. Devmos ter essa"educação para cidadania", que infelizmente está "em baixa" no nosso meio social. É "esperto" quem burla a Lei e quem consegue "vantagem"!!!
Os pais e professores têm que "trabalhar" a cabeça das crianças no sentido do ÉTICO, da VERDADE e da RAZÃO; Como o descrito no texto trazido pelo Sr Cel PM.

CHRISTINA ANTUNES FREITAS disse...

Sr.Cel Cony:

Além de tudo que foi bem desenhado pelo Sr., que são as atitudes CERTAS e ERRADAS, existe talvez no próprio seio da PMERJ um certo "desprezo" por aqueles que agem certos em defesa de vítimas de delitos atualmente comuns.
Há uns três anos atrás, fui roubada no Centro de Cidade, e um Cabo PM juntamente com dois "Jovens pela Paz", esforçaram-se ao máximo e pegaram o menor (devia ter pelo menos 1m80cm) com minha carteira com dinheiro e celular.
Fomos para a Delegacia do Menor e ficamos mais ou menos umas cinco horas para que tudo fosse resolvido.
O Cabo ainda levou o menor ao Souza Aguiar, pois o mesmo dizia que estava com dores no braço.
Lógico que como eu, o Cabo e os Jovens pela Paz não haviam almoçado.
Tentei comprar um sanduiche e eles não aceitaram.
O Cabo e os Jovens, ficaram até o final da ocorrência.
No dia seguinte, fiz uma carta ao Comandante do mesmo, elogiando a postura do Policial. Fiz o mesmo com os dois Jovens pela Paz.
Entreguei pessoalmente as cartas.
O tempo passou e procurei saber se o Cabo teria sido agraciado com um elogio.
Qual a minha surpresa?
Nem elogio por escrito, nem elogio verbal.
O Cabo certamente fez o trabalho dele, mas em momento algum foi incentivado pelo seu Comandante a continuar procedendo de forma correta.
Será que depois desse episódio, teria ele corrido atrás de meliantes, com a mesma determinação que fez no meu caso?
Acredito que não!
Tenho certeza que o Cabo, os Jovens e eu, fizemos nossa parte.
Pena que o Comandante do mesmo, não fez a parte dele!
Acredite, fiquei com vergonha pelo policial...

Parabéns pelo Artigo!

CHRISTINA ANTUNES FREITAS