domingo, 3 de julho de 2011

FICÇÃO FORMA OPINIÃO? - COMENTANDO UM COMENTÁRIO.

Preliminarmente, devo pedir desculpas por não estar interagindo no espaço dos comentários. Não tenho feito isso por absoluta falta de tempo. Tenho tentado pelo menos manter a moderação em dia e assim permitir que os comentaristas troquem opiniões entre si. Logo que conseguir organizar melhor o tempo, voltarei a conversar nos comentários.
Hoje eu postei esse comentário e resolvi comentá-lo:
"Acompanho o seu blog e acho que o senhor tá fazendo uma tremenda confusão, novela é ficção, não tá afirmando uma verdade absoluta, embora muitas vezes pode até ter acontecido. Por outro lado, ocupar a justiça, entulhar de ação por melindres é um pouco demais, na hora que os senhores realmente precisarem da justiça por algo realmente sério vão se perguntar o porque da lerdeza. Lutem por algo que faça sentido como a anistia dos bombeiros, que eles não sejam punidos pelos seus superiores por um reivindicação justa. O resto é abobrinha".
Anônimo
O comentário é pertinente, ele versa sobre a ideia acionarmos a TV Globo em razão de ofensas veiculadas em uma novela contra Policiais Militares e Guardas Municipais.
Não quero discutir apenas a validade ou não de acionarmos a Globo, mais sim também sobre uma impressão que considero completamente equivocada sobre obras de ficção, respeitando o pensamento do comentarista.
Na época do lançamento livro que deu origem aos filmes Tropas de Elite, eu era o Corregedor Interno e comentei com o Comandante Geral, Coronel Hudson, que deveríamos instaurar um IPM em razão da profissão dos autores, da proposta e do contido no livro. O Comandante estranhou, alegou que era obra de ficção, mas concordou que eu fizesse uma exposição de motivos para que a instauração do IPM fosse avaliada pelo Ministério Público (MP) da Auditoria de Justiça Militar (AJMERJ).
A resposta do MP foi a mesma do Comandante Geral, se tratava de uma obra de ficção, portanto, o IPM não foi instaurado, contra a minha vontade.
E por que eu queria instaurar um IPM a respeito do contido em uma obra de ficção?
Simples, pela proposta, pelo conteúdo e pela profissão dos autores do livro, como escrevi anteriormente.
O livro foi anunciado com uma obra baseada em fatos reais que sofreram vertiginosas ficções, alterando nomes, datas, lugares, etc.
E quem são os autores?
Dois deles são (eram) Capitães da Polícia Militar.
Diante desses fatos concretos, temos a seguinte situação:
O livro, uma narrativa que tinha como autores dois especialistas em Polícia Militar, descrevia vários crimes, muitos deles praticados nas atividades da Polícia Militar e por Policiais Militares.
A grande pergunta que, na minha opinião, precisava ser respondida pelos autores em um IPM, uma Sindicância ou uma Averiguação?
- Quais eram os fatos reais?
Os crimes? Já que o resto seriam as vertiginosas ficções.
Nesse caso os autores seriam os autores, as testemunhas ou ouviram falar sobre eles, nessa última hipótese o que fizeram, considerando inclusive que um deles era do serviço ativo?
Nesse ponto surge um novo questionamento:
- O livro fez sucesso e os filmes fizeram sucesso, isso em razão dos crimes narrados pelos especialistas ou pelo fato de terem sido trocados, nomes, datas, locais, etc?
Não preciso responder.
Prezado comentarista, quando um especialista escreve uma obra de ficção sobre a sua especialidade, como ocorreu no livro, ele convence que a ficção e a realidade são a mesma coisa.
Você não concorda?
Imagine se o Oficial com maior experiência na área correcional (controle externo), tendo Chefiado uma DPJM e exercido a função de Corregedor Interno, resolve escrever um livro de ficção com vertiginosas ficções com o título:
"A CORRUPÇÃO DENTRO DA CORREGEDORIA DA POLÍCIA MILITAR".
Será que os leitores considerariam ficção uma narrativa contida no livro sobre um Corregedor que ganhou R$ 100 mil para não excluir uma guarnição de PATAMO acusada de vários crimes?
Penso que a quase totalidade começaria a desconfiar da lisura do aparelho Correcional da PMERJ.
Agora, se esse mesmo Oficial escrevesse um livro de ficção sobre a vida em outros planetas, tema que não é especialista, certamente a quase totalidade dos leitores não acreditaria em nenhuma linha, consideraria tudo invenção (ficção).
Escrito isso penso que a TV Globo ao colocar um personagem de ficção falando sobre corrupção na Polícia Militar e na Guarda Municipal, considerando inclusive que o problema existe, o que funciona como um reforço na formação da opinião pública, ela ofendeu de forma concreta os PMs e os GMs, portanto, acionar o poder judiciário é uma reação normal e justa.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREDOR INTERNO

4 comentários:

Anônimo disse...

Se a novela falassem mal dos gays, logo teriam passeatas etc contra tal atitude,mas se tratando de PM , isto é fichinha pois acham que somos tudos coruptos.

Alexandre, The Great disse...

Cel Paúl: observe que o comentarista afirma que os esforços deveriam se concentrar na "anistia dos BMs". Ora... o sr. ainda dá supedâneo a tipos como este aí?
Está claro que o seu foco é desfocar. Das 2 , uma: é da "grobo" ou é "du guvernu".

justiça disse...

JUSTIÇA
Caros Companheiros, até a presente data NÓS estamos fazendo um grande trabalho, refiro-me ao trabalho de investigação que vem trazendo a tona, as mazelas de todos os integrantes do Governo, com certeza ainda tem muita gente para fazer parte dessa lista, não podemos esquecer os super. salários do secretário de segurança, é bom que seja posta por quem tenha acesso, bem como devemos investigar o Sr. Fichtner homem de confiança do governador, porém isso é pra que não se faça injustiça e tachemos todos de corruptos, até agora comprovadamente temos o Sr. Sergio Cortês e seu cunhado que foi afastado no caso TOESSA, a promiscuidade do Sr. Governador com empresários, as farras fiscais com dinheiro publico, a ascensão meteórica de uma advogada que era auxiliar na câmara dos deputados e hoje representa os interesse de grandes consorciadas do Governo do Estado, a Sr. 1ª DAMA, vamos lá minha gente esse é o trabalho que mais sabemos fazer, investigar e fazer levantamentos. Sorte na empreitada JUNTOS SOMOS FORTES.

Mosaico disse...

A ficção possui relação,por vezes misteriosa, com o contexto.
Ora bolas! É fato que todo discurso objetiva influenciar, daí formar opinião. Um texto sempre é político, seja carregado de traços de literariedade ou planfetário e claramente enganjado...
Permanece para todos efeitos a indeterminação da relação presumida no comento, pois prevalesce o conceito do verossímil. O que não impede a inteligência de buscar apreender as verdades expressas na forma ficcional.