04/02/2011 - A DESVALORIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO
Realizado anualmente, o último Censo da Educação Superior do Ministério da Educação (MEC) constatou que o número de formandos dos cursos de Pedagogia e Normal Superior - que preparam professores para as primeiras séries da educação básica - caiu pela metade, em quatro anos. Em 2009, 52 mil docentes concluíram esses cursos, ante 103 mil, em 2005. O Censo também registrou queda no número de graduandos nos cursos de licenciatura, que preparam professores para lecionar nas últimas séries do ensino fundamental e nas três séries do ensino médio.
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Em 2005 foram 77 mil e, em 2009, 64 mil. No mesmo período, porém, o total de formandos no ensino superior passou de 717 mil para 826 mil.
Isso ocorre porque, ao contrário do que ocorria há quatro ou cinco décadas, quando o professor dos antigos cursos de 1.º e 2.º graus gozava de enorme prestígio social, as novas gerações não se sentem atraídas pelo magistério público. Por causa do aviltamento dos salários, mas em grande parte também por causa das péssimas condições de trabalho - especialmente nas escolas públicas situadas em bairros pobres e nas periferias das grandes cidades - e da subsequente desvalorização da carreira, os jovens de hoje estão optando por cursos que proporcionam, tanto no setor público quanto na iniciativa privada, carreiras com salários mais altos e trabalho mais gratificante.
Para tentar reverter essa tendência de queda do número de alunos nos cursos superiores destinados à formação de docentes e acabar com o déficit de professores qualificados nas escolas públicas, o MEC tomou duas importantes medidas. A primeira foi a criação, em 2008, do piso nacional para o professorado, com o objetivo de unificar o salário de ingresso no magistério público, em todo o País. Este ano, o piso foi estabelecido em R$ 1.183 para os professores com jornada de 40 horas semanais de aula. No entanto, por falta de recursos orçamentários, pelo menos seis Estados continuam pagando bem abaixo desse valor.
A segunda medida foi adotada pelo MEC em 2009, com o lançamento do Plano Nacional de Formação de Professores. A iniciativa tinha por objetivo qualificar os 636 mil professores das redes escolares municipais e estaduais de ensino infantil, fundamental e médio que não tinham curso superior ou vinham lecionando em área diferente daquela em que se formaram, assegurando vagas em universidades públicas e adotando estímulos pecuniários, sob a forma de prêmios e bolsas de estudo. A ideia era oferecer pelo menos 331 mil vagas, até 2011. Mas, como a experiência está em andamento e a conclusão dos cursos de pedagogia e licenciatura leva tempo, a medida ainda não surtiu os efeitos esperados pelas autoridades educacionais.
Para os especialistas em educação, o cenário é preocupante. A falta de professores preparados compromete ainda mais a qualidade do ensino da rede escolar pública e condena milhões de crianças e adolescentes a uma formação abaixo dos padrões exigidos pelo mercado de trabalho e pelo desenvolvimento científico e tecnológico. O gargalo do sistema educacional está, justamente, na deficiência da formação nos níveis fundamental e médio.
Além disso, para melhorar as condições de aprendizagem dos estudantes, o MEC incorporou mais uma série ao ensino fundamental, que passou a ser de nove anos. Adotada em 2006, a medida vem sendo implementada gradativamente e, a partir de 2016, em todos os municípios brasileiros as crianças terão de começar a ser alfabetizadas aos 5 anos de idade. Sem professores em número suficiente para lecionar nas primeiras séries das redes municipais e estaduais de ensino fundamental, essa política certamente fracassará.
A única maneira de reverter esse quadro, trazendo mais jovens para o magistério público, é oferecer um salário inicial atraente e assegurar boas condições de trabalho. Sem isso, não há como tornar a carreira atraente - e, sem professores preparados e motivados, o Brasil não superará o seu passivo educacional.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO
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Em 2005 foram 77 mil e, em 2009, 64 mil. No mesmo período, porém, o total de formandos no ensino superior passou de 717 mil para 826 mil.
Isso ocorre porque, ao contrário do que ocorria há quatro ou cinco décadas, quando o professor dos antigos cursos de 1.º e 2.º graus gozava de enorme prestígio social, as novas gerações não se sentem atraídas pelo magistério público. Por causa do aviltamento dos salários, mas em grande parte também por causa das péssimas condições de trabalho - especialmente nas escolas públicas situadas em bairros pobres e nas periferias das grandes cidades - e da subsequente desvalorização da carreira, os jovens de hoje estão optando por cursos que proporcionam, tanto no setor público quanto na iniciativa privada, carreiras com salários mais altos e trabalho mais gratificante.
Para tentar reverter essa tendência de queda do número de alunos nos cursos superiores destinados à formação de docentes e acabar com o déficit de professores qualificados nas escolas públicas, o MEC tomou duas importantes medidas. A primeira foi a criação, em 2008, do piso nacional para o professorado, com o objetivo de unificar o salário de ingresso no magistério público, em todo o País. Este ano, o piso foi estabelecido em R$ 1.183 para os professores com jornada de 40 horas semanais de aula. No entanto, por falta de recursos orçamentários, pelo menos seis Estados continuam pagando bem abaixo desse valor.
A segunda medida foi adotada pelo MEC em 2009, com o lançamento do Plano Nacional de Formação de Professores. A iniciativa tinha por objetivo qualificar os 636 mil professores das redes escolares municipais e estaduais de ensino infantil, fundamental e médio que não tinham curso superior ou vinham lecionando em área diferente daquela em que se formaram, assegurando vagas em universidades públicas e adotando estímulos pecuniários, sob a forma de prêmios e bolsas de estudo. A ideia era oferecer pelo menos 331 mil vagas, até 2011. Mas, como a experiência está em andamento e a conclusão dos cursos de pedagogia e licenciatura leva tempo, a medida ainda não surtiu os efeitos esperados pelas autoridades educacionais.
Para os especialistas em educação, o cenário é preocupante. A falta de professores preparados compromete ainda mais a qualidade do ensino da rede escolar pública e condena milhões de crianças e adolescentes a uma formação abaixo dos padrões exigidos pelo mercado de trabalho e pelo desenvolvimento científico e tecnológico. O gargalo do sistema educacional está, justamente, na deficiência da formação nos níveis fundamental e médio.
Além disso, para melhorar as condições de aprendizagem dos estudantes, o MEC incorporou mais uma série ao ensino fundamental, que passou a ser de nove anos. Adotada em 2006, a medida vem sendo implementada gradativamente e, a partir de 2016, em todos os municípios brasileiros as crianças terão de começar a ser alfabetizadas aos 5 anos de idade. Sem professores em número suficiente para lecionar nas primeiras séries das redes municipais e estaduais de ensino fundamental, essa política certamente fracassará.
A única maneira de reverter esse quadro, trazendo mais jovens para o magistério público, é oferecer um salário inicial atraente e assegurar boas condições de trabalho. Sem isso, não há como tornar a carreira atraente - e, sem professores preparados e motivados, o Brasil não superará o seu passivo educacional.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO
3 comentários:
Gostaria que o senhor me desse a honra de visitar o meu blog
cremildadentrodaescola.worpress.com
Estarei colocando a minha opinião da falta de alunos nos cursos de pedagogia.
O buraco é bem mais embaixo
Como não sou professora e nem autoridade, também não sou jornalista com interesses de mimar a categoria dos professores.
Sou livre e acho que sou um pouco o menino da fábula que denunciava a nudez do rei.
Também lí a notícia, acho importante mas o problema tem raizes muito mais profundas e várias raízes desembocam para o problema
1- O professor ainda é a categoria mais bem avaliada pelo povo. Só perde para o corpo de bombeiros.
2- Teve tempo onde o professor não era criticado. Isso era no tempo da ditadura onde era crime criticar os abusos dos agentes do poder público. Professor é agente do poder público
Nesse tempo escola pública era para rico, pobre só ia até o quarto ano do antigo primário.
Naquele tempo professora entrava em pânico se os pais ameaçassem colocar seus filhos na professora particular. Era sinal que ela não era capaz.Hoje os professores não se acham na obrigação de ensinar e até cobram que os pais ensinem em casa ou coloquem seus fihos em escola particular.
3-Aa escolas estão fechando, na gestão Chalita em apenas um ano fecharam 300 escolas.
Hoje a educação mudou, e aluno não é igual ao que fomos na década de 40.Apesar dos maus tratos, das ofensas,dos espancamentos e do abandono, aluno sabe dos seus direitos e muitos reagem, isso os coloca para fora da escola.São expulsos os mais rebeldes, os lideres e os mais dificeis e as escolas, turnos e salas vão fechando.
Esse é um dos motivos.
A oferta de trabalho diminui e a procura pelos curso diminui também.
Hoje para dar aula, precisa ser parente de um politico, ou seu apaniguado.
Temos ainda na escola pública especialmente de São Paulo, os educadores, que são os professores com vocação e sabem da importância de sua atuação na formação de um cidadão.
A maioria não quer nada mesmo.
Ficam na escola alguns anos, como temporário, ganhando uma miséria e seus anos contando ponto.Nâo trabalham com a desculpa que ganham mal, e depois esses anos que ficou na escola enganando conta pontos para ele fazer o concurso, se efetivar e se tornar um inimputável. Se quando era temporário não era combrado por conta do seu padrinho, depois de concursado ele é imexível.
A profissão deixou de ser um modelo.
Os melhores alunos da sala não querem ser professores. Quem quer copiar um modelo horrendo?
Então essas são algumas das vertentes e algumas das raizes.
Não basta aumentar salario, que um bom salario não garante um bom serviço, tem que fiscalizar o serviço
O professor não é visto como um prestador de serviço.
Os pais que são quem paga o serviço não pode cobrar.
Os alunos que usam o serviço são vistos como estorvo e o problema da escola.São expulsos das escoals.
Ensinar é muito dificil. Professor é a profissão mais importante do planeta.Tudo começa ou acaba com ele.
Não existe alunos bonzinhos que falam sim senhor, não senhor para tudo. Aluno exige professor comprometido e que tenha talento para segurar uma classe como os adolescentes da periferia falam
segurar "na moral".Querem crianças eu naõ sejam irriquietas e adolescentes que não questionam
Esse tipo de aluno bonzinho que fica parado só fazendo o que o professor quer, não existe.
Então, querido é mais ou menos por ai.
Cremilda, visitei.
Sou professor, filho e pai de professor, conheço as lutas e as dificuldades.
O Brasil continuará afundadndo na lama da cleptocracia enquanto a escola não ajudar na construção da cidadania e a atual escola deixa muito a desejar.
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