sábado, 22 de março de 2008

A SEGURANÇA PÚBLICA E SUAS LACUNAS - CORONEL RONALDO ANTONIO DE MENEZES


A Segurança Pública ocupa atualmente um grande espaço no cotidiano do povo brasileiro e ganha importância ainda mais incisiva entre os que residem ou trabalham nas grandes cidades. O tema passou a ser debatido nas rodas de amigos, nas praias, nos bares e aparece com destaque na agenda de todos os candidatos aos cargos executivos nas eleições que se avinzinham, contudo, o axioma futebolístico de que todo brasileiro é um técnico não deve ser aplicado de forma análoga na questão.

As análises de todos os segmentos e as opiniões e sugestões de qualquer cidadão devem ser consideradas e são importantes para a percepção dos anseios sociais e para o direcionamento da atividade policial, porém, nem todos são especialistas em segurança pública, mesmo assim, aqueles que integram as instituições Policiais não podem prescindir das experiências individuais daqueles que as adquirem ao longo dos anos de labuta e, muitas vezes, as pessoas e até governantes têm uma visão limitada do problema.

As populações das metrópoles conservam-se em pânico; no lugar do sentimento de segurança, são tomadas por uma atmosfera de pavor, comumente potencializada pela midiatização promovida pelos meios de comunicação, acostumados a focalizar somente os aspectos abjetos da sociedade.

Criou-se um maniqueísmo perverso de que a criminalidade e a violência são decorrentes, única e exclusivamente, da atuação, positiva ou negativa, da Polícia Militar, talvez em razão da Instituição personificar o Poder Público ao ser o órgão cujos agentes estão mais próximos da população, que pode ter seus préstimos solicitados por um simples aceno de mão ou através de um telefone público.

É remansoso o entendimento de que as causas da violência urbana estão no desordenamento das cidades; na desagregação familiar; na miséria e sua exploração política; no completo abandono pela administração pública da infra-estrutura de saneamento, habitação, educação e saúde; e, na falta de uma política pública de segurança efetiva, que prime pela soma de esforços dos diversos poderes e esferas de governos, por conseguinte, observa-se que a Polícia Militar constitui apenas uma das engrenagens que movem a máquina social.

A idéia, por vezes hipócrita, de que os Policiais Militares são responsáveis pelos fracassos na área de Segurança Pública é injusta e encobre a real face do problema; as crises, por conta de pressões da opinião pública, de forças políticas ou de exploração da mídia, são tratadas por intermédio de medidas anódinas e temporárias, que não dão solução adequada ao problema mas satisfazem às cobranças, usando recursos de aplicação imediata e boa visibilidade, que não demandam esforços mais complexos, estes sim adequados e profícuos, mas que revelariam o âmago da questão e imporiam a assunção de papéis que tanto assusta a alguns.

A PMERJ trabalha arduamente para cumprir seu mister, combatendo a criminalidade e a violência sem debater suas causas e origens e, não raramente, preenchendo a grosso modo o espaço deixado por outros setores, pois quem tem a missão de servir e proteger não pode afastar-se de suas obrigações, tampouco justificar o crime posando de mero expectador.

Ronaldo Antonio de Menezes
Coronel de Polícia



JUNTOS SOMOS FORTES!

"CORONÉIS BARBONOS"



PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CIDADÃO BRASILEIRO PLENO

Um comentário:

CHRISTINA ANTUNES FREITAS disse...

Sr. Cel Ronado Menezes:

Parabéns pela lucidez do artigo.
Continue escrevendo sempre, pois a Família Militar Estadual espera ansiosa, palavras que demonstrem que ela não está só, ou melhor, com poucos.

Um abraço,
CHRISTINA ANTUNES FREITAS