quinta-feira, 27 de março de 2008

FOLHA UNIVERSAL - O PREÇO DA TRAIÇÃO - JULIANA VILAS


"Se a vingança é prato que se come frio, a traição é remédio amargo que não cura, mas gera efeitos colaterais, muitas vezes irreversíveis, não só em quem foi traído, mas também no traidor. Que o diga o ex-governador de Nova York, Eliot Spitzer, que renunciou ao cargo depois que suas relações freqüentes com prostitutas vieram à tona, no início do mês. Spitzer, filiado ao partido Democrata, apoiava a candidatura de Hillary Clinton. Sim, a mulher do antigo presidente Bill Clinton.
Logo depois que o escândalo tornou-se público, a equipe da campanha da ex-primeira-dama e pré-candidata à presidência dos Estados Unidos rejeitou o apoio publicamente. Não por acaso. Afinal, quem não se lembra do episódio Monica Lewinsky?
Em 1998, o mundo todo ficou sabendo, com riqueza de detalhes sórdidos, do romance extraconjugal que o então presidente Clinton mantinha com Lewinsky, estagiária da Casa Branca. Assim como no caso Clinton, a vida privada de Spitzer ficou conhecida por todos e ele foi perdoado pela mulher traída. Quando o governador assumiu pela primeira vez o envolvimento com a rede de prostituição, ela estava ao lado dele no palco, em silêncio. Quando o ex-presidente assumiu o caso com a estagiária, Hillary também estava ao lado dele. Aliás, está até hoje. Só que, agora, é candidata com grandes chances de assumir a presidência e o coadjuvante da história é ele. Ela perdoou, como boa parte das mulheres traídas nos Estados Unidos prefere fazer quando descobre a infidelidade do marido famoso, mas renega o apoio de Spitzer, até por estratégia eleitoral: sabe que 70% dos moradores de Nova York pediram a renúncia dele por causa do escândalo.
Embora ninguém esqueça do caso Lewinsky, Hillary conseguiu reverter a situação positivamente e apagar sua imagem de esposa resignada e digna de dó.
Se a traição, na maioria dos casos, destrói lares felizes, carreiras políticas e romances perfeitos, pode também revolucionar de forma positiva a vida das pessoas.
Segundo o escritor e filósofo russo Vassili Vassilievitch Rozanov (1856-1919): “Das grandes traições iniciam-se as grandes renovações”.
Pode ter sido o caso de Hillary. E foi, sem dúvida, o caso da enfermeira paulista Marizia Coelho, de 47 anos, que depois de separar-se do marido, que insistia em manter duas famílias, deu a volta por cima, fez faculdade depois dos 40 e criou os filhos com suor e dignidade. “Se ele tivesse terminado com a outra quando descobri da primeira vez, eu o teria perdoado.Mas ele prometeu ser fiel, manteve o caso com a amante e continuou mentindo. Não pude suportar ser enganada”, lembra. Se ainda estivesse com ele, Marizia não teria saído de casa e não teria as experiências profissionais e pessoais que viveu (leia depoimento na pág. 11).
Nem sempre, entretanto, a traição é impulso renovador.
Na maior parte dos casos, ela é devastadora e só causa dor, raiva e remorso.
Quem já foi traído sabe que a vingança é o primeiro desejo a vir à mente quando a mentira é descoberta. Com o passar do tempo, essa vontade se esvai, mas a confiança, algo quase sagrado para a maioria das pessoas, não se reconstrói facilmente.
O cientista político e doutor em sociologia Aluizio Alves Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estudou o impacto da deslealdade nas relações sociais.
Ele defende que a traição é o procedimento mais execrável entre todos, segundo os valores da cultura cristã ocidental.
Usando o exemplo de Judas Iscariotes, que traiu Jesus Cristo (leia quadro ao lado), ele afirma: “Judas traiu o que há de mais sagrado pelo que há de mais profano: entregou Cristo por 30 moedas. O peso de sua própria consciência, por ter praticado ato tão vil, levou-o ao suicídio.
A traição existe quando um membro de um grupo social ligado por algo sagrado rompe com tal sacralidade, voltando as costas ao grupo em troca de algo profano, como algum benefício material ou prazer momentâneo”, explica Aluizio.
Por isso, a traição, seja nas relações amorosas, de trabalho ou de amizade, é imperdoável na maior parte dos casos.
O temor de ser traído tem também razões biológicas.
Segundo Jorge Nogueira, psicólogo evolucionista, ele é fruto de uma programação genética.
“A infidelidade sexual é perigosa porque pode encerrar a linha hereditária do indivíduo, pode representar a morte de seus genes. Por isso, a humanidade desenvolveu um instinto de precaução contra esse mal”, atesta Nogueira.
Em épocas remotas, o fato de um homem se apaixonar por outra e ir embora significava a morte da mulher e da prole dela. Já para o macho humano, esse instinto pode evitar que ele cuide do filho de outro.
A reportagem da Folha Universal ouviu, nas ruas, a opinião das pessoas sobre traição e constatou: na hora H, quem está prestes a trair avalia principalmente se vale a pena perder a confiança de alguém importante em troca de algumas horas de prazer ou qualquer recompensa material.
Demagogia ou não, a maior parte dos entrevistados garante que o “crime” não compensa.
Todos os que já foram traídos e não perdoaram afirmaram que sentiram muita vontade de se vingar ou de ver seu traidor sofrer de culpa. Mas depois, descobriram que a indiferença é o melhor remédio.
Confiar duas vezes em quem o traiu, no entanto, nem pensar!"


JULIANA VILAS



JUNTOS SOMOS FORTES!



PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CIDADÃO BRASILEIRO PLENO

3 comentários:

Anônimo disse...

Copiado do Blog do Gustavo de Almeida:
"Quinta-feira, 27 de Março de 2008
Trincheiras cariocas
Trincheiras cariocas é o nome de ótima série que o jornal Correio Brasiliense, da capital federal, está realizando há alguns dias. Na série, abordaram as conseqüências graves da pressão a que são submetidos os profissionais de Segurança Pública do Rio de Janeiro. Vale a pena ler:

TRINCHEIRAS CARIOCAS
Rotina perturbadora
O convívio diário com a violência do Rio de Janeiro faz policiais civis e militares acumularem sérios problemas de saúde. Distúrbios psicológicos já são a segunda maior causa de afastamentos na PM
Ricardo Miranda
Da equipe do Correio
Rio de Janeiro — Uma das radiografias mais completas feitas sobre os policiais civis e militares fluminenses mostra duas corporações doentes, com homens desmotivados e salários achatados, arriscando suas vidas com equipamentos defasados, estresse acima do suportável e taxas de mortalidade consideradas “absurdas”. O estudo do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (Claves), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostra um impressionante aumento das taxas de vitimização de policiais nos últimos 10 anos, decorrentes da falta de planejamento, das precárias condições de trabalho e até mesmo das cargas horárias excessivas provocadas pelo duplo emprego.

Chefe da pesquisa, intitulada “Estudo comparativo sobre riscos profissionais, segurança e saúde ocupacional dos policiais civis e militares do estado do Rio de Janeiro”, Maria Cecília Minayo diz que os policiais também são vítimas da violência, tantos são os danos psicológicos sofridos com o convívio diário com a morte. A chamada “naturalização da violência” tem ainda outro efeito colateral perverso: faz os policiais enxergarem-na como algo comum à realidade, quase irreversível. Isso diminui a capacidade do policial de atender a sociedade.

A “guerra” diária travada no combate à criminalidade já deixa seu exército de mortos e feridos. De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP) do governo do estado, 144 policiais militares foram mortos em 2006, sendo apenas 19% (27) em serviço. Nesse período, 337 policiais foram feridos em serviço e 363 quando estavam de folga. Entre 2002 e 2006, o número de policiais mortos chega a 776. Nesse período, o número de feridos chega a quase 4 mil.

A mãe do Soldado Darvan Jefferson Pereira das Chagas, 25 anos, assassinado em 5 de agosto de 2004, enquanto patrulhava uma rua, é dura: - “Policial vive pior que qualquer cidadão. A escolha dele pela farda foi para não ter que ficar na fila de emprego. Ele escolheu a PM para ter uma segurança”, conta Tânia Braveza, 47 anos, desempregada, moradora de Vilar dos Teles, na Zona Norte do Rio. Ela lembra o dia em que perdeu o filho. Darvan saiu de casa com R$ 25 na carteira. - “A sociedade tem que saber que eles (os PMs) são gente. As pessoas olham para eles como se fossem bichos”, desabafa.
Segundo a pesquisa, entre as principais lesões físicas permanentes estão deformidades no pé, perna, coluna, dedos, mãos ou braços. No aspecto psicológico, quase 40% dos policiais militares afirmam ter problemas durante o sono, contra 53,5% dos policiais civis. Quase metade de ambas as categorias alegam problemas como nervosismo ou tensão, reflexo do cotidiano estafante nas ruas do Rio.
Além disso, 13% dos policiais militares alegaram fazer uso de algum tipo de tranqüilizante para relaxar, contra 10% dos civis. Não existe, apesar disso, qualquer tipo de apoio ou serviço especializado para tratar esses males. Os problemas psicológicos já são a segunda maior causa de afastamento na corporação da Polícia Militar, informação praticamente desconhecida pela opinião pública. Em 2007, foram 1.161 casos, número só superado pelas lesões traumáticas, segundo estatísticas do Departamento Geral de Saúde da PM".

Anônimo disse...

Embora discorde da IURD em muitos aspectos; neste mister existe unanimidade:"Ele defende que a traição é o procedimento mais execrável entre todos, segundo os valores da cultura cristã ocidental"; do Cientista Político Aluízio Alves Filho.

Turma 76

CHRISTINA ANTUNES FREITAS disse...

Sr. Cel Paúl:

A Traição é difícil de ser compreendida.
É tipo um digerir um prego: sempre deixará marcas...
Existem tipos de traidores muito interessantes:

O ESPAÇOSO: o cara trai, e se acha o máximo por ter traído. Alardeia a quatro ventos sua traição.

O ARREPENDIDO: Assume a traição, pede desculpas, faz aquela cara de cachorro carente! Dependendo do caso, aqueles que foram traidos tem uma tendência grande a engolir o sapo. Perdoar não: Traição não tem perdão!

O ENVERGONHADO: Ao ser constatada a traição passa batido por todos, se isola, não fala, e com bastante certeza, nunca mais olhará no fundo dos olhos de quem traiu.

O COVARDE: É um misto de todos os tipos acima, pois trai e ainda coloca a culpa nos outros pela traição:
ou foi impelido pelas circunstâncias, ou traiu por um profundo amor à causa.

Infelizmente a traição seja de maridos, mulheres, Políticos, amigos, chefes, etc., é feia demais!!! Chega a ser patética!

Um abraço,
CHRISTINA ANTUNES FREITAS