DIA ON LINE - 30/3/2008 01:40:00
Áreas violentas esquecidas
Distribuição de equipamentos da Polícia Militar, como viaturas e cabines, está muito abaixo da necessidade de combate ao crime em regiões com maiores extensões, população e criminalidade
Paula Sarapu e Thiago Prado
Paula Sarapu e Thiago Prado
"Rio - Privilegiados na distribuição do efetivo da Polícia Militar, os batalhões da Zona Sul e do Centro também concentram o maior número de viaturas, em detrimento de áreas com índices de criminalidade, população e extensão territorial mais altos. Levantamento feito por O DIA nos batalhões da Região Metropolitana mostra que a Zona Sul tem 62 viaturas para percorrer os 41,8 quilômetros quadrados dos bairros policiados por três unidades. Para se ter uma idéia da disparidade, o batalhão de Botafogo (2º BPM) dispõe de 30 carros para rodar em 15 quilômetros quadrados, enquanto o 15º BPM (Duque de Caxias) tem 29 viaturas para circular em 468,3 quilômetros quadrados.
As proporções desiguais de homens e recursos para garantir a segurança nas ruas se reflete na criminalidade. Caxias teve no ano passado 501 homicídios, quase 10 vezes mais que na Zona Sul. A PM, mais uma vez, não quis se pronunciar sobre os critérios para a distribuição dos recursos de logística da corporação. Desde terça-feira, O DIA vem mostrando que a balança do efetivo da PM pesa mais para os bairros de maior poder aquisitivo.
Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), usados oficialmente para planejar a segurança, mostram que a população e os índices de criminalidade nas zonas Norte e Oeste, na Baixada Fluminense, em Niterói e São Gonçalo são mais elevados que os Zona Sul.
O Leblon, por exemplo, tem o maior número de cabines do Rio: são 19, distribuídas pela orla e também pelos bairros de Ipanema e de São Conrado. Apesar de ter somente 14 viaturas, a região — de 21,5 quilômetros quadrados — ganha em número de policiais que fazem patrulhamento a pé, contribuindo para a sensação de segurança dos moradores. Na área atuam, ao todo, 913 PMs, 185 a mais que o batalhão de Rocha Miranda (9º BPM).
A unidade do subúrbio tem números superiores em todos os quesitos analisados para se planejar o policiamento: tamanho da região, população e favelas. Na área, em 2007, 25.324 roubos e furtos e 454 homicídios. Já o Leblon contabilizou 7.376 roubos e furtos e 28 homicídios.
‘ESPELHO INVERTIDO’
Para a coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, da Universidade Cândido Mendes (Cesec), Sílvia Ramos, o mapa de distribuição de policiais e equipamentos é um “espelho invertido” do mapa que registra a taxa de assassinatos na Região Metropolitana. “A Zona Sul apresenta padrão de Primeiro Mundo, enquanto regiões do 16º BPM (Olaria), 22º (Maré) e Santa Cruz (27º BPM) vivem um terror”, compara.
“Tudo indica que há outra lógica para nortear essa distribuição que não a lógica de proteção de vidas. Privilegia-se a proteção do patrimônio, com compromisso com o poder aquisitivo e a capacidade de pressão de pessoas desses setores”, critica. Em Mesquita, Nova Iguaçu e Nilópolis, policiadas pelo 20º BPM, a situação se repete. Lá, há apenas uma cabine e 30 carros para dar segurança e coibir crimes num espaço de 581,5 quilômetros quadrados — uma viatura para cada 19,38 quilômetros quadrados. Copacabana, por sua vez, tem uma viatura em cada 290 metros quadrados, na medida em que são 18 carros circulando em pouco mais de 5 quilômetros quadrados. Em um ano, o 20º BPM viu o roubo a pedestres subir de 2.761 para 4.108 ocorrências. Copacabana teve, no mesmo período, 978 casos.
Carências na região de Niterói
Niterói, São Gonçalo e Itaboraí lideram o ranking de carência de viaturas por área patrulhada: um carro para cada 32,55 quilômetros quadrados. A região, ao contrário da tendência de todo o estado, conviveu, ano passado, com aumento no índice de veículos roubados: 1.156 carros foram levados, ante 1.043 em 2006.Os batalhões da Zona Oeste, que enfrentam problemas como tráfico de drogas e milícias, também acabam prejudicados na matemática da distribuição. A área do Centro, repleta de agências bancárias e sedes empresariais, conta com o dobro de viaturas que a região do 14º BPM (Bangu), que tem 20 carros para patrulhar uma área gigantesca. “Aqui na Zona Oeste até temos mais viaturas, mas não há efetivo suficiente para usá-las”, admite o comandante do 2º Comando de Policiamento de Área (Zona Oeste), coronel Paulo César Lopes. Hoje, o batalhão de Bangu tem 650 PMs. Lopes diz que o Quadro de Distribuição do Efetivo (QDE) de 1977 aponta que a unidade deveria ter 1.470 homens. Na região de Campo Grande, patrulhada pelo Regimento de Polícia Montada (RPMont), há um carro a cada 12,44 quilômetros quadrados.
Jacarepaguá e Barra também não são contempladas com a melhor distribuição. As duas unidades têm 861 PMs, 61 viaturas e nove cabines para policiar uma área de 282,5 quilômetros quadrados. Na região, também contrariando a tendência do estado, houve forte aumento de roubo de carros — passou de 497 para 626 casos.
EFETIVO CONCENTRADO NO PALÁCIO
Atualmente, o local do Rio mais protegido pela PM está, sem dúvida, na Zona Sul. Dados do Departamento Geral de Pessoal (DGP) da PM mostram que o Palácio Guanabara tem hoje 255 policiais para cuidar do patrimônio da casa. Os homens fazem parte da 1ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM).
O número cresce ainda mais se contabilizados os policiais cedidos para secretarias e gabinetes que ficam dentro do Palácio. A Casa Civil, por exemplo, que é sediada no local, tem 342 PMs, segundo levantamento de O DIA publicado em fevereiro. Na época, a estatística revelava que havia 2.311 PMs lotados em órgãos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário das esferas municipais, estaduais e federais. Procurado, o chefe da Casa Civil, Régis Fichtner, não foi encontrado para se pronunciar sobre o elevado número de PMs longe do patrulhamento das ruas. A assessoria da Secretaria de Segurança preferiu não retornar as ligações para esclarecer.
Há ainda na PM os casos de unidades que nada têm a ver com o policiamento ostensivo e que conta com muitos praças e oficiais nos seus quadros. É o caso, por exemplo, do Hospital Central da Polícia Militar, que, segundo dados do ano passado, tinha 950 homens. Para lá, são encaminhados policiais e seus parentes com problemas de saúde.
A Companhia de Música da PM, responsável por treinar as bandas que se apresentam em solenidades da tropa, tem 145 homens. Já o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças, que qualifica os recrutas da corporação, tem 831 militares. Mas o que impressiona é o número de PMs na ‘geladeira’ da corporação, o DGP: há 2.510 policiais nessa situação, recebendo salários mas fora do dia-dia do trabalho."
As proporções desiguais de homens e recursos para garantir a segurança nas ruas se reflete na criminalidade. Caxias teve no ano passado 501 homicídios, quase 10 vezes mais que na Zona Sul. A PM, mais uma vez, não quis se pronunciar sobre os critérios para a distribuição dos recursos de logística da corporação. Desde terça-feira, O DIA vem mostrando que a balança do efetivo da PM pesa mais para os bairros de maior poder aquisitivo.
Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), usados oficialmente para planejar a segurança, mostram que a população e os índices de criminalidade nas zonas Norte e Oeste, na Baixada Fluminense, em Niterói e São Gonçalo são mais elevados que os Zona Sul.
O Leblon, por exemplo, tem o maior número de cabines do Rio: são 19, distribuídas pela orla e também pelos bairros de Ipanema e de São Conrado. Apesar de ter somente 14 viaturas, a região — de 21,5 quilômetros quadrados — ganha em número de policiais que fazem patrulhamento a pé, contribuindo para a sensação de segurança dos moradores. Na área atuam, ao todo, 913 PMs, 185 a mais que o batalhão de Rocha Miranda (9º BPM).
A unidade do subúrbio tem números superiores em todos os quesitos analisados para se planejar o policiamento: tamanho da região, população e favelas. Na área, em 2007, 25.324 roubos e furtos e 454 homicídios. Já o Leblon contabilizou 7.376 roubos e furtos e 28 homicídios.
‘ESPELHO INVERTIDO’
Para a coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, da Universidade Cândido Mendes (Cesec), Sílvia Ramos, o mapa de distribuição de policiais e equipamentos é um “espelho invertido” do mapa que registra a taxa de assassinatos na Região Metropolitana. “A Zona Sul apresenta padrão de Primeiro Mundo, enquanto regiões do 16º BPM (Olaria), 22º (Maré) e Santa Cruz (27º BPM) vivem um terror”, compara.
“Tudo indica que há outra lógica para nortear essa distribuição que não a lógica de proteção de vidas. Privilegia-se a proteção do patrimônio, com compromisso com o poder aquisitivo e a capacidade de pressão de pessoas desses setores”, critica. Em Mesquita, Nova Iguaçu e Nilópolis, policiadas pelo 20º BPM, a situação se repete. Lá, há apenas uma cabine e 30 carros para dar segurança e coibir crimes num espaço de 581,5 quilômetros quadrados — uma viatura para cada 19,38 quilômetros quadrados. Copacabana, por sua vez, tem uma viatura em cada 290 metros quadrados, na medida em que são 18 carros circulando em pouco mais de 5 quilômetros quadrados. Em um ano, o 20º BPM viu o roubo a pedestres subir de 2.761 para 4.108 ocorrências. Copacabana teve, no mesmo período, 978 casos.
Carências na região de Niterói
Niterói, São Gonçalo e Itaboraí lideram o ranking de carência de viaturas por área patrulhada: um carro para cada 32,55 quilômetros quadrados. A região, ao contrário da tendência de todo o estado, conviveu, ano passado, com aumento no índice de veículos roubados: 1.156 carros foram levados, ante 1.043 em 2006.Os batalhões da Zona Oeste, que enfrentam problemas como tráfico de drogas e milícias, também acabam prejudicados na matemática da distribuição. A área do Centro, repleta de agências bancárias e sedes empresariais, conta com o dobro de viaturas que a região do 14º BPM (Bangu), que tem 20 carros para patrulhar uma área gigantesca. “Aqui na Zona Oeste até temos mais viaturas, mas não há efetivo suficiente para usá-las”, admite o comandante do 2º Comando de Policiamento de Área (Zona Oeste), coronel Paulo César Lopes. Hoje, o batalhão de Bangu tem 650 PMs. Lopes diz que o Quadro de Distribuição do Efetivo (QDE) de 1977 aponta que a unidade deveria ter 1.470 homens. Na região de Campo Grande, patrulhada pelo Regimento de Polícia Montada (RPMont), há um carro a cada 12,44 quilômetros quadrados.
Jacarepaguá e Barra também não são contempladas com a melhor distribuição. As duas unidades têm 861 PMs, 61 viaturas e nove cabines para policiar uma área de 282,5 quilômetros quadrados. Na região, também contrariando a tendência do estado, houve forte aumento de roubo de carros — passou de 497 para 626 casos.
EFETIVO CONCENTRADO NO PALÁCIO
Atualmente, o local do Rio mais protegido pela PM está, sem dúvida, na Zona Sul. Dados do Departamento Geral de Pessoal (DGP) da PM mostram que o Palácio Guanabara tem hoje 255 policiais para cuidar do patrimônio da casa. Os homens fazem parte da 1ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM).
O número cresce ainda mais se contabilizados os policiais cedidos para secretarias e gabinetes que ficam dentro do Palácio. A Casa Civil, por exemplo, que é sediada no local, tem 342 PMs, segundo levantamento de O DIA publicado em fevereiro. Na época, a estatística revelava que havia 2.311 PMs lotados em órgãos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário das esferas municipais, estaduais e federais. Procurado, o chefe da Casa Civil, Régis Fichtner, não foi encontrado para se pronunciar sobre o elevado número de PMs longe do patrulhamento das ruas. A assessoria da Secretaria de Segurança preferiu não retornar as ligações para esclarecer.
Há ainda na PM os casos de unidades que nada têm a ver com o policiamento ostensivo e que conta com muitos praças e oficiais nos seus quadros. É o caso, por exemplo, do Hospital Central da Polícia Militar, que, segundo dados do ano passado, tinha 950 homens. Para lá, são encaminhados policiais e seus parentes com problemas de saúde.
A Companhia de Música da PM, responsável por treinar as bandas que se apresentam em solenidades da tropa, tem 145 homens. Já o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças, que qualifica os recrutas da corporação, tem 831 militares. Mas o que impressiona é o número de PMs na ‘geladeira’ da corporação, o DGP: há 2.510 policiais nessa situação, recebendo salários mas fora do dia-dia do trabalho."
Um Soldado da Polícia Militar que trabalha nas ruas do Rio de Janeiro ganha menos de R$ 30,00 (trinta reais) por dia, metade do que recebe uma diarista, para arriscar a sua vida em defesa da vida do cidadão fluminense.
Valorizar o Soldado de Polícia Militar eis a solução!
"No mínimo, o mínimo regional, como soldo!"
JUNTOS SOMOS FORTES!
VAMOS MUDAR A SEGURANÇA PÚBLICA!
POVO E POLÍCIA!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CIDADÃO BRASILEIRO PLENO
Um comentário:
SABEMOS QUE AINDA HÁ MUITAS COISAS A SEREM REVELAS.
ESSA INFELIZMENTE É MAIS UMA REALIDADE DA NOSSA POLÍCIA/POLÍTICA DE SENSAÇÃO DE SEGURANÇA PARA ALGUNS.
PÓLICIA PARA INGLÊS VER.
SD GUIMARÃES
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