segunda-feira, 31 de março de 2008

COMENTANDO UM ARTIGO DO JORNALISTA GUSTAVO DE ALMEIDA


O grupo dos “Coronéis Barbonos” não possui líder e nem porta-voz, embora alguns noticiários tenham atribuído ao autor desse blog a condição de líder do grupo, quando o interesse era “bater” no líder para enfraquecer a mobilização.
Uma estratégia comum em mobilizações, criar um líder para atingir o grupo através de sua “queda”.
Esse esclarecimento inicial é importante para deixar claro que esse artigo é de minha inteira responsabilidade e não representa a opinião dos “Coronéis Barbonos”
E falando em estratégias, uma bastante salutar no campo político é não replicar notícias contrárias aos seus objetivos.
Via de regra, diante de uma notícia ruim, melhor silenciar ou sair pela tangente, minimizando o fato e abrir uma nova discussão.
Vou violar essa regra, replicarei uma notícia ruim e vou comentar o artigo do jornalista Gustavo de Almeida, postado no seu blog pessoal, nesse domingo.
Eu aprendi a respeitar as opiniões do jornalista Gustavo de Almeida - que sempre apoiou a nossa mobilização cívica - considerando que ele dedica boa parte dos seus artigos à área da segurança pública, um setor carente de especialistas na mídia brasileira, apesar da importância do tema.
Portanto, vale a pena violar essa estratégia, acima de tudo em respeito ao jornalista Gustavo de Almeida.
E destaco que o objetivo não é criticar o artigo, apenas sinalizo outra visão sobre os fatos citados.
Obviamente, Gustavo de Almeida tem suas “fontes” para fundamentar a argumentação sobre a “opinião do Palácio Guanabara a respeito do movimento dos Coronéis Barbonos”; porém não apenas os jornalistas têm suas “fontes”, nós, policiais, temos e somos “fontes”, pois a nossa capilaridade é quase que absoluta na engrenagem estatal.
Lendo o artigo identifico “equívocos”, entretanto não posso ser tão duro quanto o anônimo que acusou o jornalista de repassar uma “mentira”, considerando que as suas “fontes” e a sua interpretação dos fatos, o levaram às conclusões contidas no artigo.
É muito raro, quase impossível, que um de nós possa ter uma visão completa sobre determinado fato. As nossas conclusões são fruto do que absorvemos e quase sempre, deixamos de receber várias informações importantes, o que nos leva a conclusões parciais.
E assim sendo, cometer "equívocos" de avaliação é extremamente comum, eu os cometo todo dia.
O maior equívoco do artigo é misturar a mobilização dos “Coronéis Barbonos”; a mobilização dos “40 da Evaristos” (denominação dada por Gustavo de Almeida) e a mobilização cívica decorrente da “união” dessas duas mobilizações.
As duas primeiras pararam quando começaram as reuniões na AME/RJ.
O próprio blog dos "Coronéis Barbonos" fciou meio que "anestesiado".
Todos os atos cívicos realizados esse ano foram realizados pela mobilização cívica e não pelos “Coronéis Barbonos” ou pelos “40 da Evaristo”.
Foram atos decididos em Assembléias Gerais na AME/RJ, onde Coronéis mais antigos que os “Barbonos” compareceram, o que significa dizer que não se pode falar em decisões dos “Barbonos”, naquela fase da mobilização.
E apenas para citar um exemplo, a proposta para que todos os Comandantes, Chefes e Diretores presentes na assembléia solicitassem exoneração, em razão da exoneração do Coronel Ubiratan, foi feita por um dos Coronéis mais antigos e que não era um “Barbono”.
Outro equívoco é o fato de citar o Coronel Ubiratan de Oliveira Angelo como sendo um dos “Coronéis Barbonos”, o que é uma inverdade e pode ser testemunhado por todos os “Coronéis Barbonos”.
Em nenhum momento o Coronel Ubiratan foi um “Barbono”, embora talvez fizesse parte do grupo, caso não fosse o Comandante Geral.
O parágrafo a seguir que trás a principal notícia, contém uma contradição, que demonstra a dificuldade do tema.
Primeiro cita que o Palácio Guanabara (Governador) praticou as ações, depois isenta o Governador do trato de assuntos de segundo escalão:
“Agora, é fato mais que notório que o Palácio Guanabara dissolveu o movimento. Trocou o comandante, exonerou coronéis, colocou um ex-Barbono no comando-geral, sinalizou forte e passou para a próxima pauta como se o movimento de nove (oito) coronéis da PMERJ fosse apenas um alarido na vizinhança. E diga-se: o governador Sérgio Cabral jamais opina em assuntos de segundo escalão. Quem colocou o coronel Gilson Pitta Lopes foi efetivamente o secretário Beltrame.”
Afinal, quem praticou as ações contra os “Coronéis Barbonos”?
Ou será que exonerar Coronéis é assunto de primeiro escalão e nomear o Comandante Geral é assunto de segundo escalão?
Isso sem considerar que dos “Coronéis Barbonos”, o único a ser exonerado a contra gosto fui eu, pois os outros pediram exoneração por escrito. O que também ocorreu com os Tenentes Coronéis Príncipe (BEPE); Roberto (6º BPM); Havani (18º BPM) e Magno (DGP/DPA).
Em prosseguimento, Gustavo de Almeida cita 5 (cinco) erros cometidos pelos “Coronéis Barbonos”:
1- Pregaram a divisão entre PM e Polícia Civil.
Primeiro, a visão do autor no texto sobre a situação da Polícia Civil, na época citada, é personalíssima e nunca tinha lido algo semelhante!
Nunca pregamos qualquer divisão.
O máximo que fizemos foi solicitar na “Carta dos Barbonos” a equiparação salarial com a Polícia Civil, o que, aliás, foi a pretensão salarial inicialmente apresentada pelo Comandante Geral, Coronel Ubiratan, muito antes de nós e publicamente.
E por falar em mobilizações, o que aconteceu com a mobilização dos Policiais Civis?
Será que a mídia também os amordaçou ou a mobilização está em curso?
2- Demoraram a alcançar os praças.
O que significa alcançar os praças?
Seria informar aos praças?
Nas reuniões na AME/RJ compareciam Coronéis, Tenentes Coronéis, Majores, Capitães e Tenentes, os quais certamente comentavam nas suas Organizações Policiais Militares com os praças, o que ocorria nas reuniões.
Quem não comentou, errou.
Na época, antes de ser condenada ao silêncio, a mídia divulgou amplamente a mobilização, através de jornais, revistas e televisões.
Na internet, inúmeros blogs e sites divulgaram a mobilização cívica.
Portanto, não era tarefa fácil desconhecer o que estava ocorrendo.
Porém, devemos reconhecer, não houve uma estratégia específica para interiorizar a mobilização, divulgando nos Batalhões de Polícia do interior do estado.
Isso é fato, isso foi um erro.
O texto a seguir demonstra que um oficial não-Barbono prestou uma informação errada ao jornalista, basta ler a “Carta dos Barbonos” para desacreditar essa “fonte”.
“Um oficial não-barbono já me questionou, em uma conversa na qual eu defendia (como ainda defendo, só que pessoa por pessoa) os coronéis Barbonos: "Você já reparou que grande parte da lista de reivindicações já poderia estar sendo feita pelos próprios Barbonos?”.
Qual a "grande parte da lista" de reivindicações que poderíamos ter feito e não fizemos?
3- Não blindaram os oficiais hierarquicamente inferiores.
E como os “Coronéis Barbonos” podem fazer isso depois de terem os seus pedidos de exoneração aceitos?
Essa missão recai nesse momento sobre os Coronéis e os Tenentes Coronéis (Comandantes, Chefes e Diretores) que apoiaram a mobilização, inclusive solicitando exoneração como os “Barbonos” e que não foram exonerados.
Eles podem impedir essa alegada “retaliação”.
4- Atacaram a pessoa, não a situação.
Os “Coronéis Barbonos” teriam errado ao atacar o Governador.
Bem, se os “Coronéis Barbonos” atacaram o Governador do Estado do Rio de Janeiro, algo de muito grave deve estar acontecendo, pois nenhum dos “Coronéis Barbonos” foi preso disciplinarmente; nem mesmo chegamos a responder um Documento de Razões de Defesa (que precede a punição disciplinar) e não temos notícia de estamos indiciados em um Inquérito Policial Militar.
Por quê?
De duas uma, ou não atacamos, ou alguém resolveu assimilar os golpes para diminuir os efeitos dos "ataques".
5- Fizeram movimentos demais, manifestações demais.
“As reuniões na AME deveriam ser toda semana. Mas os eventos de rua deveriam ser reduzidos a dois em seis meses.”
Dois movimentos de rua em 6 (seis) meses!
Sinceramente, percebo um erro de avaliação política nessa conclusão.
Os movimentos de rua estão sendo a grande dor de cabeça política, considerando que atingem o mais precioso patrimônio de um político, a imagem.
Dois movimentos em 6 (seis) meses seriam inócuos para dar visibilidade a nossa mobilização, por maior que fosse o número de participantes.
Porém o erro na avaliação política não é o maior equívoco e sim, o fato de que os “Coronéis Barbonos” não realizaram nenhum movimento de rua, isoladamente.
Nós participamos das mobilizações.
Na verdade, os movimentos de rua, começaram em 2007, pelos “40 da Evaristo” e realizados de maneira extraordinária.
Ordeiros, pacíficos e muito bem organizados.
Os movimentos de rua realizados em 2008 foram todos decididos nas assembléias gerais da AME/RJ, sendo que em uma delas compareceram mais de 40 (quarenta) Comandantes, Chefes e Diretores.
Em uma das “marchas democráticas” - movimento de rua - chegamos a ter quase 20 (vinte) Coronéis da ativa da Polícia Militar e destes a maioria ainda está Comandando, Chefiando ou Dirigindo.
Por derradeiro, transcrevo o último parágrafo do artigo do jornalista Gustavo de Almeida, que deve servir de reflexão para todos nós – Coronéis e Soldados da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar:

“Por tudo isso, mantenho o que eu digo: os Barbonos, foram, sim, superados pelo governo. O que, de maneira nenhuma, desmerece a luta deles.”


JUNTOS SOMOS FORTES!

DEUS ESTÁ NO COMANDO!



PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CIDADÃO BRASILEIRO PLENO

Um comentário:

Anônimo disse...

O jornalista é contratado do jornal O Dia?
É?
Então tá explicado!


JUNTOS SOMOS FORTES!