Domingo de praia, águas claras, sol a pino, como há semanas não víamos por aqui. Um dos melhores lugares para se estar no mundo, certo? Não, segundo os responsáveis pela segurança nas ruas do Leblon, bairro alardeado como o último paraíso de tranqüilidade da nossa cidade.
Para mim, o bairro não pode mais ter essa alcunha desde o dia em que presenciei uma cena de truculência inacreditável: um banhista e sua namorada foram covardemente arrastados, com direito a coronhadas de fuzil sob a acusação de “desacato à autoridade”. Essa mesma polícia se sentiu no direito de arrancar o telefone celular da minha mão por eu ter fotografado a cena grotesca. Fui ameaçado de prisão pelo descontrolado oficial da lei que empunhava um fuzil. Não obstante, os policiais lançaram uma quantidade inacreditável de spray de pimenta em uma multidão repleta de mulheres e crianças.
Após serem vaiados por uma multidão formada por cidadãos esclarecidos e intolerantes a uma ação completamente despropositada, um dos oficias responsáveis, incomodado com a “incompreensão” da massa, disparou aos gritos uma frase que não sai mais de minha cabeça e merece reflexão. Disse ele, do alto de sua sabedoria, a plenos pulmões: ”isso aqui e Rio de janeiro; não querem isso, comprem uma Ferrari e se mudem para beverly Hills!” .
Posso relatar com riqueza de detalhes o ocorrido, pois estava lá: um oficial da lei, devidamente fardado, teoricamente mantendo a segurança nas areias do Leblon , deliberadamente “cantou “ a mulher do banhista sem qualquer pudor . O banhista e sua namorada, talvez pelo absurdo da situação, foram excessivamente agressivos (com palavras, é bom que fique claro) com o policial abusado. Dai para frente, uma série de absurdos passou a ocorrer , culminando com coronhadas de fuzil na moça e no rapaz, tentativa de apreensão de celulares, medo das vitimas em registrar queixa de agressão etc. Mas pouco importa o motivo da prisão. Esse não é o cerne da questão. O cerne é que a culpa disso tudo é minha. Minha, sua e de todos nós.
Há anos acompanhados e deterioração de valores e referências como meros espectadores passivos. Assistimos a tolerância e simpatia como contraventores em período de carnaval; políticos cometendo descalabros; e, finalmente, a nossa própria tolerância e complacência com nosso famoso “jeitinho”. Seja porque achamos conveniente pagar propina a um oficial da lei em troca de não sermos multados quando cometemos infrações “leves” de trânsito, seja para defender usuários de drogas como efeito e não a causa seja por inúmeras razões que todos conhecemos. Mas a raiz é uma só: estamos plantando sementes erradas e certamente não colheremos o que estamos esperando. Quando um oficia , de fuzil em punho, adentra as areias pacatas do Leblon agredindo banhista, a culpa é nossa , pois já olhamos para a polícia com desprezo. Ninguém os trata como efeito, e sim como causa.
É preciso rever urgentemente nossa postura , já que somos pessoas civilizadas que vivem em sociedade. Se o governador está em litígio com a Polícia Militar, isso pouco nos importa, não por falta de interesse, mas simplesmente porque nada podemos fazer para mudar esse quadro. Devemos, portanto, nos ater ao que está ao nosso alcance. Podemos tratar a polícia com respeito que autoridades deveriam inspirar. Que fique claro :respeito e não medo. A começar por nunca, em nenhuma hipótese, pagar propina se estivermos ocorrendo em delito, por menor que seja. Falou no celular ao volante? Desculpe –se e pague a multa. Podemos denunciar o comportamento indevido de autoridades que se acham no direito de flertar com as esposas e namoradas dos outros .Podemos votar melhor e parar de aceitar os descalabros que acontecem em nossa cidade como o caminho sem volta .Podemos ficar felizes por aqui, sem ter que comprar carros esportivos caríssimos e nos mudarmos para alguma cidade de sonhos Hollywoodianos. Podemos fazer nossa parte, plantando uma semente positiva e fazendo a coisa certa, em vê de tentar justificar nossas próprias atitudes injustificáveis como reflexos do meio em que vivemos, posição certamente mais confortável, mas seguramente mais irresponsável também. Podemos assumir o controle e, assim nos tornarmos a causa e não o efeito.
Sejamos, portanto mais honestos, gentis e justos. Exatamente aquilo que queremos que nossa polícia seja. E que o façamos o mais rapidamente possível, sob o risco de se tornarem mais freqüentes as cenas que vi na praia do Leblon no último domingo. Antes que comecemos a achar, também isso, normal.
Para mim, o bairro não pode mais ter essa alcunha desde o dia em que presenciei uma cena de truculência inacreditável: um banhista e sua namorada foram covardemente arrastados, com direito a coronhadas de fuzil sob a acusação de “desacato à autoridade”. Essa mesma polícia se sentiu no direito de arrancar o telefone celular da minha mão por eu ter fotografado a cena grotesca. Fui ameaçado de prisão pelo descontrolado oficial da lei que empunhava um fuzil. Não obstante, os policiais lançaram uma quantidade inacreditável de spray de pimenta em uma multidão repleta de mulheres e crianças.
Após serem vaiados por uma multidão formada por cidadãos esclarecidos e intolerantes a uma ação completamente despropositada, um dos oficias responsáveis, incomodado com a “incompreensão” da massa, disparou aos gritos uma frase que não sai mais de minha cabeça e merece reflexão. Disse ele, do alto de sua sabedoria, a plenos pulmões: ”isso aqui e Rio de janeiro; não querem isso, comprem uma Ferrari e se mudem para beverly Hills!” .
Posso relatar com riqueza de detalhes o ocorrido, pois estava lá: um oficial da lei, devidamente fardado, teoricamente mantendo a segurança nas areias do Leblon , deliberadamente “cantou “ a mulher do banhista sem qualquer pudor . O banhista e sua namorada, talvez pelo absurdo da situação, foram excessivamente agressivos (com palavras, é bom que fique claro) com o policial abusado. Dai para frente, uma série de absurdos passou a ocorrer , culminando com coronhadas de fuzil na moça e no rapaz, tentativa de apreensão de celulares, medo das vitimas em registrar queixa de agressão etc. Mas pouco importa o motivo da prisão. Esse não é o cerne da questão. O cerne é que a culpa disso tudo é minha. Minha, sua e de todos nós.
Há anos acompanhados e deterioração de valores e referências como meros espectadores passivos. Assistimos a tolerância e simpatia como contraventores em período de carnaval; políticos cometendo descalabros; e, finalmente, a nossa própria tolerância e complacência com nosso famoso “jeitinho”. Seja porque achamos conveniente pagar propina a um oficial da lei em troca de não sermos multados quando cometemos infrações “leves” de trânsito, seja para defender usuários de drogas como efeito e não a causa seja por inúmeras razões que todos conhecemos. Mas a raiz é uma só: estamos plantando sementes erradas e certamente não colheremos o que estamos esperando. Quando um oficia , de fuzil em punho, adentra as areias pacatas do Leblon agredindo banhista, a culpa é nossa , pois já olhamos para a polícia com desprezo. Ninguém os trata como efeito, e sim como causa.
É preciso rever urgentemente nossa postura , já que somos pessoas civilizadas que vivem em sociedade. Se o governador está em litígio com a Polícia Militar, isso pouco nos importa, não por falta de interesse, mas simplesmente porque nada podemos fazer para mudar esse quadro. Devemos, portanto, nos ater ao que está ao nosso alcance. Podemos tratar a polícia com respeito que autoridades deveriam inspirar. Que fique claro :respeito e não medo. A começar por nunca, em nenhuma hipótese, pagar propina se estivermos ocorrendo em delito, por menor que seja. Falou no celular ao volante? Desculpe –se e pague a multa. Podemos denunciar o comportamento indevido de autoridades que se acham no direito de flertar com as esposas e namoradas dos outros .Podemos votar melhor e parar de aceitar os descalabros que acontecem em nossa cidade como o caminho sem volta .Podemos ficar felizes por aqui, sem ter que comprar carros esportivos caríssimos e nos mudarmos para alguma cidade de sonhos Hollywoodianos. Podemos fazer nossa parte, plantando uma semente positiva e fazendo a coisa certa, em vê de tentar justificar nossas próprias atitudes injustificáveis como reflexos do meio em que vivemos, posição certamente mais confortável, mas seguramente mais irresponsável também. Podemos assumir o controle e, assim nos tornarmos a causa e não o efeito.
Sejamos, portanto mais honestos, gentis e justos. Exatamente aquilo que queremos que nossa polícia seja. E que o façamos o mais rapidamente possível, sob o risco de se tornarem mais freqüentes as cenas que vi na praia do Leblon no último domingo. Antes que comecemos a achar, também isso, normal.
FELIPE BRONZE
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CIDADÃO BRASILEIRO PLENO
8 comentários:
Não nos esqueçamos de que o Policial vem da sociedade.... não vem de outro planeta, não nasce policial.... vem da sociedade...
Se a sociedade o trata com desprezo, receberá por isso...
Se a sociedade o trata com respeito e urbanidade (é certo que sem medo, pois não há motivo para tal) receberá o mesmo tratamento...
Se o cidadão mantiver em dia as suas obrigações (exemplo IPVA), receberá no máximo um boa noite, bom dia e boa viagem...
Se o policial for motivado por salários rasoáveis, boas condições de trabalho, e se souber que sua sociedade (a quem jura defender) está sempre em dia com suas obrigações, que o trata com respeito, que está a seu lado, e que ao menor sinal de arbitrariedade o denunciará, tudo se tornará "o ideal"...
Mas tudo pode ser comparado como em um jogo... tem que acontecer o apito e o pontapé inicial...
Que não depende da sociedade (e os policiais estão inclusos na sociedade, pois sairam dela e são também são cidadãos plenos e usuários do proprio serviço que prestam), mas sim do governo...
Esse mesmo governo que vira as costas para a segurança publica...
Que se esquece que deixando de lado os policiais, está deixando de lado também a população...
Esse mesmo governo que foi eleito por nós, que fez promessas em campanha não só para o funcionalismo, não só para os policiais militares, civis e bombeiros.... mas fez promessas para todos nós cidadãos...
Alguma cumprida???
Particularmente, falando como policial e como cidadão pleno, chefe de família, sou firme ao afirmar que estou ancioso a aguardar ao menos uma das promessas ser concretizada...
E aqui faço um convite a toda a população fluminense, inclusive a você, Felipe Bronze...
Compareca a nossa mobilização no domingo proximo... conheça os policiais de bem, e veja que na verdade queremos é cuidar da população sim, mas também queremos o reconhecimento de nosso governo para cuidar de nossa família com dignidade...
Não estou aqui advogando em causa daqueles policiais que cometem arbitrariedades, mas sim em causa da grande maioria que é de bem...
Compareca em nosso evento... tire suas conclusões... observe... acompanhe o que a mídia publica... filtre tudo... e veja com os olhos e com a mente... convide amigos...
E quem ganhará com tudo isso somos todos nós, CIDADÃOS FLUMINENSES...
JUNTOS SOMOS FORTES
Senhor Bronze!!!! Discordo do Sr quando diz "...se o Governos do RJ está em litígio com a PM...não é problema nosso...pois nada podemos fazer...". Errado completamente!!!É problema sim de todo cidadão...Com sua posição privilegiada de "formador de opinião" com acesso a órgão de Imprensa respeitável, poderia divulgar com conhecimento de causa a verdade acerca da motivação da "Marcha Democrática" e assim auxiliar sobremaneira na motivação ods bons policiais...
Aproveitando a ilações do Sr Bronze, por onde andam os "especialistas em segurança pública"(será que são!!!!)que sempre alardeiam idéias e "fórmulas mágicas" para a resolução de problemas na área policial??? A verdade é a seguinte: Todo mundo dá palpite, mas na hora que o "bicho pega" todos se escondem e não auxiliam com sua "sabedoria"....Escrever livro contando mazelas é fácil....quero ver usar da força que possuem na Imprensa para "empunhar essa bandeira" da Marcha Democrática"...Chega de hipocrisia e de "ganhar moral" sobre a cabeça da sofrida PMERJ.....Como querem cobrar duma Polícia que paga trinta reais ao dia para um SER HUMANO expor o que tem de mais valor (SUA VIDA!!!!!!!)a uma população que só sabe achincalhar e contar "causos" (vide o Sr Bronze,Sr Ximenes e outros....)
Sou PM de outro Estado mas sempre que posso, acesso o "Site" da UCAM (Universidade Cândido Mendes, sediada no RJ. Lendo artigos e estudos ali inseridos acerca da problemática em segurança pública no RJ, entristeço-me pois vejo claramente um ranço de ódio contra a PMERJ em várias exposições colacionadas. Os estudiosos que ali aportam possuem várias "fórmulas mágicas" para a "solução" da Polícia. Há também boas e sérias idéias nos estudos, bastando vontade política em aplicá-las. Há várias referências a salário digno como forma de melhorar a Polícia...Os PMs do RJ estão agora também dizendo que um salário não aviltante pode fazer com que se melhore a Polícia. Essa é a temática da Marcha Democrática. Pergunto então: Por onde andam esses estudiosos???? Qual a opinião deles acerca da motivação da Marcha Democrática????? Uma vez que são o baluarte da Democracia e Liberdade,(assim passam a idéia!!!) o que teriam a dizer da tentativa de "atentado contra os DIREITOS HUMANOS" perpetrado contra cidadãos policiais militares que pretendem comparecer à marcha no domingo,que estão sendo desetimulados a comparecer????? Porque não se unem aos policiais militares nas reivindicações mais do que justas???? Porque não, comparecer à Marcha domingo e a partir de segunda, dia 18Fev08, escrevr vários artigos sérios e firmes????? É a pergunta que não quer calar!!!!!
Sr. Bronze
Estávamos lá também bem antes disso acontecer e afirmo que vocè pegou " o bonde andando " e não sabe o que está dizendo . Já deixamos o nosso contato para caso precisem de esclarecimentos , pois o que o Sr. escreveu não faz jus a cena causada por aquele " sujeito " antes da cena presenciada pelo Sr. e ele só nao recebeu voz de prisão na hora , pois o policial estava sozinho em seu posto ( no caso viatura ). Dali há várias testemunhas quanto a agressao verbal sofrida por aquele policial , aliás muito comum em nossa sociedade esse tipo de agressão . Fico impressionada com a maneira agressiva e abusiva com que as pessoas tratam os policiais na cidade do Rio de Janeiro . O Sr. não deveria escrever coisas que mal presencia para estar em evidência , isso é decadente .
O que aconteceu com o Sr Bronze é o mesmo que acontece com a sociedade de um modo geral, faz um pré-julgamento levado por um sentimento mesquinho:" SE É PM ENTÃO É CULPADO". Pois é, porque neste país basta ser policial para ser culpado.
Sr Bronze reclame junto as autoridades por um serviço de qualidade, isso é afeto não só ao Sr. , Mas a todo os cidadãos, porquanto não estamos acostumados a cobrar e a coisa continua como antes no quartel de abranches.
Esse tipo de desprezo pela Polícia representa o quanto os valores morais da sociedade estão distorcidos, pois aplaudem o que é mau e vaiam o que é bom.
De fato, colocaram a carroça para puxar o burro.Os postes estão fazendo xixi nos cachorros.
Sr Bronze, O Policial é pago para olhar! E olhar tudo ao seu derredor.Ou será que agora já estão adivinhando os pensamentos do policial?
Eh, sr. Bronzeado! V.Sa. se bronzea, o policial trabalha. Nisto não há que se criticar, mas, com efeito, o Sr. além de se divertir enquanto ele trabalha, ainda se dá o luxo de encher o saco! Ora....
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