quinta-feira, 27 de outubro de 2011

PMERJ - UMA OFENSA AOS DIREITOS DOS DIREITOS.

BLOG DO RVCHUDO:
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
PMERJ – Uma ofensa aos direitos dos direitos.
A PMERJ CRIMINOSA.
Lá longe, pelo ano de 1.994, após uma série de atendimentos no Setor de Psiquiatria do HCPM, com diagnóstico, restrição ao uso de armas e apresentando comportamento anormal, fui novamente encaminhado àquele nosocômio, com oficio e acompanhado de uma guarnição policial militar.
Durante o atendimento, foi indagado pelo Oficial Médico sobre o que aconteceu, sendo respondido que perguntasse a quem determinou o encaminhamento através de oficio, do que o Oficial, sem dizer mais nada, confeccionou outro documento, entregando ao Oficial que comandava a guarnição acompanhante.
Calmamente me deixei levar pela guarnição para o local, até então ignorado. Ao chegar, tratava-se da Clinica Dr. Eiras, em Botafogo, onde, em breve entrevista com outro médico, me foram entregues roupas de internamento. Depois fiquei sabendo que ficaria por período não inferior a vinte dias.
Enquanto isso, minha família procurava informação no quartel para saber meu paradeiro, pois, saiu de casa indo para o trabalho, não havendo retornado. Do quartel não obtiveram nenhuma informação, os levando a procurar em hospitais públicos e até em necrotérios.
Na casa Psiquiátrica, embora houvesse local destinado ao convênio PMERJ, foi alocado em lugar diferente, tendo em vista não haver vaga no andar destinado aos pacientes oriundos da PMERJ. Foi o inferno, convivendo com pacientes fétidos, nus e que andavam, urinavam e defecavam ao mesmo tempo, um cenário de horror.
Consegui que um funcionário fizesse contato com a família, através de telefone, informando o ocorrido. No dia seguinte soube que seu sogro estava na clinica, não sendo atendido pela Diretoria para esclarecer a internação. Como o dia já estava chegando ao final sem solução, seria preciso uma ação drástica em defesa de minha integridade física, uma vez que estava sendo obrigado a ingerir medicação, inclusive com ameaças de agressão.
Daquele inferno era preciso fugir e, num momento de distração do enfermeiro, me apoderei de uma faca do interior de sua marmita, a qual já estava de olho. O objeto serviu de arma para que o obrigasse a abrir a porta de ferro, alcançando o térreo. Soltando o incauto funcionário, vários outros me cercaram, armados com pedaços de madeira, ameaçando atacar. O auge foi quando a ameaça de agressão se voltou para meu sogro, pessoa idosa. Buscando forças não sei onde, parti para o ataque, fugindo com o sogro para a rua.
Foi feito na 10ª D.P o devido registro de ocorrência e contato com sua Unidade para que a Supervisão fosse ao local. Seus pertences foram entregues, sendo conduzido à Unidade, onde participou todo o ocorrido. Da participação foi instaurada uma Sindicância, cujo Sindicante foi o Chefe da Psiquiatria do HCPM que, no Parecer, não identificou anormalidade psíquica, sendo punido com 15 dias de detenção por se evadir do tratamento, da Casa de Horrores. Se não havia sintomatologia compatível com anomalia, por qual motivo foi mandado àquela clinica psiquiátrica sem conhecimento de sua família?
Sabendo da decisão, não mais se apresentou à Corporação, sendo considerado Desertor. Durante o tempo que esteve na condição de Desertor, fez tratamento com psiquiatra particular e, quando se viu em condições satisfatórias e com aquiescência de seu médico, apresentou-se para se ver processado e julgado pelo crime de deserção. Na apresentação, foi imediatamente recolhido ao Xadrez à disposição da Justiça Militar Estadual, onde permaneceria por dois meses até a emissão de alvará de soltura para responder em liberdade. Durante esse tempo, embora houvesse comunicado de seu médico para que continuasse o tratamento em curso, não foi atendido, permanecendo trancado, sem assistência médica.
Não lhe permitiam fazer as refeições no refeitório da Unidade, sendo as mesmas jogadas por baixo da porta da cela. Não havia atividade, sendo mantido 24 horas trancafiado. O banho de sol não era concedido e, quando cobrado, tinha como resposta que só se fosse algemado.
Um dos Oficiais que tirava freqüentemente o serviço de Oficial de Dia, era na época o Capitão Fraga, contemporâneo de meu curso de Sargento. Desde a época de curso, soube que era oriundo da Escola Naval, de onde fora excluído por se apoderar de gabaritos de prova para obter vantagem pecuniária. Ao término do curso de sargentos, ingressou na EsFO, atual APM Dom João VI.
Era este Oficial o pior de meus algozes, junto com seu adjunto, também contemporâneo de CAS, impunham as maiores dificuldades na minha vida carcerária, negando banho de sol, jogando refeição por baixo da porta e outras ilegalidades. Com isso os dois meses que permaneci trancafiado, não realizei nenhuma refeição, me alimentando de biscoitos e alimentos trazidos pela família.
Minha situação psíquica ficou bastante debilitada com a falta de atendimento profissional e medicação, culminando de certo dia atentar contra minha vida, cortando os pulsos. Após algum tempo sangrando, perceberam o ocorrido, encaminhando ao HCPMERJ, onde após ser dopado, foram feitos os curativos nos ferimentos.
No dia seguinte, ao acordar, notei que os utensílio usados para me ferir, estavam todos na cela, não haviam sido retirados. Creio que alimentavam a esperança de que novamente atentasse contra minha vida e, desta vez, com mais eficiência.
Os meses se passaram e fui liberto pela Justiça Militar, transferido de Unidade, julgado e absolvido. Quanto ao meu principal algoz, o Capitão Fraga, assassino do filho do Prefeito de Teresópolis, Mario Tricano; está morto. Desertou após a acusação do brutal crime, foi preso fora do Estado e morto no Complexo Penitenciário da Frei Caneca. Quanto às minhas participações no período encarcerado, nunca tive respostas.
Esta história não é ficção, é realidade. Entre outras tantas não narradas por seus personagens.
Ricardo Oscar Vilete Chudo
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO

Um comentário:

Anônimo disse...

Que história de terror e de covardia contra um militar que precisava de ajuda e lhe foi feito um massacre na sua alma , nunca mais se apagara . Que Deus possa de dar força para não olhar para trás e lembrar dessa injustiça, mais o castigo vem para os algozéis, é certo.