terça-feira, 15 de março de 2011

UPPs: O FRACASSO DE UM PROJETO MERAMENTE ELEITOREIRO.

O leitor habitual do nosso espaço democrático sabe que as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) não passam de um projeto eleitoreiro de um governo que em mais de quatro anos ainda não conseguiu implantar uma política de segurança pública.
O governo Cabral depois de mais de quatro anos ainda paga os piores salários do Brasil aos Policiais Militares do Rio, cerca de R$ 35,00 por dia e não qualifica a tropa nem mesmo de forma sofrível, como fica evidente na falta de um programa contínuo de instrução de tiro e a falta completa de um programa de condicionamento físico para a tropa, citando exemplos fáceis de serem comprovados.
Concebidas a partir de um projeto já implantado há anos pela Polícia Militar, os Grupamentos de Policiamento em Áreas Especiais (GPAEs), as UPPs nada mais são do que GPAEs com o efetivo superdimensionado.
Obviamente, as populações das comunidades onde são implantadas e as comunidades vizinhas festejam as implantações dos Super GPAEs, assim como qualquer comunidade do Rio de Janeiro festejaria a presença maciça de policiamento na rua onde reside, algo raríssimo fora da Zona Sul da Capital.
O único efeito prático nas comunidades é o fato das armas não serem mais exibidas ostensivamente pelos traficantes nas comunidades, pois a venda de drogas continua normalmente. Aliás, as bocas de fumo das comunidades ocupadas não precisam mais ser defendidas por "soldados" do tráfico armados dos ataques das facções rivais, pois os próprios Soldados da própria Polícia Militar acabam "protegendo" essas bocas. Além da venda de drogas, todas as outras ilegalidades continuam nessas comunidades, como o transporte alternativo clandestino.
A implantação das UPPs é caótica, os PMs são jogados nas comunidades sem qualquer infra-estrutura, algumas não possuem nem água potável disponível ou banheiros para serem utilizados pelos PMs que atuam no interior das comunidades. Eles atuam no policiamento a pé, em turnos contínuos de doze horas, algo inconcebível na boa técnica policial. Não possuem o fardamento e os equipamentos adequados, em várias UPPs só existe colete balístico no tamanho GG, o que inviabiliza o uso por PMs de porte médio, sobretudo quando entram em viaturas. Isso sem falar no fato de que em UPPs inauguradas há quase dois anos, os PMs ainda trabalham em containers.
Destaco a situação dramática dos PMs do Interior do Rio de Janeiro que estão obrigados a permanecer na capital trabalhando em UPPs. Existem casos de PMs que gastam mais de oito horas no deslocamento casa-quartel. Alguns deles deveriam estar, por força do edital do concurso de 2008, nos municípios do Interior para os quais foram aprovados, mas a Polícia Militar desrespeitou o edital - a lei do concurso. Eu comuniquei tal abuso ao Ministério Público, mas penso que minha comunicação tenha sido arquivada definitivamente.
Não preciso escrever sobre a desmotivação dos PMs que trabalham nas UPPs, o que pode ser comprovado pela mídia através de entrevistas em "off" com esses jovens Soldados da PMERJ.
No tocante à população do Rio de Janeiro como um todo, a implantação das UPPs é trágica, considerando que a dupla Cabral-Beltrame inventou a tática do "Triplo T", a Tática de Transferência de Traficantes. A ação consiste em não tentar prender os traficantes das comunidades onde são implantadas as UPPs, os quais se transferem com seus fuzis para outras comunidades carentes, reforçando o tráfico existente nelas ou implantando se ele ainda não existir.
A tática TTT foi criada para facilitar a ocupação de muitas comunidades em pouco tempo para atender os interesses políticos eleitoreiros, pois se tentassem prender os traficantes não conseguiriam implantar tantas em tão pouco tempo e ainda ocorreriam os confrontos que maculariam a falsa ideia de PACIFICAÇÃO que tentam sugerir com o paoio da mídia chapa branca.
Por derradeiro, não podemos esquecer um EFEITO COLATERAL que tanta violência já causou no Rio de Janeiro nestes dois anos de existência das UPPs. O fato das ruas terem sido esvaziadas de policiamento, em face do emprego maciço nas comunidades carentes.
Em apertada síntese, o descrito demonstra o caos que são os Super GPAEs, as UPPs.
Diante dessa realidade, o projeto não pode dar certo e está fadado a ser um grande fracasso em médio prazo. Aliás, o projeto ainda não foi implantado nem mesmo em 5% das comunidades carentes do Rio, nos outros 95% continua sendo empregada a velha e condenada tática do "tiro, porrada e bomba", como o noticiário comprova diariamente.
Os que conhecem os problemas da segurança pública no Rio sabem que as UPPs definharam em termos de efetivo em curo prazo e logo serão autênticos GPAEs, um projeto antigo da Polícia Militar, com todos os seus acertos e erros.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO

4 comentários:

87 milhão disse...

O sr.esqueceu de comentar das gratificações que servem pra dividir de vez a corporação e sem contar que até o dia de hoje ele não pagou a de metas e nem dos policiais das UPPs.

Paulo Ricardo Paúl disse...

Vc tem toda razão.
Juntos Somos Fortes!

Anônimo disse...

ATÉ A DATA DE HOJE,NÃO ENCONTREI NADA QUE SINALIZE O ANUNCIADO DO SERGIO CABRAL NOTICIANDO A REDUÇÃO DAS PARCELAS DO AUMENTO DA SEGURANÇA PUBLICA PARA OS PRÓXIMOS DIAS. SERÁ QUE SERÃO OS PRÓXIMOS 365 DIAS?????

Anônimo disse...

Pául a UPP só serviu pra especulação imobiliária. Dê uma lida na excelente matéria publicada pela Folha de Sao Paulo.
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/888964-upp-faz-preco-de-imoveis-disparar-no-rio.shtml
Dê uma lida tb nos comentários feitos pelos leitores da folha, q tb vale a pena.