segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A GUERRA DO RIO DE JANEIRO.

FOLHA DE SÃO PAULO:
25/10/2009 - 10h03
Polícia tenta manter as operações em favelas do Rio
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Há quase um ano a política de segurança do Rio combina operações policiais em favelas e ocupações permanentes em comunidades então dominadas pelo tráfico.
A primeira é uma política iniciada na década de 80, de enfrentamento armado com traficantes. Teve sua marca neste governo na operação em junho de 2007, no complexo do Alemão, reduto do Comando Vermelho, quando a polícia matou 19 supostos traficantes.
A segunda, em fase inicial, foi implementada em apenas cinco favelas da capital. As Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) combinam policiamento maciço e proximidade com moradores das comunidades.
A junção das duas estratégias provoca críticas de especialistas. Na avaliação do sociólogo Michel Misse, da UFRJ, as operações policiais "resultam sempre em mortes", porque "são muitas vezes sem foco e não colocam nada lugar". "Entram e depois saem".
"Há um lado muito correto [da política de segurança] que é a ocupação e logo em seguida em investimento urbano e social, de presença plena do Estado na favela. Há essas posições mais inteligentes, acho que é do próprio secretário. E tem as posições tradicionais que nem sempre são controláveis."
Tripla função
A Folha pediu à assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança para comentar as críticas. As perguntas só foram respondidas por e-mail. Segundo a secretaria, "não há política dupla, mas uma polícia com tripla função, o que não acontece em outros Estados".
"A mesma polícia que faz prevenção e investigação faz o combate ao narcotráfico, e ainda tem as UPPs. O ideal é que fizesse só a prevenção e a investigação. Combate ao tráfico é uma necessidade indesejável do dia a dia, é uma situação típica do Rio de Janeiro". Na Constituição, a atribuição pelo combate ao tráfico de drogas é da Polícia Federal.
Segundo a secretaria, as operações policiais são necessárias para "não deixar o tráfico ganhar corpo".
A secretaria planeja instalar 43 UPPs para atender a 156 favelas. Para isso, teria que ampliar em 12 mil o contingente --os policiais das UPPs passam por processo específico de recrutamento e treinamento. Não há cálculo oficial de custo, mas só o aumento no número de policiais aumentaria em mais de R$ 144 milhões por ano a folha salarial --representaria um aumento de 12% no atual orçamento.
Para a socióloga Silvia Ramos, as UPPs já provocam apreensão dos envolvidos no tráfico. "Se até agora você pode dizer que são só cinco comunidades, e são mais de 900 favelas no Rio, objetivamente não é nada, mas moralmente há sim um resultado", disse.
Desde 2007, houve queda no número de casos de homicídios (10% em dois anos), mas aumento nos casos de roubos a pedestres (46% em dois anos).
Na avaliação do coronel Paulo Ricardo Paúl, ex-corregedor da Polícia Militar, "o modelo utilizado é o de sempre, é o dos governos anteriores: tiro, porrada e bomba". "É uma repetição, não criaram nada novo nesse governo"(Folha online).
A maior prova de que a tática empregada é a reação atabalhoada do governo fluminense após o pouso forçado do helicóptero do GAM, invadindo uma série de comunidades usando a Polícia Militar e a Polícia Civil, que foram transformadas em exércitos invasores.
Nessas ações a morte de civis inocentes é considerado um risco inevitável.
As implantação das UPPs é um projeto político na luta pela reeleição de Sérgio Cabral, pois embora signifique um ganho na sensação de segurança nas quatro comunidades onde foram implantadas, não impede o comércio de drogas e significa o enfraquecimento do policiamento em outras áreas do Rio de Janeiro.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO

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