quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A IDADE DO CINISMO - MARIA LUCIA VICTOR BARBOSA.

A IDADE DO CINISMO
Maria Lucia Victor Barbosa
27/10/2009
Muito já se falou sobre a idade da razão. Conforme opiniões ela pode chegar aos sete, aos 18, aos 21 anos. Talvez, nunca chegue plenamente, já que o ser humano não é feito só de razão, mas também de emoção. Nunca ouvi falar, porém, na idade do cinismo. No entanto, ao ver o presidente da República soprando alegremente as velinhas de seus 64 anos tentei imaginar em que época de sua vida ele atingiu a idade do cinismo.
Lula da Silva era um animador de greves. Desse trampolim pulou para a política, o palco mais visível do cinismo humano, mas, claro, não o único. Hoje o endeusado Lula, se comparado com suas pregações anteriores, se tornou irreconhecível.
Alguns disseram que Lula, um dos artífices do impeachment de Fernando Collor para se vingar da peça que este lhe pregou ao levar na TV Globo, na sua primeira campanha, a mãe de Lurian, é hoje “amicíssimo” do senador, assim como de José Sarney, de Renan Calheiros, de Paulo Maluf, de tantos outros que outrora o ex-partido da ética abominava. Mas o presidente justifica qualquer amoralismo falando em nome de Cristo, pois afirmou que no Brasil Jesus se aliaria a Judas. O gracejo desrespeitoso deve ter lhe rendido muitas palmas e risos cínicos de seus correligionários e bajuladores.
Lula também apela para o célebre “o que tem demais se todo mundo faz”. Isso foi dito em uma entrevista em Paris quando perguntado sobre o caixa dois de seu partido. Já o prestativo Delúbio Soares rebatizou cinicamente a prática de “recursos não contabilizados”.
Altas doses de cinismo presidencial também vêm a público quando ele diz que não vê nada, não sabe nada sobre as “travessuras” de seus companheiros “aloprados”. No “mensalão” ou compra da base aliada foi assim e assim tem sido quando convém. E sua candidata Dilma deve ter chegado à idade do cinismo, pois repete exemplarmente as lições do chefe. Ela nega o “mensalão”, o encontro com Lina Vieira, o dossiê sobre o casal FHC, etc. Por isso dizem que, se Dilma ganhar teremos o terceiro mandato de Lula da Silva, pois é impressionante o mimetismo dos dois. Alegremente eles seguem em acelerada campanha dizendo que não é campanha.
Os extremados e ardorosos petistas dirão que não citei outros políticos. Arrolar todos aqui seria impossível, precisaria escrever um “Tratado sobre o Cinismo” que englobasse a postura de muitos governadores, deputados federais e estaduais, senadores, membros do Judiciário e demais instituições, políticos nacionais e estrangeiros, figuras eminentes do mundo dos negócios, gente não comum e comum.
Porém, se os grandes cínicos da política fazem tanto sucesso, sendo eleitos e reeleitos, é de se perguntar se a sociedade brasileira já nasceu cínica ou se em algum nebuloso momento atingiu a idade do cinismo. Em todo caso, diante da exacerbação da violência no Rio de Janeiro resta a triste constatação de que padecemos de um cinismo brutal que agrega incompetência galopante, indiferença à dor alheia, banalização da morte, vulgarização da vida, irrelevância da ordem, aceitação do tráfico de drogas, tanto da parte das autoridades quanto dos próprios cariocas e dos brasileiros em geral.
O prefeito Eduardo Paes, ex-ardoroso tucano e hoje conveniente peemedebista, afirmou de volta da Europa, na Folha de S. Paulo de 25/12/09, que: “2014 e 2016 é fácil de resolver; enche de polícia na rua e fica tudo certo”. Para não ficar o dito muito cínico o prefeito carioca acrescentou: “Estou preocupado é com a população que vive agora este dia a dia”. Será que alguém está mesmo preocupado?
Ricardo Noblat mostrou no seu site dados interessantes que vale a pena repetir: “1 - O número de favelas no Rio cresceu de 750, em 2004, para 1.020 neste ano. Cerca de 500 são controladas pelo tráfico. A venda de cocaína rende algo como R$ 300 milhões por ano aos bandidos.
2 – Compete a Polícia Federal combater o tráfico. Quantas vezes este ano ela foi vista escalando morros?
3 – Compete ao governo federal vigiar as fronteiras do país. É ridículo o número de militares ocupados com a tarefa. Faltam equipamentos e gente para fiscalizar o desembarque de cargas nos portos.
4 – Até agosto, para modernizar sua polícia o Rio só havia recebido R$ 12 milhões dos quase R$ 100 milhões prometidos pelo governo federal.
5 - Em três anos de governo Sérgio Cabral, o total de investimentos em segurança está orçado em R$ 804.818,00. De fato não mais do que 40% desse dinheiro já foram aplicados”.
No dia 21 deste uma foto macabra estampada em jornais simbolizava a barbárie do tráfico de drogas. Num carrinho de supermercado atirado na calçada jazia o corpo de um homem com marcas de tiros, de tortura, sem um dos olhos. Uma aglomeração composta na maioria por jovens olhava com curiosidade para o que restara do trucidado. Alguns exibiam sorrisos de cínica indiferença. Deviam estar mentalmente culpando a polícia. Sempre se culpa a polícia. Mas, se na polícia como em qualquer instituição há corrupção, existem também policiais dignos, capazes de gestos heróicos.
Deixo, então, aqui uma homenagem aos três policiais que morreram no helicóptero atingido por bandidos, e aos seus colegas de farda que também perderam a vida na guerra do tráfico cinicamente ignorada pelas autoridades.
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
mlucia@sercomtel.com.br
www.maluvibar.blogspot.com
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO

8 comentários:

André Schirmer disse...

Por falar em cinismo...

Estado investe em serviço público de qualidade


Por Charline Fonseca
Núcleo Intranet

Foto: Paulo Botelho

“O Estado existe para prestar à sociedade serviços que só o poder público pode exercer. E serviço público é equivalente a gente. Por isso, não podemos abrir mão de ter pessoas qualificadas trabalhando para atender ao cidadão”. Com essas palavras, o secretário de Planejamento e Gestão, Sérgio Ruy Barbosa, resume o motivo do esforço do governo Sérgio Cabral em investir em pessoal. No Dia do Servidor, ele afirma que a atual gestão continuará investindo em qualificação e valorização.

Em três anos de governo, vários segmentos de servidores públicos foram beneficiados. Aproximadamente 67 mil professores, 37 mil policiais militares, 10 mil civis, 18 mil bombeiros e 2.500 agentes penitenciários receberam reajustes, e 24 planos de carreira e acordos coletivos, que tinham sido votados em 2006, foram honrados, ao custo de R$ 800 milhões ao Estado, com dois terços pagos pela atual gestão.

Isso foi possível devido à prioridade maior do governador: arrumar a casa. Além de cortes brutais de gastos, os gestores foram conscientizados a ser responsáveis com o dinheiro público, evitando gastos desnecessários. Sérgio Ruy garante que não houve aumento na arrecadação. A solução encontrada foi gerir melhor os recursos.

– Nosso foco foi, essencialmente, em Segurança e Educação, mas resolvemos algumas áreas muito críticas que mereciam correção, como os planos de carreira da Uerj, uma das universidades mais importantes do Brasil, joia da coroa do Estado na área de Educação Superior, e dos profissionais da administração penitenciária – enumera Sérgio Ruy.

Segundo o secretário, os reajustes cumprem promessas de campanha do governador Sérgio Cabral e atendem à necessidade de valorização do servidor público proposta pela atual gestão. Num panorama geral, Sérgio Ruy contabiliza R$ 160 mil servidores beneficiados desde 2007, quando o primeiro aumento, de 4% para as áreas de Saúde, Segurança e Educação, foi concedido.

Na área de Educação, prioridade de governo, as mudanças começaram pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde muitos professores tinham problemas ao solicitar a aposentadoria. Não existia plano de carreira e os provimentos não estavam fundamentados, até o ano passado, na lei. Um projeto foi criado e encaminhado à Alerj, com ênfase ao professor 40 horas, que tem dedicação integral à universidade.

Os docentes da rede estadual de ensino e funcionários administrativos foram contemplados com a incorporação da gratificação do Nova Escola aos vencimentos-base. A proposta garante a anexação integral do teto do benefício, de R$ 435,10, pelos professores de nível 5. Os salários dos classificados em níveis abaixo (do 1 ao 4) passam a incorpora 12% a menos do que a linha imediatamente anterior, e os de níveis acima (de 6 a 9) acrescentam 12% em relação ao nível inferior. Os valores variam de R$ 278 a R$ 684.


(continua)

André Schirmer disse...

(continuação)

Aos que possuem qualificação, caso as especializações sejam compatíveis à atividade desenvolvida pelo professor, foi concedido bônus de R$ 210 a R$ 420 a mestres, e de R$ 420 a R$ 840 a doutores, dependendo da carga horária.

As reivindicações dos professores com carga de 40 horas também foram atendidas. Eles ganharam a oportunidade de ter um projeto de ascensão profissional e seus vencimentos reajustados de acordo com o tempo de carreira. A decisão representa aumento de 40% nos proventos e gera impacto de R$ 46 milhões aos cofres públicos do Estado no orçamento do próximo ano. A previsão é que os professores graduados que atingirem o último nível do plano receberão R$ 7.500 de aposentadoria, que podem chegar a R$ 8.400, se o docente tiver pós-graduação.

Inspetores escolares têm agora o direito de receber ajuda de custo de R$ 300, de caráter indenizatório, durante o exercício da profissão.

Na administração penitenciária, a progressão na carreira contava com três níveis, que eram remunerados, rigorosamente, com o mesmo salário. O problema foi resolvido, e os servidores foram enquadrados imediatamente de acordo com o tempo de serviço.

Policias militares, civis e bombeiros da ativa que passarem por cursos de atualização terão direito, a partir de 1º de dezembro, à gratificação mensal de R$ 350. Em outubro, o salário desses profissionais, além de inativos e pensionistas, foi reajustado em 5%.

– Tínhamos um problema, pois o salário era baixo e não compatível com uma cidade do tamanho do Rio de Janeiro e com o grau de risco que o profissional enfrenta. Era preciso fazer um esforço adicional. Com a entrada em vigor da bonificação de R$ 350, por exemplo, o aumento nos proventos dos soldados, em relação a 2006, será de 47%, enquanto para os cabos, representa ganho de 34%. Esses valores estão muito acima da inflação – afirma o secretário.

(continua)

André Schirmer disse...

(continuação)

Quanto à Saúde, Sérgio Ruy afirma que o governo ainda estuda um modelo que possa melhorar o salário dos médicos, a fim de manter o ofício atrativo aos olhos da sociedade, e garantir a qualidade do atendimento. Nesta área, as melhorias foram possíveis devido à contratação de profissionais de saúde via Corpo de Bombeiros, que convocou cinco mil profissionais no ano passado.

- A Saúde depende de um modelo de excelência no atendimento e recepção ao usuário do sistema, onde a pressão é muito grande. Quando esse projeto, que está sendo avaliado, puder ser implementado, num modelo único, vamos ter condição de melhorar não só a remuneração, mas também as condições de trabalho desses profissionais.

Mas as mudanças vão além do contracheque. A Secretaria de Planejamento e Gestão também tem investido em tecnologia para garantir segurança e conforto ao servidor. As iniciativas destacadas pelo secretário são o projeto Identidade Funcional e o RioPrevidência.

Desde março deste ano, funcionários públicos participam do Identidade Funcional, que cadastra dados biométricos (identidade, CPF, informações pessoais como endereço, nomes dos pais e impressão digital).

- Pagamos 460 mil servidores todo mês e eles não podem estar sujeitos a erros, como corte de pagamento, por exemplo. Você garante, a partir daquele dado, que ele não será confundido com outro, que ele é o titular daquele cargo efetivo, daquele salário. Quanto mais depuração você faz, mais preciso é o seu cadastro. Assim, é possível observar falhas, e até desvios, no caso de servidores que têm dupla jornada, no Estado e na iniciativa privada. Futuramente, o programa também vai ajudar a identificar funcionários-fantasma, permitindo o enxugamento da folha.

Com a unificação do RioPrevidência e do Iperj, as agências ganharam mais conforto: climatização, rede informatizada, mais atendentes e qualidade de atendimento. A melhor gestão dos recursos também permitiu o pagamento de atrasados, despesas de exercícios anteriores, precatórios, dívidas e créditos judiciais.

http://www.intranet.rj.gov.br/exibe_pagina.asp?id=7567

Além de tudo o senhor Secretário ainda está faltando com a verdade, pois a votação dos 5% ainda só ocorrerá na semana que vem (terça-feira - 03/11).
Um grande exemplo de cinismo.

Anônimo disse...

REAJUSTE DE CHORAR! POR FLÁVIO BOLSONARO.
Com o reajuste de 5% proposto por Sérgio Cabral a policiais, bombeiros e inspetores penitenciários, um soldado da PM, por exemplo, receberá R$ 1,51 a mais por dia. E a penúria não escolhe grau hierárquico, pois para um coronel do BM esse valor chega a R$ 12,27.
O impacto do reajuste a esses profissionais, incluindo as gratificações, é de R$ 60 milhões este ano, e de R$ 296 milhões em 2010, incluindo ativos, inativos e pensionistas, num orçamento previsto de R$ 46 bilhões para o próximo ano. Ou seja, a proposta é investir mais 0,64% do orçamento no principal fator da segurança pública: o recurso humano.
Numa tentativa falha de atenuar a insatisfação, o governo cria gratificações de R$ 350, que atingem somente alguns ativos que preencham os vários requisitos previstos nos decretos, condicionados a avaliações periódicas. Na prática, dificuldades logísticas notórias inviabilizariam essas avaliações, e muitos feridos em combate já não poderiam se habilitar a recebê-las. Além disso, ocorreriam inversões hierárquicas fatais na cadeia de comando e, de quebra, somente os soldados continuariam fazendo jus à gratificação federal de R$ 400 do Pronasci, pois os cabos ultrapassariam o teto de R$ 1.700, já descontado o auxílio-moradia, para percepção da mesma, e perderiam o direito.
É válido o incentivo, por intermédio de gratificações, para promover a capacitação e qualificação. Mas não é saudável criá-las no momento em que se discute reajuste salarial, pois o raciocínio deve ser universal e irrestrito. Apresentei emenda ao projeto de lei dos 5% para que seja criada a gratificação de atividade de risco, no valor de mil reais, para todos os ativos, inativos e pensionistas. Seria uma alternativa mais justa.
Se o estado pagasse uma remuneração decente a esses profissionais, de maneira a não haver mais a necessidade de buscarem o "bico", seria tranquilamente possível implantar uma jornada de trabalho de 6 ou 8 horas diárias, o que triplicaria o efetivo da PM nas ruas todos os dias, ou ainda, permitiria que policiais civis fizessem investigações mais céleres e de forma contínua, reduzindo a sensação de impunidade e, por consequência, os índices de criminalidade.
O governador está conseguindo algo inédito na história do Rio de Janeiro: unir, pela repugnância a sua pessoa, todas as categorias do funcionalismo público.
*Flávio Bolsonaro é deputado estadual pelo PP."

Anônimo disse...

Imprensa muda

Acho engraçado, que alguns jornais – mesmo superficialmente – de tempos em tempos, publicam matérias que mostram o caos na saúde do Estado do Rio de Janeiro. É claro que poupam o governador, como se saúde, assim como segurança pública não fossem assuntos da sua responsabilidade.

Mas às vezes mostram o problema do caos dos hospitais, da falta de profissionais das UPAs e mais, uma ou outra coisa. No entanto, devem achar normal desviar R$ 10 milhões da área de saúde para Cabral fazer propaganda do seu governo. Ninguém deu uma única linha. Por que será?

Para quem não teve oportunidade de ler, a notícia está nos destaques do blog, no alto à esquerda. É só clicar no link.

mcjsf disse...

Quer saber a resposta, caro anônimo?
Quer mesmo saber?
Então veja: para qual segmento irá a tal verba desviada da Saúde?
Para os órgãos de comunicação social, ou IMPRENSA. Portanto como este segmento irá denegrir seu benfeitor? Vc já viu cão morder quem o alimenta?

Paulo Ricardo Paúl disse...

Grato pelos comentários.
Cabral disse ontem que a única saída é valorizar os recursos humanos.
Devia estar brincando.

Edson Lopes disse...

O Eduardo Paes tá aprendendo com o seu dono. Já repararam que onde está o CABRAL o papagaio de pirata está.