De: PauloRamos@alerj.rj.gov.br PauloRamos@alerj.rj.gov.br
Assunto: DESFILE NO SAMBÓDROMO
Para: "Paulo Ricardo Paúl" celprpaul@yahoo.com.br
Data: Sexta-feira, 13 de Março de 2009, 15:34.
Cel. Paulo Ricardo Paúl,
Segue abaixo o meu pronunciamento em plenário em 04 de março de 2009, sobrea LIESA x Segurança do Sambódromo.
Minha página: www.deputadopauloramos.com.br
Paulo Ramos.
Major RR da PMERJ.
Deputado Estadual.
Íntegra do discurso do dia 4/3/2009, no plenário Íntegra do discurso na Alerj:
O SR. PAULO RAMOS - Sr. Presidente, Srs. Deputados, venho a esta tribuna para abordar dois temas. Sobre um tive a oportunidade de falar ontem, no momento em que debatíamos um veto aposto pelo Sr. Governador a um projeto de lei aprovado por esta Casa: a questão da segurança no Sambódromo para os desfiles das escolas de samba.
Todos nós sabemos que há anos não apenas o Sambódromo mas também a Cidadedo Samba são administrados pela Liesa, a Liga das Escolas de Samba. Todos sabem ainda que a Liga das Escolas de Samba é controlada pelos também controladores do crime organizado, a partir do jogo em nosso Estado. Todos nós sabemos disso, mas o poder público - a Prefeitura do Rio de Janeiro - realizou com a Liga das Escolas de Samba um contrato, mesmo quando esta era dirigida pelos banqueiros do jogo do bicho, que, hoje, dividindo o território do Rio de Janeiro, são os controladores das máquinas caça-niquéis.
O jogo do bicho incorporou os avanços tecnológicos e, com as máquinas caça-níqueis, hoje é mais residual. O grande faturamento nesse ramo do crime organizado que é o jogo se dá através das máquinas caça-níqueis. As figuras controladoras, todas conhecidas, dirigiam diretamente a Liga das Escolas de Samba quando os contratos foram assinados. Depois de algumas exposições e condenações em diversos fóruns de nosso País, as figuras principais passaram a administrar a Liesa através de prepostos, mas essas figuras continuam integrando uma espécie de conselho e são exatamente elas que frequentam os chamados camarotes. No último carnaval, não sei patrocinando qual interesse - admito até de uma empresa concorrente -, um grande veículo de informação que integra o principal sistema de comunicação de nosso País resolveu denunciar uma empresa privada que presta serviços de segurança à Liesa e que tem como dirigente um coronel da reserva da Polícia Militar. Aliás, essa empresa privada já presta serviço de segurança pública através de contrato com a Liesa há muitos anos, não apenas no último ano, mas há muitos anos. A Liesa tem o contrato principal, mas terceiriza vários outros serviços: som, segurança, fornecimento de gêneros. Tudo ali é praticamente terceirizado. A Liesa é uma grande empresa que mobiliza outras empresas e é controlada diretamente pelos grandes banqueiros do jogo do bicho ou das máquinas caça-níqueis. A Prefeitura fez o contrato. As televisões e essas outras empresas também fazem contrato com a Liesa.
A Globo teve a exclusividade. Assinou contrato com quem para ter a exclusividade?
Com o Prefeito?
Com o Governador?
Assinou com quem?
Assinou com a Liga das Escolas de Samba.
Aí vem outra questão. O Presidente da República e o Governador do Estado compareceram ao desfile.
Com quem foi tratada a segurança das autoridades?
Com a Liesa, através da empresa contratada pela Liesa para fazer a segurança no Sambódromo. Quem representou a segurança do Presidente da República? Quem representou a Secretaria de Estado de Segurança Pública?
O policiamento é conjunto: a Polícia Militar faz o policiamento na área externa, e a empresa contratada pela Liesa faz a segurança no interior do Sambódromo, nos camarotes.
Quem fez essa integração?
Foi alguém do Poder Público, mas fez com a Liesa ?
Obviamente, a Liesa representada pela empresa por ela contratada para fazer a segurança no Sambódromo. Soube que, nos camarotes refrigerados, com muito uísque e muitas mulheres, as figuras principais de nossa República se banquetearam com os grandes banqueiros do jogo do bicho. Chegaram até a comemorar resultados.
Repentinamente, o jornal O Globo faz uma reportagem tentando comprometer quem?
Os profissionais da segurança pública, principalmente policiais militares, que, na inatividade ou na hora de folga, estavam trabalhando no bico para a empresa contratada pela Liesa. Aí surge o ponto que quero abordar com mais especificidade.
O Sr. Walter Maierovich, que é uma figura que respeito, já foi Secretário Nacional Antidrogas, é um especialista, dá uma opinião completamente conveniente para aqueles que fizeram a reportagem, que devem estar defendendo o interesse de outra empresa. No fundo, o que eles querem é substituir uma empresa por outra na prestação do serviço de segurança, mesmo que a nova empresa contrate depois os mesmos policiais militares e os mesmos policiais civis. Mas eles querem substituir. Diz o seguinte: em sendo agentes da autoridade, aqueles profissionais da segurança pública que ali estavam fazendo bico, perderiam a condição de atuar no momento em que tivessem, em nome do Estado, que reprimir quem, os controladores do crime organizado, donos do carnaval. Perderiam a autoridade, teriam constrangimento, porque ali estaria sendo criada uma relação de subordinação.
Como o Sr. Walter Maierovich é uma figura muito respeitada, cujas opiniões são colhidas em diversos fóruns, aquilo teve repercussão, cartas de leitores. Mas o que me surpreendeu foi a posição do Secretário de Estado de Segurança Pública, numa entrevista que deu, porque faz coro a isso. Diz que vai apurar, quer saber se há policiais militares ativos. Ora, veja só. Ele estava ali, como Secretário de Segurança, certamente designou um representante da Secretaria para tratar da segurança no Sambódromo, para fazer a interlocução com a Liesa e, portanto, com os banqueiros do jogo dobicho, que são os controladores da Liesa, e não disse uma palavra em relação ao princípio da autoridade.
Como um governador, um presidente da República e um prefeito, como eles sentam através de seus representantes para a promoção do seu prazer e da sua segurança? Porque, é claro, já houve um presidente da República que enfrentou um grave percalço no Sambódromo. Talvez aquela experiência tenha feito com que outros cuidados passassem a ser tomados, para que a mesma exposição ou o mesmo constrangimento não alcançasse futuros dirigentes do nosso estado, do nosso município e do nosso país. De qualquer maneira, eu venho aqui para dizer que já não é a primeira vez. Tratei desse assunto antes do Carnaval. Quem quiser consultar o depoimento do Secretário de Segurança na CPI das Milícias vai ali constatar que eu tratei rigorosamente dessa mesma questão. Eu perguntei a ele:
-Como fica o princípio da autoridade quando a banca do crime organizado controla a principal festa popular do país e se relaciona com as autoridades da área da segurança?
Como fica isto?
Se está correta a opinião do Sr. Walter Maierovitch, de que os profissionais da Segurança Pública - os poucos, se é que tinha ali algum ativo -, como agentes da autoridade, perdem a possibilidade de agir diante dos grandes criminosos que controlam o Carnaval, qual o constrangimento a que é submetida a autoridade responsável pela elaboração da política de Segurança Pública do nossoestado?
Fica também subordinada ao interesse!
Eu ando pelo Estado do Rio de Janeiro e vejo quanto existe de máquina caça-níquel instalada por aí! Já conversei com comerciantes que instalam a máquina e são obrigados a isso. Não querem, mas são constrangidos a deixar a máquina ali.
O Secretário de Segurança, no depoimento que prestou, disse que tinha recolhidas não sei quantas mil máquinas caça-níqueis, que não havia nem mais depósito no estado para o recolhimento de máquinas. Afinal de contas, seria a confissão da capitulação?
Então, Sr. Presidente, quero aqui prestar uma homenagem aos profissionais da Segurança Pública que fazem bico, que buscam uma complementação salarial através das mais diversas atividades. Eles estão aí no transporte alternativo, dirigindo táxis, dando aulas em colégios, enfim, nas mais diversas atividades. E também na segurança. O número maior, claro que é na área da segurança pública, porque é a proteção patrimonial, a proteção individual, ou seja, essa é a profissão de cada um. Se encontrarmos engenheiros fazendo bico, estão fazendo bico como engenheiros. É assim: professores, médicos, cada um desenvolve a atividade em função da sua capacitação profissional.
Nenhuma palavra sequer do Secretário sobre o salário dos profissionais da Segurança Pública. Nenhuma! Ele deveria dizer que esses profissionais são uns desgraçados, uns infelizes; que, se aposentados, poderiam estar aproveitando o justo lazer, depois de vários anos de serviço público prestado; e aqueles que estão na ativa poderiam estar com as suas respectivas famílias nas horas de folga. Entretanto estão aqui. Estão aqui porque ganham pouco, porque querem complementar o salário, mesmo com sacrifício. Então, a minha solidariedade àqueles que estavam no Sambódromo lutando com dignidade por um complemento salarial. E a minha reprovação àqueles que,em controlando o poder, se aliam ao verdadeiro crime organizado e tentam buscar biombos.
Muito obrigado.
PAULO RAMOS
DEPUTADO ESTADUAL ( RJ )
AGORA FICOU CLARO O MOTIVO DO JORNAL "O GLOBO" NÃO TER PROSSEGUIDO COM A ABERTURA DA "CAIXA PRETA" DO SAMBÓDROMO!
PARA O EXERCÍCO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA:
- COM A PALAVRA O JORNAL "O GLOBO".
- COM A PALAVRA A REDE GLOBO DE TELEVISÃO.
E, COMO FISCAL DA LEI, COM A PALAVRA O MINISTÉRIO PÚBLICO.
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO
