quinta-feira, 3 de julho de 2008

CARTA DOS CORONÉIS BARBONOS - ANO I - CORONEL HILDEBRANDO QUINTAS ESTEVES FERREIRA

Cidadãos brasileiros, a Carta dos Coronéis Barbonos completa neste dia 3 de julho de 2008, um ano de sua divulgação.
A leitura atenta da carta pode oferecer respostas ao momento de insegurança pública que vivenciamos no Estado do Rio de Janeiro, sobretudo considerando que nenhum dos objetivos institucionais propostos ao poder político foi concretizado.
O documento marcou uma nova realidade na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, quando um grupo de CORONÉIS DE POLÍCIA - exercendo a sua responsabilidade de LÍDERES da instituição - e que ocupavam as funções mais relevantes de assessoramento ao Comando Geral, bradaram um grito de socorro direcionado à sociedade fluminense e ao poder político para o solucionamento das mazelas da instituição e da segurança pública.
A Carta dos Barbonos foi referendada pela maioria dos Coronéis da ativa da Policia Militar e marcou um momento em que os INTERESSES INSTITUCIONAIS sobrepujaram os INTERESSES PESSOAIS.
A lamentar o fato de que esse rarissimo momento de união dos Coronéis tenha sido efêmero e a situação logo tenha se revertido aos primeiros clarões e os INTERESSES PESSOAIS tenham voltado a preponderar como historicamente ocorre na corporação, com sérios danos à Polícia Militar e principalmente, aos homens e mulheres de bem que integram essa bicentenária corporação e arriscam a sua vida diariamente em defesa do cidadão e da cidadania.
E aproveito para lembrar que no dia 14 de julho de 2008 ocorrerá o primeiro aniversário do Ato Cívico realizado pelos 40 da Evaristo, na praia de Copacabana, um ato pelo resgate da cidadania do Policial Militar através da concessão de salários dignos e adequadas condições de trabalho. O grupo dos 40 da Evaristo foi formado por Oficiais e por Praças idealistas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar que realizaram atos cívicos ordeiros e pacíficos para sensibilizar o povo fluminense sobre a situação vivenciada pelos heróis sociais - os Policiais Militares e os Bombeiros Militares.
Cidadão brasileiro, Policiais Militares e Bombeiros Militares - Oficiais e Praças - têm alertado à sociedade fluminense e ao poder político sobre a gravidade da situação e o silêncio diante de nossas pretensões tem sido a resposta, apesar do agravamento constante da crise.
Portanto, não nos culpem!
Não atribuam a nós os efeitos deletérios da omissão política de anos, que não valoriza e contribui sobremaneira para a desqualificação dos profissionais de segurança pública.
Profissionais que precisam se desgastar fisica e emocionalmente no "bico" para prover o sustento de seus familiares, resistindo bravamente às facilidades da corrupção endêmica do "estado paralelo", que como mestástase se espalha por todo o organismo social.
Nós denunciamos alguns dos muitos problemas e continuamos na luta para reverter esse quadro, pois DESISTIR não faz parte do nosso vocabulário, nem de nossas vidas.
Não somos políticos, somos profissionais que têm o dever de prestar o melhor serviço público possível à sociedade fluminense, que clama por ordem e segurança, cansada de perder seus filhos para a violência que nos envolve e nos sufoca.
O CORONEL ESTEVES - um dos melhores exemplos de idealismo, destemor, honestidade e competência da história da Polícia Militar - escreveu o artigo que transcrevo a seguir sobre o primeiro aniversário da Carta dos CORONÉIS BARBONOS.



(Preparativos da Marcha Democrática realizada em 27/01/2008)

PRIMEIRO ANIVERSÁRIO
CARTA DOS BARBONOS
Hildebrando Quintas ESTEVES Ferreira
CORONEL de Polícia



"A exposição dos problemas existentes na policia, já há muito vem sendo feita por pesquisadores e estudiosos da segurança sem que se consiga o devido eco na sociedade. O exemplo disso é que nos idos de 70, Virgilio Luiz Donnici, em seu livro: “A Criminalidade no Brasil: meio milênio de repressão” já elencava quatorze itens que, baseado em seus estudos, necessitavam urgente reformulação para a melhoria da Policia, dentre os quais, cito:

1 – “Salários insuficientes e baixos;
2 – Ausência de uma profissionalização policial porque hoje o policial tem a Polícia como bico;
3 – Ausência de uma deontologia policial;
4 – Ausência de condições para o trabalho policial; dentre outras.

Recordando o que já foi dito por muitos, em face da importância de não permitir que caia no esquecimento, mesmo sob o risco de tornar-me chato e enfadonho, sigo reportando-me ao dia 03 de julho de 2007, quando surgia na mídia um grupo de Coronéis denominados Coronéis Barbonos que, através da Carta dos Barbonos, denominada “PRO LEGE VIGILANDA” (Para a Vigilância da Lei), elencavam doze itens que os mesmos julgavam necessários reformular para melhorar a Policia Militar e o serviço por ela prestado.
Neste histórico documento, encaminhado ao Comandante Geral da PMERJ, Secretário Estadual de Segurança Pública e Governador do Estado, além é claro, da sociedade civil através da mídia, o grupo de Coronéis buscava levar às autoridades os problemas que mais afligiam a Corporação naquele momento, com o fito de melhorar a qualidade do serviço prestado pela Polícia e como conseqüência a melhoria no atendimento a comunidade e a otimização da Segurança Pública de nosso Estado.
A Carta dos Barbonos com seus doze itens, como se vê, não trazia novidade em seu conteúdo, pois cientistas sociais, pesquisadores e estudiosos já apresentavam os óbices. Não, não era a exposição dos problemas a inovação, mas o fato de tal exposição ter sido feita por integrantes do aparelho policial, na busca de melhorar a qualidade de vida dos profissionais e conseqüentes aperfeiçoamentos na assistência ao cidadão.
Iniciava-se uma nova era, onde profissionais que, vivenciando os transtornos ao exercício, corajosamente apresentavam às autoridades e ao público, suas dificuldades, na tentativa de encontrar apoio para solucioná-las.
Esboçavam um protótipo de “Política de Segurança Pública”.
O resultado deste embrionário projeto: exonerações, perseguições políticas, tentativa de desmoralização alcunhando-os de traidores da Instituição. Isso mesmo, os que abriram mão de tudo em prol do que julgavam melhor para a PMERJ foram, pelos que se assenhorearam do poder e das gratificações, hostilizados e taxados de inimigos da Corporação.
Valores subjugados e corrompidos. Dura realidade.
Um ano decorrido e a sociedade ainda aquiesce esta inversão. Acolhe, por omissão, a Insegurança Pública reinante em nosso Estado.
Está na hora de cobrar do Estado, tudo o que vem sendo muito bem pago pelos contribuintes, através de inúmeros e altíssimos impostos e lembrar que, portanto, não estariam fazendo favor e sim cumprindo com sua obrigação; esta na hora de exercer a cidadania tão decantada e não praticada. Quando a sociedade entender a necessidade da cobrança do que lhe é de direito, não importando o “fenômeno” de ainda haver o cidadão que não tenha sido alvo dessa violência deflagrada em nosso Estado, então caminharemos para frente e não veremos os demais Estados da Federação evoluindo, enquanto nem mais estacionados estamos, mas sim, de marcha à ré, ladeira abaixo".

Leia a Carta dos Barbonos e tire as suas conclusões:
http://celprpaul.blogspot.com/2007/09/pro-lege-vigilanda-para-vigilncia-da.html