sexta-feira, 18 de julho de 2008

TENENTE-CORONEL PRÍNCIPE ENTREVISTADO POR GUSTAVO DE ALMEIDA.

Blog do jornalista Gustavo de Almeida:
18 de julho de 2008.
O PRÍNCIPE CONTRA MAQUIAVEL.
Política de confronto, Polícia Comunitária, inteligência policial, investigação, política na polícia, polícia corrupta, enfrentamento, PAC da Segurança: há anos o discurso varia nas palavras mas a ação é a mesma, ou seja, apenas o despejo nas ruas de pessoas pouco instruídas, oriundas de classes sem acesso à educação ,à saúde e à cultura. Pessoas que vão para as ruas pagando uma farda do próprio bolso, com uma arma e virando noites como os dois policiais assassinados na Fonte da Saudade, em um atentado monstruoso contra o Estado. Não se trata aqui de comparar os crimes, e nem de diminuir o horror da morte de João Roberto.
Mas é fato que João Roberto foi morto por pessoas que jamais quiseram matá-lo. Pessoas que pagarão na Justiça pela morte, mas que nunca quiseram, com certeza, matar uma criança. Atiraram porque vivem na política do confronto, da guerra - a solução que se pensou contra o subemprego do tráfico absorvido pelo crime organizado e armado.
No atentado contra o Estado perpretado na manhã desta quinta-feira, a intenção de matar, de cometer um crime bárbaro, está mais do que clara. Esta é a diferença.Se o Estado brasileiro quiser dar uma resposta só para os PMs que mataram João Roberto e para os PMs que foram (e são) assassinados na esquina, a resposta começa com uma palavra só: SALÁRIO.
Jogar um sujeito com uma arma na mão, fazendo bico de segurança por R$ 30 por noite, para se sujeitar a proteger a população é IRRESPONSABILIDADE.
Precisamos parar com o discurso do idealismo. Nem médico faz mais sacerdócio. Segurança Pública é algo seríssimo, é o setor que mais precisa de intervenção. A tropa precisa de lideranças, comandantes, referências, e SALÁRIO. Salário bom, que permita ao policial pensar duas vezes antes de se corromper. Salário que permita o sujeito dar um presente para o filho. Na verdade, salário que permita ao sujeito ter um filho.
É preciso que a sociedade inteira acorde para o perigo que vivemos: policiais mal-pagos, armados e passando necessidades nas ruas são a gênese do banditismo, da corrupção, da violência, da milícia criminosa, da INSEGURANÇA PÚBLICA.Não é o salário que "justifica" a corrupção (se fosse assim, na Alerj, Câmara e Senado só teríamos honestos ganhando mais de R$ 7 mil). Mas não se pode mais fechar os olhos, não se pode mais invocar idealismo com o rabo alheio. Não se pode mais negar que a soma Arma + Má formação em casa + baixo salário só dá um resultado: polícia que gera INSEGURANÇA PÚBLICA.
Chega dos erros de todos os governos até agora (principalmente os "democráticos"). Precisamos consertar do zero. Pagar bem e cobrar idem.
Quem comandar esta virada, esta retomada de posição, poderá estar inscrevendo automaticamente seu nome na história.
Quem quiser entender o segredo de tudo, basta ver os quatro vídeos que coloco abaixo, entrevista feita por mim com o tenente-coronel Fernando Príncipe Martins, ex-comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), atualmente na "geladeira", FORA DA PM DO RIO.
É preciso ver e ouvir para entender o que é COMANDAR e LIDERAR (peço desculpas pela escuridão, foi imprevista. O quarto vídeo está mais claro).
O secretário José Mariano Beltrame disse ao colunista Fernando Molica, de O DIA, que não tem sentido o policial se formar e sair da academia para ganhar R$ 1 mil. Foi feliz nas palavras. Que a prática agora traga a luz".
Acesse o link e assista aos vídeos com a entrevista: