sexta-feira, 11 de julho de 2008

MODISMO POLÍTICO: O GOVERNO FALAR MAL DO PRÓPRIO GOVERNO.

O Brasil tem sido invadido por um modismo político que parecia estar dando muito certo e que começou no planalto central.
O Governo passou a falar mal do próprio Governo, criticando duramente fatos que aconteciam sob as suas vistas e assim o Governo conseguia ficar de fora do problema, embora todos caíssem ao seu redor.
E olha que esta estratégia, somada a estratégia do "EU NÃO SABIA", a estratégia do "ACEITE AS MINHAS SINCERAS DESCULPAS" e a estratégia do "NUNCA SE INVESTIGOU TANTO NESTE PAÍS", estava sendo um sucesso absoluto, a tal ponto que passou a se espalhar pelo país e chegou a nossa caixa de ressonância nacional - o Rio de Janeiro.
Porém, não existe mal que dure para sempre e bem que nunca se acabe, como ensina o ditado popular e a estratégia começou a perder força diante da sua utilização sistemática.
A mídia finalmente começou a focar no governo a responsabilidade pelas tragédias resultantes da crise na segurança pública vivenciada no Rio de Janeiro.
E melhor, a sociedade fluminense começa a estruturar uma grande mobilização com a união de diferentes vetores sociais, exatamente para cobrar a responsabilidade governamental.
Nós sabemos, nós que não somos "sindicalistas", "insanos", "despreparados" ou "débeis mentais" - palavras ofensivas usadas na estratégia citada - que outra estratégia surgirá para que o Governo possa repassar as suas responsabilidades para outras pessoas, esta é a regra atual na política brasileira, o Governo não faz parte do problema.
Dezoito meses se passaram e as prioritárias áreas da Educação, da Saúde e da Segurança não apresentaram qualquer melhora significativa.
O funcionalismo público teve um reajuste de 4%!
Um Soldado da Polícia Militar teve cerca de R$ 30,00 de reajuste e continua tendo que exercer uma segunda atividade (o bico), quando deveria estar descansando e sendo melhor qualificado. O resultado é um homem desgastado física e emocionalmente, armado com uma arma de guerra, patrulhando as vias públicas e tendo que decidir com um total equilíbrio, quando empregá-la!
E não podemos esquecer que o funcionário público atende às classes mais necessitadas, que precisam buscar o serviço público, pois não podem matricular seus filhos em escolas particulares, pagar um plano de saúde ou blindar seus veículos e contratar seguranças.
A matéria do Extra online transcrita a seguir, a respeito de mais uma grande tragédia, contém este grito de "CHEGA DE DESCULPAS!"
EXTRA ONLINE.
João Roberto: Mãe de menino morto afirma que não aceita desculpas de autoridades.
Ediane Merola - O Globo e O Globo Online.
RIO - "A mãe do menino João Roberto, de 3 anos, que morreu depois de ser baleado na Tijuca , afirmou que não aceita as desculpas das autoridades pelos erros que causaram a morte de seu filho. Em entrevista ao programa 'Mais Você', da TV Globo, a advogada Alessandra Soares teve uma crise de choro ao lado do pai da criança, o taxista Paulo Soares, e lembrou que antes de ser atingido pelos tiros, disparados por PMs, ela chegou a pedir ao filho para abaixar. De acordo com a assessoria direta do governador Sérgio Cabral, ele não se pronunciará sobre a entrevista , e o secretário José Mariano Beltrame, que também esteve no programa, disse que a polícia não pode ser tratada como 'Geni'. ( Confira as imagens da câmera de segurança do prédio em frente ao local onde o carro foi atingido )
- Não tem desculpa de secretário, governador. Só eu sei o que estou passando. A sensação que eu tenho é que ele terá que dar desculpa para outras pessoas. Tenho outro filho e temo muito pela vida desse outro filho. Eu não desculpo. Mamãe te ama. Eu disse pelo amor de Deus, meu filho, abaixa. E ele perguntou por quê mamãe? - dissa Alessandra, que ainda chorando muito disse à apresentadora Ana Maria Braga:
- O nome dele é João Roberto, não é um número, não é uma estatística. Ele é um menino, criado com muito amor, que tiraram de mim, disse ao lado do pai do menino que, bastante emocionado, ele voltou a pedir justiça pela morte de João Roberto.
No mesmo programa, a apresentadora recebeu o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame. Visivelmente abalado, ele afirmou que os policiais envolvidos, que na terça-feira
foram presos temporariamente na terça-feira por determinação da Justiça , serão expulsos, e chamou o ato de insano. O secretário, no entanto, afirmou saber que a não há justificativa plausível, e reconheceu que a expulsão dos policiais é apenas um paliativo, mas defendeu a instituição da Polícia Militar como um todo.
- Não podemos aceitar que a PM vire a "Geni" - disse Beltrame, se referindo à música do compositor Chico Buarque.
O secretário disse ainda que não acredita que policiais
cheguem nas ruas sem ter dado um tiro sequer durante o treinamento, conforme denúncias feitas em reportagem exclusiva do GLOBO ONLINE , e anunciou medidas para melhorar o treinamento da tropa, como turnos extras de aulas, a compra de armamentos não-letais e a compra de dois simuladores de tomadas de decisões, que cria situações de perigo que avaliam a decisão tomada pelo policial.
Mais tarde, o secretário de Segurança Pública disse, após deixar a 19ª DP (Tijuca), que entende a atitude da advogada ao não aceitar as desculpas pela morte de seu filho. Beltrame disse que vai tentar se encontrar com essa família para conversar sobre o episódio. O secretário acrescentou, ainda, que viu as declarações da advogada na TV e percebeu que ela não critica a instituição, mas sim a maneira de agir dos policiais. Tiros também podem ter vindo de bandidos
A perícia deve concluir nesta quinta-feira a análise no carro da mãe de João Roberto. Até agora, os peritos constataram 17 perfurações na traseira do carro. No interior do veículo foram, encontrados 16 fragmentos de balas, que serão comparados com as armas dos PMs.
Três perfurações, no entanto, chamaram a atenção dos peritos: foram feitos no vidro dianteiro do carro da família . As marcas sugerem que pode ter havido, pelo menos, dois disparos vindos do lado oposto de onde estavam os policiais."