sexta-feira, 25 de julho de 2008

ALIMENTANDO O "ESTADO PARALELO".

O jornal O Globo estampa na primeira página da sua edição desta sexta-feira a seguinte matéria:
“ATA DO TRÁFICO PROVA IMPOSIÇÃO DE CANDIDATO ÚNICO NA ROCINHA – Em documento apreendido pela polícia na favela, traficante diz: Não aceito derrota.”
Convém destacar que o jornal O Globo já publicou uma reportagem digna dos maiores elogios, quando apresentou um levantamento sobre o grande número de votos obtidos por deputados eleitos em comunidades dominadas pelo "Estado Paralelo".
A matéria de hoje trata de uma ordem do tráfico de drogas no sentido de que os moradores da comunidade devam votar em determinado candidato a vereador.
O episódio reforça a existência de um “Estado Paralelo” exercendo os seus poderes sobre grande parte da população fluminense. Um estado que exerce o seu monopólio do uso da força, da tributação e da justiça através do seu braço armado: o tráfico de drogas ou a milícia.
O histórico discurso da deputada estadual Cidinha Campos simboliza a dimensão e a gravidade do que vivenciamos no nosso Estado, ele pode ser lido no seguinte artigo postado neste blog:
“DISCURSO DA DEPUTADA ESTADUAL CIDINHA CAMPOS”
http://celprpaul.blogspot.com/2008/05/discurso-da-deputada-estadual-cidinha.html
As áreas dominadas pelo tráfico de drogas e pelas milícias onde o “Estado Formal” não existe, estão plenamente identificadas pelas instituições policiais.
E diante deste gigantesco “Estado Paralelo” e vivendo uma crise sem precedentes na segurança pública estadual, o que faremos?
Impugnar todas as candidaturas de cidadãos fluminenses, que vivem sob o domínio do “Estado Paralelo” e que pretendem representar os anseios das comunidades?
Não, isso não seria democrático.
Deixar de computar os votos dos eleitores residentes nestas comunidades?
Não, isso não seria democrático.
Adiar a eleição nos municípios do estado onde exista a influência do “Estado Paralelo”, sobretudo, no município do Rio de Janeiro, até que o “Estado Formal” retome estes territórios?
- Não, isso não seria democrático, milhões de eleitores não participariam da eleição, não exerceriam o seu direito e na prática poderia significar um adiamento sine die.
Então, o que faremos?
Nada ou quase nada, como temos feito ao longo dos últimos anos para enfrentar o “Estado Paralelo” que enriquece os seus mandatários e submete a população fluminense aos efeitos deletérios do tráfico de drogas, das milícias, dos apoios, do transporte alternativo clandestino, do jogo dos bichos, dos táxis piratas, dos flanelinhas, dos motos-táxi, da pirataria, dos cambistas, etc.
As Polícias Militar e Civil irão continuar na política do desarmamento ou política confronto ou política do tiro, porrada e bomba – como pretendam qualificar as autoridades e a mídia - enquanto os Policiais – os fiscais das ruas e de toda esta desordem criminosa - irão continuar cumprindo ordens, arriscando a própria vida, desqualificados e desvalorizados, recebendo míseros salários, que representam menos de R$ 30,00 por dia.
Isso os Policiais Militares e Civis não cooptados pelo “Estado Paralelo”, pois os cooptados não se preocupam com os salários.
Nós cidadãos fluminenses não conseguimos aprender que:
“Para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada” (Edmund Burke).
Nós – os cidadãos de bem – ignoramos as represálias feitas contra o Comando Geral da Polícia Militar, os “Coronéis Barbonos” e os “40 da Evaristo”, ficamos inertes, não apoiamos os que ousaram erguer a voz, mostrar o rosto e clamar por mudanças.
O “Estado Paralelo” agradeceu, ele precisa de uma Polícia mal qualificada, sem condições de trabalho e pessimamente remunerada!
E agora, diante de fatos tão graves, mais uma vez, não faremos nada ou quase nada e a vida seguirá em frente rumo a total desagregação social.
Concluindo, questiono:
Qual é o(a) candidato(a) a Prefeito indicado pelo “Estado Paralelo” em cada comunidade por ele dominada”?
Apesar de tudo, eu ratifiquei um aprendizado e novamente não vou votar em nenhum candidato a Prefeito ou a Vereador de partido político que tenha contribuído - por ação ou por omissão - para o nosso caos social do dia a dia.
Aliás, avançarei um pouco mais, farei campanha contra, conclamando quantos eu puder para votar com esta consciência.
E sonho que os homens e as mulheres de bem façam a mesma coisa!