O Editorial "Contas a Prestar", publicado pelo jornal "O Globo", faz uma sinalização positiva a respeito do que denominou "tática de asfixiar o tráfico, enfrentando criminosos e ocupando favelas por eles dominadas", adotada pelo governo estadual.
A opinião do jornal O Globo sempre deve ser respeitada, podendo ser questionada, porém nunca ignorada.
E nesse caso em particular, principalmente quando acertadamente o editor se refere a uma "tática" adotada pelo governo estadual e não a uma "política", um erro que vem sendo repetido pela mídia em geral.
Entretanto, respeitando a opinião, sugiro uma breve reflexão sobre o tema:
O que existe de novidade nessa "tática"?
Ela já foi implementada por vários governos e os resultados sempre foram os mesmos que estamos alcançando no momento atual: mortes de traficantes, apreensão de drogas e armas; mortes de policiais; mortes de inocentes e o recrudescimento do tráfico de drogas.
A denominada "Guerra do Complexo do Alemão", com dezenas de mortos é o parâmetro mais adequado para avaliar a eficácia dessa tática, diante da realidade existente ainda naquela comunidade.
Essa tática inclusive já resultou na concessão de premiação pecuniária - a "gratificação faroeste", em governo anterior e tão combatida por todos nós.
E nunca é demais recordar que a maior apreensão de PASTA DE COCAÍNA feita pelas Polícias (Federal, Militar e Civil), no ano passado nesse estado, foi realizada por uma guarnição de Rádio Patrulha, composta por dois Policiais Militares, durante o patrulhamento ostensivo.
O Editorial trata ainda da necessidade do combate a denominada "banda podre" da polícia, expressão também usada à exaustão por governos anteriores.
Na condição de ex-Corregedor Interno da Polícia Militar, que mais tempo ocupou a função - quase três anos - afirmo que a Instituição combate os desvios de conduta e ainda, informa à sociedade fluminense o número de Policiais Militares punidos disciplinarmente e excluídos/licenciados ("demitidos"), primando pela transparência.
Infelizmente, após ser transferido para a "geladeira" pelo atual comando, tomei conhecimento que o "Gabinete Geral de Assuntos Internos" - ampliação da Corregedoria Interna - ainda não foi estruturado e que o primeiro "Curso de Assuntos Internos" teve o seu início adiado.
Más notícias, sem dúvida um momento de retrocesso.
Todavia, precisamos evitar usar a expressão "banda podre" com uma visão monocular, como se apenas as Polícias Civil e Militar, tivessem esse grupo desviante.
O que poderíamos falar sobre a "banda podre" da política fluminense e da política nacional?
Diariamente, a "banda podre" da política inunda a mídia de escândalos, sob os mais variados temas.
É uma "banda podre" multifacetada, que atua em todos os terrenos, onde o dinheiro ilícito possa "brotar" abundantemente.
E o que temos feito contra essa "banda pobre" da política nacional e da política fluminense?
O combate tem sido eficaz?
Os acusados tem sido responsabilizados?
Salvo melhor juízo, nós, cidadãos brasileiros não estamos conseguindo vencer essas "bandas podres"!
E quem sabe, combatendo a "banda podre" da política fluminense, conseguiríamos combater a "banda podre" das polícias, simultaneamente...
O próprio jornal O Globo, em memorável reportagem, tratou do tema "milícias e política", quando revelou a votação de candidatos ao Poder Legislativo Federal e Estadual, nas comunidades então dominadas pelas milícias.
As mesmas milícias que prosperaram...
Por derradeiro, respeitosamente, deixo de comentar a "Outra Opinião", publicada nos Editoriais, sobre o tema, considerando que mais uma vez, o artigo é da lavra do Oficial da Polícia Militar que habitualmente escreve no jornal, inexistindo novidade na argumentação.
JUNTOS SOMOS FORTES!
DEUS ESTÁ NO COMANDO!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CIDADÃO BRASILEIRO PLENO
3 comentários:
Esses comentários da imprensa sempre caem na vala comum: "combater a banda podre". Certo. Mas qual é a recompensa da "banda BOA"? Qual é o salário? qual é o seviço médico e dentário oferecido? O apoio psicológico aos policiais e aos seus familiares? E a escala de serviço? O treinamento, os equipamenos e as viaturas? As condições decentes de moradia? O transporte? Por que não se vê nenhuma reportagem analisando essas questões antes de se falar de banda podre? Se se deseja polícia boa,que se pague para tê-la!
Uma das formas de se combater os maus policiais é estimulando os bons a trabalhar, pois apenas estímulos negativos não corrigem ninguém. Nesse mister a concessão de SALÁRIOS DIGNOS e a REVISÃO ESTATUTÁRIA são medidas saneadoras imperiosas.
Turma 76
Esqueceram da banda podre do JUDICIÁRIO, que é muito pior e faz estrago muito maior que possiveis policiais desviados.
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