domingo, 1 de maio de 2011

SOBRE GADO FARDADO - COUTINHO - AMAN 73.

Sobre o “gado fardado”
Coutinho -AMAN 73

Há alguns dias irritei-me profundamente com uma mensagem intitulada “gado fardado” não pelo inscrito no “gado fardado”, mas pelos comentários postados junto à mensagem por dois companheiros de turma. Estava disposto a não voltar ao assunto, mas o Valter postou a mensagem original outra vez e ai resolvi analisar um pouco as afirmações do articulista.
Ouço muitos companheiros, da reserva, acusando os generais da ativa de ajoelharem-se ou de se deixar castrar, como fala o articulista, por medo ou por carreirismo. Estas são acusações injustas, dificilmente um militar, de qualquer posto ou graduação, com mais de quarenta anos de serviço irá ter medo da altura do Ministro ou da fala dura Presidencial.
Como em toda análise política é interessante o socorro da velha, bem vivida e sábia senhora, a História.
Olhando-se apenas e somente o Século XX pode-se observar que os Exércitos só se manifestam, pelo menos em países politicamente organizados, em duas ocasiões, “à Pátria em perigo” ou, quando ocorre a desagregação do Poder Político.
Socorrendo-se da História Francesa do Século XX, pode-se aclarar os conceitos de “Pátria em perigo” e falência do Poder Político do Estado. Em 1939, face a pressão insuportável dos Exércitos Alemães, o Poder Político Frances delegou aos Gen. Maxime Weygard e ao Mal. Henri Philippe Pétain a tarefa hercúlea de salvar o possível da França. Pétain conseguiu o armistício e preservar parte da França livre de ocupação. Acabada a Guerra ele foi condenado pelos mesmos políticos que o chamaram para consertar anos de incúria no pré guerra.
A manifestação do Poder Militar frente à ameaça de desagregação do Poder Político pode ser observada em duas ocasiões. Na ocasião em que o Gen. Charles De Gaulle criou a V República e em 1968 quando antes de pronunciar-se sobre os riscos de desagregação do Estado provocado pelas greves selvagens na França e ocupação das Universidades em Paris, cercou a cidade com o Exército comandado pelo Gen. Jacques Massu o mesmo da batalha de Argel. Muitos dirão que só país latino utiliza o Exército desta forma, na certa estes ao fazerem tal afirmação esqueceram-se do Gen. Alexander Haig no final do governo Nixon, início do governo Gerald Ford e de novo quando do atentado ao Presidente Reagan.
Voltando ao Brasil, um pouco antes do Século XX, quando da Proclamação da República, o Exército era republicano pelo menos desde a questão Sena Madureira, mas só em 1889 quando o Poder Político abandonou o Império os militares fizeram a República e o primeiro governo. Na “República Velha” fizeram outro presidente pelo voto, dentro das regras vigentes. As Instituições Políticas sólidas impediam qualquer manifestação militar bem sucedida. Aqui no Brasil não ocorreu à figura nefasta dos “Caudilhos Militares”. O Exército de então estava impregnado de “Positivismo”, havia uma dificuldade real de manter-se a disciplina, mas mesmo assim lutou em Canudos, na Revolução Federalista, no Contestado em todas as sedições acontecidas no País antes de 1930 e saiu-se bem.
Em 1930 o Exército “rachou” parte dele, a maior parte, queria apoiar e dar posse ao Presidente eleito Júlio Prestes e parte aderiu ao movimento que passou a História como “Revolução de 30”, esta revolução foi do Poder Político, não foi do Poder Militar. Este derrubou Washington Luiz por achar que a Pátria estava em perigo (foi uma das justificativas da Junta Militar do Rio de Janeiro) de qualquer forma a revolução já estava vitoriosa, a teimosia do Presidente deposto estava apenas provocando baixas de brasileiros.
O implantar do “Estado Novo” não foi feita por Góis Monteiro, o mensageiro de Getúlio foi Negrão de Lima, o suporte ao mesmo foi a adesão de dezenove dos vinte e um governadores de Estados, não a adesão de Comandantes de Região Militar.
Da mesma forma o fim do Estado Novo foi decretado pelo “Manifesto de Minas”, a deposição de Getúlio, realizada pelo Exército foi uma imposição do Poder Político, a eleição do Gen. Dutra como Presidente foi uma manobra do maior partido político de então para neutralizar possíveis simpatias pelo recém deposto ditador por parte de segmentos das FFAA.
A quebra das regras Republicanas começou quando um Ministro do Exército, o Mal. Teixeira Lot, com o apoio da maioria dos políticos, sob o pretexto de que a posse do próximo presidente eleito estaria em perigo, depõe o Presidente Café Filho. Juscelino tornou-se Presidente eleito por expressiva maioria, mas o Poder Político dividiu-se irremediavelmente.
Em 1964, quando da Revolução de 31 de Março o Poder Político Brasileiro estava fragmentado, o Povo pedia, nas ruas, a deposição do Presidente João Goulart. Lembrem-se das “Marchas com Deus Pela Liberdade” em São Paulo e da expulsão do Deputado Brizola de Belo Horizonte pelas senhoras batendo nele com Rosários. O Poder Militar manteve-se à frente do Governo da República por 25 anos por obra e graça da desorganização do Poder Político.
Hoje a Pátria não está em perigo, o Poder Político está consolidado e funcionando, porque os militares deveriam portar-se como touros, distribuindo chifradas? Só para mostrar que não foram castrados?
Não houve comemoração nos quartéis do dia 31 de Março? Sim, então para mostrar que estamos insatisfeitos devemos dar uns tiros, jogar umas granadas ou um Gen. deve fazer um escândalo?
Nós não somos “gado fardado”, mas também não somos uma turba armada, colocando em risco as Instituições que estão funcionando e foram sancionadas pelo voto do povo, os Gen. devem sim pressionar. Queremos melhores condições de trabalho, queremos incorporar os efetivos previstos, queremos equipamentos capazes de nos permitir cumprir as missões Constitucionais, queremos ser remunerados de maneira descente, queremos que a lei de anistia seja cumprida, comissão de verdade nos moldes da Sul Africana é bem vinda de outra forma nem pensar e por ai vai.
Exércitos não são de ontem ou de hoje, Exércitos permanentes são Instituições Nacionais Permanentes, diferente de governos que são transitórios. Exércitos cumprem ordens legítimas emanadas de quem as pode dar, militares não precisam e nem devem, portar-se como “ferrabrás” para mostrar que não estão castrados. Basta que cumpram no dia a dia suas obrigações e estejam aptos a intervir quando a “Pátria em perigo” ou quando da falência do Poder Político. Os brasileiros não desejam caudilhos e confiam em suas FFAA.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO

4 comentários:

eduardo sa disse...

Ilustre Gen.,acredito que ainda nossa pátria não está em perigo político mas caminhamos a passos largos para que isso aconteça. O Sr. ouviu a gravação acima?, um suposto Cel BM sendo porta voz de um governador eleito democraticamente ameaçando militares, o Sr. sabem muito bem o que isso significa e, em um pais com suas instituições democráticas estáveis, essa gravação deveria ser analisada pericialmente (uma pericia independente é óbvio) e se verdaderia os responsáveis deveriam ser punidos pela ameaça explicita.
E maior absurdo, que Cel BM é esse que se rebaixa tanto...governadores passam, nossas instituiçoes não ou sim...quem sabe?
É isso Gen. a passos largos!!!
JSF

Anônimo disse...

Blog do Jornalista Cláudio Humberto

01/05/2011 | 00:00
Cartão corporativo
se equipara a casamento real

Os gastos do governo Dilma com cartões corporativos, somente nos dois primeiros meses, foram equivalentes aos custos do casamento do príncipes William e Kate: R$ 12 milhões. A diferença é que o governo britânico estima o retorno de pelo menos R$ 1,5 bilhão de receitas com a festa, incluindo os gastos dos mais de 600.000 turistas estrangeiros e direitos de transmissão de tevê para cerca de dois bilhões de pessoas.

01/05/2011 | 00:00
Mais 62%
Nos primeiros dois meses do governo, os gastos sigilosos com cartão somaram R$ 1,6 milhão: 62% mais que a média mensal de R$ 512 mil.

01/05/2011 | 00:00
Sem retorno
As despesas com cartões corporativos, no governo federal, na maioria “secretas”, somem no ralo. Ou no caixa de vendedores de tapiocas.

01/05/2011 | 00:00
Vale tudo
Notas fiscais revelaram no governo Lula compras até de guarda-chuva para Dilma e revistas de fofocas para d. Marisa com cartão corporativo.

01/05/2011 | 00:00
É só o começo
No ritmo dos gastos de janeiro e fevereiro com cartão corporativo, o governo Dilma pode fechar o ano torrando mais de R$ 50 milhões.

eduardo sa disse...

Não e que não queremos prestigiar aqueles que nos governa, luxo, condições tecnológicas de trabalho adequadas, salários dignos e etc... tudo isso iria bem se eles soubessem usar com critérios de ética politica, de respeito com o dinheiro publico.
Esse cartão corporativo, sem controle, é um exemplo de absurdo de gestão do dinheiro publico, vamos botar um limite para esses cartões e dar essa "mordomia" a nossos representantes ,até que eles provem que merecem.
JSF

Anônimo disse...

É General, muita teoria e pouca prática, a realidade é que os Generais estão acorvadados e levam esporro até do Jobin que bate na mesa e os militares brasileiros ficam quietinhos, nem piam...