Conforme anunciei ontem no twitter (@celprpaul), publico neste domingo textos sobre o apadrinhamento de Oficiais na Polícia Militar, o que faço em duas partes para permitir uma melhor compreensão por parte da população e da mídia, sobre a extensão do problema.
Sou um dos críticos mais duros do governo Sérgio Cabral, considero o pior que vivenciei como cidadão fluminense, mas tenho que reconhecer novamente que muitos dos problemas que enfrentamos no Rio de Janeiro começaram muito antes de 2007. Tal verdade inclui a maioria dos problemas existentes na área da segurança pública e especificamente na Polícia Militar.
O apadrinhamento de Oficiais é anterior ao governo Cabral, embora esteja se mantendo e se ampliando no atual governo, que nada fez para coibir e ainda aumentou o problema.
Eu posso escrever sobre o tema tranquilamente considerando que durante toda a minha carreira na Polícia Militar nunca trabalhei em outro órgão, embora tenha sido convidado.
Preliminarmente, deixo claro que diante da gravidade da situação vivenciada pelos Policiais Militares (Oficiais e Praças) com os baixos salários, as péssimas condições de trabalho e o crescimento das bandas podres, citando alguns problemas, nada mais natural como mecanismo de defesa do que os PMs buscarem atividades fora da Corporação, onde ficam blindados destes problemas, recebem benefícios e ainda ganham ótimas gratificações, na maioria dos casos.
É natural, mas não é o correto, pois todos os Oficiais e Praças foram preparados para o exercício profissional na PMERJ e não em outros órgãos, portanto o nosso dever é enfrentarmos estes obstáculos, para que eles sejam equacionados pelo bem da Polícia Militar e do povo fluminense.
O ponto que abordarei nesta primeira parte é uma expressão maldita que abre as portas para essa debandada: “considerar de interesse policial militar”.
Cidadão fluminense, você sabia que existem Oficiais da Polícia Militar que estão há mais de DEZ ANOS em outros órgãos, fora dos quartéis da Polícia Militar, não desempenhando a profissão para a qual foram preparados com o dinheiro público?
Alguns estão quase alcançando 2/3 da carreira fora da PMERJ, isso é inadmissível.
Imagine um jovem Tenente deixar a PMERJ e ser promovido aos postos de Capitão, Major, Tenente Coronel e Coronel fora da corporação.
Parece mentira, mas isso ocorre e cada vez com mais frequência.
E como isso começou a se processar na Polícia Militar?
Oficiais (Praças também pegam essa carona) começaram a ser cedidos para outros órgãos, prefeituras, por exemplo. Nesses órgãos os Oficiais passaram a construir uma realidade para solucionar um problema, que é a regulamentação que determina que o PM que ultrapassar mais de dois anos fora da PMERJ deve ser transferido para a inatividade, o que não interessa aos Oficiais e Praças, em face do salário ser calculado na forma de cotas.
Não alterado essa regra, ninguém poderia ficar mais de dois anos fora da Polícia Militar, sem ser transferido por cotas para a inatividade.
Como remédio eles passaram a buscar que esses órgãos passassem a ser “considerados de interesse policial militar”, pois essa condição permite que o PM ultrapasse os dois anos fora da corporação sem ser inativado.
O artifício se multiplicou rapidamente e continua crescendo no governo Sérgio Cabral.
A coisa estaria tão descontrolada que recentemente recebi uma denúncia que estou tentando confirmar, no sentido de que um Oficial PM teria ultrapassado os dois anos em uma prefeitura, o que deveria tê-lo automaticamente transferido para a inatividade, mas isso não teria ocorrido porque conseguiram declarar como de interesse policial militar a prefeitura e ainda com efeito retroativo, ou seja, anterior ao dia em que ele completou os dois anos fora e a DGP teria aceito. Atualmente, ele teria retornado e estaria comandando.
Além desse artifício, Oficiais começaram a construir as “coordenadorias militares” desses órgãos definindo funções para serem ocupadas por Oficiais e Praças da PMERJ, assim ficou muito mais fácil entender como de “interesse policial militar”, facilitando inclusive as promoções por merecimento dos Oficiais que estão fora da Polícia Militar.
Isso é uma vergonha!
Enquanto isso ocorre com o beneplácito do governo estadual, da secretaria de segurança e do comando da corporação, os Oficiais e Praças que ficam na Polícia Militar continuam enfrentando os baixos salários, as péssimas condições de trabalho, o crescimento das bandas podres, tirando serviços (finais de semana e feriados), não recebendo gratificações, atuando na Polícia Judiciária Militar (averiguações, sindicâncias e IPMs) e muitos ainda sendo preteridos nas promoções por merecimento pelos que estão há mais de DEZ ANOS fora da Polícia Militar.
Ataulmente a PM possui Oficiais que estão há mais de DEZ ANOS fora da PMERJ e que foram promovidos por merecimento ao posto de Coronel na frente de Tenentes Coronéis que comandaram vários batalhões.
Um completo absurdo e ninguém faz nada.
Mário Sérgio, por exemplo, foi um dos que atuou fora da PMERJ, gozando dos benefícios e hoje é o comandante geral nomeado.
Hoje a Polícia Militar possui mais de 2.800 PMs fora da corporação.
Na verdade estão jogando o "interesse público" no lixo.
Basta a mídia querer para destrinchar incontáveis histórias sobre essa vergonha institucional.
O problema é a mídia do Rio querer e poder...
A segunda parte, a respeito da blindagem, será publicada ainda neste domingo.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO
Sou um dos críticos mais duros do governo Sérgio Cabral, considero o pior que vivenciei como cidadão fluminense, mas tenho que reconhecer novamente que muitos dos problemas que enfrentamos no Rio de Janeiro começaram muito antes de 2007. Tal verdade inclui a maioria dos problemas existentes na área da segurança pública e especificamente na Polícia Militar.
O apadrinhamento de Oficiais é anterior ao governo Cabral, embora esteja se mantendo e se ampliando no atual governo, que nada fez para coibir e ainda aumentou o problema.
Eu posso escrever sobre o tema tranquilamente considerando que durante toda a minha carreira na Polícia Militar nunca trabalhei em outro órgão, embora tenha sido convidado.
Preliminarmente, deixo claro que diante da gravidade da situação vivenciada pelos Policiais Militares (Oficiais e Praças) com os baixos salários, as péssimas condições de trabalho e o crescimento das bandas podres, citando alguns problemas, nada mais natural como mecanismo de defesa do que os PMs buscarem atividades fora da Corporação, onde ficam blindados destes problemas, recebem benefícios e ainda ganham ótimas gratificações, na maioria dos casos.
É natural, mas não é o correto, pois todos os Oficiais e Praças foram preparados para o exercício profissional na PMERJ e não em outros órgãos, portanto o nosso dever é enfrentarmos estes obstáculos, para que eles sejam equacionados pelo bem da Polícia Militar e do povo fluminense.
O ponto que abordarei nesta primeira parte é uma expressão maldita que abre as portas para essa debandada: “considerar de interesse policial militar”.
Cidadão fluminense, você sabia que existem Oficiais da Polícia Militar que estão há mais de DEZ ANOS em outros órgãos, fora dos quartéis da Polícia Militar, não desempenhando a profissão para a qual foram preparados com o dinheiro público?
Alguns estão quase alcançando 2/3 da carreira fora da PMERJ, isso é inadmissível.
Imagine um jovem Tenente deixar a PMERJ e ser promovido aos postos de Capitão, Major, Tenente Coronel e Coronel fora da corporação.
Parece mentira, mas isso ocorre e cada vez com mais frequência.
E como isso começou a se processar na Polícia Militar?
Oficiais (Praças também pegam essa carona) começaram a ser cedidos para outros órgãos, prefeituras, por exemplo. Nesses órgãos os Oficiais passaram a construir uma realidade para solucionar um problema, que é a regulamentação que determina que o PM que ultrapassar mais de dois anos fora da PMERJ deve ser transferido para a inatividade, o que não interessa aos Oficiais e Praças, em face do salário ser calculado na forma de cotas.
Não alterado essa regra, ninguém poderia ficar mais de dois anos fora da Polícia Militar, sem ser transferido por cotas para a inatividade.
Como remédio eles passaram a buscar que esses órgãos passassem a ser “considerados de interesse policial militar”, pois essa condição permite que o PM ultrapasse os dois anos fora da corporação sem ser inativado.
O artifício se multiplicou rapidamente e continua crescendo no governo Sérgio Cabral.
A coisa estaria tão descontrolada que recentemente recebi uma denúncia que estou tentando confirmar, no sentido de que um Oficial PM teria ultrapassado os dois anos em uma prefeitura, o que deveria tê-lo automaticamente transferido para a inatividade, mas isso não teria ocorrido porque conseguiram declarar como de interesse policial militar a prefeitura e ainda com efeito retroativo, ou seja, anterior ao dia em que ele completou os dois anos fora e a DGP teria aceito. Atualmente, ele teria retornado e estaria comandando.
Além desse artifício, Oficiais começaram a construir as “coordenadorias militares” desses órgãos definindo funções para serem ocupadas por Oficiais e Praças da PMERJ, assim ficou muito mais fácil entender como de “interesse policial militar”, facilitando inclusive as promoções por merecimento dos Oficiais que estão fora da Polícia Militar.
Isso é uma vergonha!
Enquanto isso ocorre com o beneplácito do governo estadual, da secretaria de segurança e do comando da corporação, os Oficiais e Praças que ficam na Polícia Militar continuam enfrentando os baixos salários, as péssimas condições de trabalho, o crescimento das bandas podres, tirando serviços (finais de semana e feriados), não recebendo gratificações, atuando na Polícia Judiciária Militar (averiguações, sindicâncias e IPMs) e muitos ainda sendo preteridos nas promoções por merecimento pelos que estão há mais de DEZ ANOS fora da Polícia Militar.
Ataulmente a PM possui Oficiais que estão há mais de DEZ ANOS fora da PMERJ e que foram promovidos por merecimento ao posto de Coronel na frente de Tenentes Coronéis que comandaram vários batalhões.
Um completo absurdo e ninguém faz nada.
Mário Sérgio, por exemplo, foi um dos que atuou fora da PMERJ, gozando dos benefícios e hoje é o comandante geral nomeado.
Hoje a Polícia Militar possui mais de 2.800 PMs fora da corporação.
Na verdade estão jogando o "interesse público" no lixo.
Basta a mídia querer para destrinchar incontáveis histórias sobre essa vergonha institucional.
O problema é a mídia do Rio querer e poder...
A segunda parte, a respeito da blindagem, será publicada ainda neste domingo.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO
3 comentários:
Muitos até nem sabemos que sao PMs, se escondem...e pq não saem qdo muda apadrinhamentos politicos? pq no mandatos dos q nomearam eles ficam sabendo de maracutaias dignas de derrubar figuras de alto escalao e como são Pms ha uma certa precaução em demitir e ai eles permanecem por vários governos, e ainda tem a política do troca-troca esquematizado entre partidos e caciques desses.
Haja maracutaias!!!
JSF
boa tarde CEL. !
interessantíssimo esta postagem.
sobre o caso dos excedentes no concurso do cfo pmerj deste ano,leia a postagem no meu blog e retire uma matéria dela e poste em seu blog tbm.
acesse: http://www.fiquenaboa.co.cc/
DESDE JÁ AGRADEÇO E ACOMPANHAREI COM MAIS FREQUÊNCIA O BLG DO SR.!
CARO CORONEL PAÚL,
SOU SERVIDOR DO DEGASE - ÓRGÃO ESTADUAL - RESPONSÁVEL PELA APLICAÇÕES DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS DOA ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI - RESUMINDO - MENOR INFRATOR, O DEGASE ESTA VINCULADO A SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO -INCLUSIVE O GOVERNADOR GOSTA DE ENFATIZAR ISSO QUANDO PERGUNTADO, POIS BEM, O DIRETOR GERAL DO DEGASE É TENENTE CORONEL DA PMERJ - PROMOVIDO EM DEZEMBRO ÚLTIMO - E JÁ ESTA NO DEGASE DESDE 2007 - ANTES DO DEGASE ACHO QUE ERA LOTADO NO DESIPE -E EXISTE OUTRO OFICIAL MAJOR A MAIS DE DOIS ANOS.
O DEGASE É DE INTERESSE DA POLÍCIA MILITAR?
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