quarta-feira, 11 de março de 2009

O GOVERNO DO RIO DE JANEIRO E A "BANDA BOA" DA PMERJ.

Ontem, eu conversei através do telefone celular com o repórter André da Folha de São Paulo ( a folha publicou hoje um breve artigo). Ele perguntou-me sobre a situação atual de cada um dos Coronéis Barbonos, quem ainda estava na ativa e quem tinha ido para a inatividade.
Eu expliquei a situação de cada um de nós, esclarecendo que ainda existiam 5 (cinco) "Coronéis Barbonos" no serviço ativo, incluindo o atual Comandante Geral.
Ao acessar a internet em casa fui surpreendido com a informação (email) do Coronel de Polícia LEONARDO PASSOS, no sentido de que tinha assinado o seu requerimento de transferência para a inatividade, demonstrando a sua tristeza com a situação vivenciada pela PMERJ.
Lamentável, o serviço ativo da Polícia Militar perde mais um valoroso Coronel de Polícia!
E voltando à conversa com o repórter André, ele perguntou-me qual a minha opinião sobre o que estava acontecendo com a Polícia Militar, após o desencadeamento da nossa mobilização cívica?
Eu esclareci que o principal problema foi um “erro de leitura” por parte do Governo Estadual com relação a este fato histórico, único nos 200 anos de história da PMERJ, pois nunca Coronéis de Polícia “lutaram” com tanta determinação pelos Praças, nem nunca arriscaram tanto (gratificações e carreiras, por exemplo).
Digo erro do governo e não erro do governador especificamente, embora ele tenha se referido a nós como “meia dúzia” e “sindicalistas”, conforme a mídia noticiou em destaque. O erro pode ter partido de assessores diretos do governo e não creio que tenha tido origem na Secretária de Segurança Pública, tendo em vista que o Delegado de Polícia Federal BELTRAME, nos recebeu em seu gabinete e conhecia claramente as nossas intenções.
Um “erro de leitura”, um “erro de avaliação”, acontece com todos nós, inclusive várias vezes ao longo de nossas vidas. O problema reside no fato de que quando fica claro o nosso erro de avaliação de uma situação, devemos corrigir as decisões erradas, o que ainda não aconteceu.
Interna corporis, a leitura foi a pior possível, considerando que o governo estadual passou a praticar ações contra os bons Policiais Militares que integram a mobilização.
O Comandante Geral – Coronel de Polícia Militar UBIRATAN – fioi exonerado, por não ter coibido a mobilização, como se alguém pudesse impedir cidadãos brasileiros de exercerem seus direitos constitucionais. Isso só ocorre nas ditaduras autoritárias.
A posse do novo Comandante foi feita no interior do Gabinete, sem tropa, como nunca tinha ocorrido na PMERJ. A própria mídia foi impedida de cobrir o evento, enquanto policiais militares do BOPE guardavam o pátio do Quartel General.
Oito Coronéis Barbonos foram exonerados.
O nosso Estatuto foi alterado. O tempo de permanência no último posto dos Coronéis da PM foi diminuído de 6 (seis) para 4 (quatro) anos, com a participação de Deputados Estaduais que aprovaram a alteração. Uma clara represália aos Coronéis Barbonos, pois simultaneamente foi aprovado o aumento dos “cargos blindados” de Coronéis, que não passam para a inatividade ao completarem os mesmos 4 (quatro) anos, podendo permanecerem na ativa até a idade limite. Foram “blindados” mais 9 (nove) de Coronéis. Pior, a alteração tinha como motivação a renovação do quadro!
A gratificação dos Coronéis “leais” foi quase triplicada (223%).
Um decreto estadual do atual governo, que permitia a todos os integrantes da área correcional (Corregedoria Interna da PMERJ, PCERJ e do CBMERJ) escolherem a próxima unidade, quando movimentados da corregedoria (mecanismo de defesa), foi alterado dias depois privilegiando apenas os integrantes da CGU.
Alguns Tenentes-Coronéis foram exonerados do Comando de Batalhões por participarem da mobilização (Príncipe - BEP, Havani – 18º BPM e Roberto – 6º BPM).
Oficiais foram movimentados.
Tudo fruto de um “erro de leitura”, perdeu o governo estadual a oportunidade de “TRABALHAR JUNTO” com uma parte da Polícia Militar que está muito longe da denominada “banda podre da polícia”.
O “erro de avaliação”, repito, podia ter ocorrido, porém as medidas adotadas em desfavor dos mobilizados provocou o maior estrago na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, ao longo dos seus 200 anos.
O governo atual será lembrado como o que mais prejudicou a Instituição, considerando o que fez com aqueles que amam a Polícia Militar e que, na condição de líderes (Coronéis), não ficaram omissos.
Obviamente, correções podem ser feitas, porém o estrago foi tremendo para a “banda boa” da Polícia Militar.
Pior, imaginem a leitura que os jovens Oficiais e os Praças da “banda boa” fizeram de tudo isso?
É certo que vários Coronéis e Tenentes-Coronéis apoiaram os “Coronéis Barbonos” e os “40 da Evaristo”, portanto, não devem estar satisfeitos com tudo isso.
Finalmente, esclareço a situação atual dos 8 (oito) Coronéis Barbonos:
Coronel de Polícia Hildebrando Quintas ESTEVES Ferreira, transferido compulsoriamente para a inatividade (alteração do estatuto);
Coronéis de Polícia Francisco Carlos VIVAS; Rodolpho Oscar LYRIO Filho, Dario CONY dos Santos e LEONARDO PASSOS Moreira solicitaram transferência para a inatividade.
Coronéis Ronaldo Antônio de MENEZES e Renato FIALHO Esteves estão na ativa, podendo permanecer até o dia 21 de abril de 2011, pois foram promovidos em 21 de abril de 2007, pelo atual governo.
O autor deste blog será transferido para a inatividade no próximo dia 21 de abril, considerando que fui promovido no dia 21 de abril de 2005.
A minha transferência para a inatividade não mudará em nada os meus posicionamentos, tão pouco, as minhas ações em favor da Polícia Militar, em desfavor de quem quer que seja.
Cidadãos Brasileiros, pelo menos uma “banda” deve estar muito feliz!
Adivinhem qual?



PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO