Caro leitor, este artigo precisa ser longo.
Eu já escrevi diversas que tenho vários amigos na mídia, excelentes profissionais que conheci quando exerci as funções de Chefe da 1a DPJM e de Corregedor Interno. Eles e elas sempre respeitaram os meus posionamentos no sentido do que eu podia comentar e o que não podia, enquanto isso eu compreendia que o trabalho deles dependia de informações.
Em um segundo momento, ao longo da mobilização dos Coronéis Barbonos e dos 40 da Evaristo, o meu contato com eles aumentou e eu aprendi que existe uma distância muito grande entre a entrevista que você concede e o que sai nos jornais, nas rádios e nas telas de TV. Ao longo da mobilização eu e outros mobilizados concedemos longas entrevistas que nunca foram veiculadas, isso não por culpa dos repórteres, que perdiam horas e horas no curso das reuniões na AME/RJ, mas pela "turma das editorias".
O ápice desta verdade todos nós vivenciamos na Primeira Marcha dos Policiais Militares e dos Bombeiros Militares, em protesto contra o descumprimento das promessas feitas por Sérgio Cabral, realizada no dia 27 de janeiro do 2008. Naquele domingo, toda mídia esteve presente. Cedemos local para filmagem no alto do carro de som, pois passaria no Fantástico, da Rede Globo, já que era o acontecimento mais relevante do dia em todo país, um fato inédito no Brasil. Cerca de 2.000 mil PMs (mais de quinze Coronéis da ativa) e BMs caminharam na Orla da Zona Sul, parando na esquina do prédio onde reside o governador. Era o dia do aniversário de Cabral, pelo que recordo. A caminhada teve banda de músicos e uma série de bandeiras do Brasil, o hino nacional foi cantado, assim como, a canção do PM e o hino do herói do fogo. Um ato cívico-democrático. O povo aplaudiu. Um fato histórico.
Algumas emissoras e alguns jornais divulgaram o fato, mas no Fantástico nem um segundo.
Todos fomos exonerados, Ubiratan perdeu o Comando Geral.
As revistas semanais da semana seguinte nos chamaram de insubordinados e amotinados.
Uma vergonha para as próprias revistas, que demonstraram que desconheciam por completo a constituição federal e o código penal militar.
Vivenciei de novo o fato de parte da mídia fluminense ser pautada, na propaganda das UPPs. A mídia fez propaganda do governo estadual o tempo todo e nunca deu uma linha sobre as mazelas das UPPs e só começaram a falar (moderadamente) que as UPPs apenas transferiam os traficantes (não prendiam), após as eleições e quando os fuzis começaram a ser colocados na cara do povo nas ruas.
Os PMs que trabalham nas UPPs e que tem vários direitos desrespeitados, custaram para conseguir uma mei dúzia de linhas sobre esses fatos. Hoje, por exemplo, foi inaugurada uma UPP que não tem água potável para os PMs beberem. Procure algo sobre isso nos jornais de amanhã.
Na Guerra do Rio, mais uma vez, a mídia fluminense mostrou que tem lado. Durante dois dias colocamos faixas, distribuimos panfletos e usamos as camisas da PEC 300, ao lado dos órgãos da mídia fluminense e nada, nenhuma linha.
Um dos repórteres presentes ainda falou que briga da PEC é em Brasília e não no Rio.
Precisou um jornal de São Paulo para noticiar o fato.
Aliás, também já está pegando mal demais para a mídia fluminense, o fato de que as denúncias contra o governo do Rio surgirem, via de regra, através da mídia paulista.
Parte da mídia do Rio segue pautada, inclusive o maior crítico da desastrada operação de invasão e ocupação da Vila Cruzeiro e do Complexo Alemão, nas quais permitiram a FUGA DE CENTENAS de envolvidos com o tráfico de drogas - ao que tudo indica - é o jornalista Reinaldo Azevedo.
O nosso agradecimento ao Estadão.
"JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO.
Polícia reforça ofensiva salarial após ações no Rio
Corporação pressiona pela aprovação da emenda constitucional que cria o piso nacional para a categoria; futuro governo teme impacto fiscal
29 de novembro de 2010
Rodrigo Burgarelli / RIO - O Estado de S.Paulo
Embalados pela repercussão positiva das operações de ocupação na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão, no Rio, os policiais cariocas prometem aumentar a pressão para a aprovação da proposta de emenda constitucional 300 (PEC 300), que cria o piso nacional para a categoria.
A faixa, pendurada bem ao lado do quartel-general das forças que atuam na ocupação no complexo de favelas na zona norte do Rio, denuncia: "R$ 30 por dia: valor da vida de um policial e de um bombeiro no Rio de Janeiro." Bem ao lado, a inscrição "PEC 300/2008" mostra que, após o sucesso da invasão do Complexo do Alemão, o momento é adequado para as reivindicações. "Agora temos o apoio de toda a população. Ir contra a PEC é ir contra todo mundo que apoia a Polícia do Rio", explicou um policial militar que não quis se identificar com medo de represálias.
Policiais que participavam das operações no Alemão reclamavam das condições de trabalho e do salário. "É mentira isso que estão falando, que policiais se apresentaram voluntariamente para ajudar. Foi ordem direta. Agora, estamos trabalhando extra, sem ganhar nada a mais por isso, e com um salário mal pago", disse outro PM, que pediu anonimato.
Apoio. Moradores da Penha que assistiam à movimentação das tropas concordaram. "Os policiais estão mostrando o valor deles, que não corresponde com o que eles ganham", afirmou o diretor administrativo Elias Matias, de 44 anos.
Para o presidente da Associação dos Ativos e Inativos da Polícia e Bombeiros Militares (Assinap), Miguel Cordeiro, a polícia fluminense é a mais mal paga do Brasil. "Hoje, um policial no Rio tem vergonha de falar que é policial, o salário é ridículo", disse. "Se nossos policiais ganhassem bem, toda a população sairia ganhando", acrescentou.
Atualmente, um policial militar em começo de carreira no Rio ganha cerca de R$ 900 por mês. Caso a PEC seja aprovada, o piso poderia passar para R$ 3,5 mil (quase quatro vezes mais), enquanto o governo federal não fizesse um projeto de lei com um valor definitivo para o piso. Grande parte do financiamento viria dos cofres federais – segundo cálculo do Ministério do Planejamento, o impacto no orçamento seria por volta de R$ 46 bilhões.
Por isso, a aprovação da PEC está emperrada desde 2008, quando foi proposta. Houve pressão para que ela fosse aprovada antes das eleições – a Câmara chegou a aprovar o projeto em primeiro turno, mas ele ainda não voltou à pauta por falta de acordo. O atual e futuro ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou ser contra a aprovação da proposta. 2011, para ele, é ano de contenção fiscal".
VIVA A LIBERDADE DE IMPRENSA!
VIVA A IMPRENSA LIVRE.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO