sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A GUERRA DO RIO: TIRE AS SUAS CONCLUSÕES.

Eu sou professor e uma experiência que consegui vivenciar é que ninguém ensina nada a ninguém, na verdade deve existir um processo ensino-aprendizagem, uma interação que promova uma mudança de comportamento naquele que pretende adquirir um novo conhecimento.
Nesta direção, no nosso blog não tendo convencer os leitores, impor as minhas ideias, tento o mais didaticamente possível, quase de forma simplória, fornecer subsídios para que cada um estabeleça as suas conclusões, usando o seu próprio ferramental de conhecimentos, ao qual procuro fornecer elementos a serem agregados ou não.
Diante do escrito, para que você tenha mais elementos para concluir, ofereço algumas considerações, parando no estágio deste início de sexta-feira da Guerra do Rio:
1) Ocupar as comunidades dominadas pelo tráfico, retomando o controle territorial para o Estado sempre foi a solução idealizada por todos que atuaram na segurança pública.
2) Tais ocupações sempre ocorreram de forma provisória, após confrontos armados com uma série de mortos, mas não eram mantidos por falta de efetivo, considerando que existem centenas de comunidades carentes no Rio de Janeiro.
3) O governo Sérgio Cabral faz esse entra e sai, com a tática do “tiro, porrada e bomba”, há quatro anos, na quase totalidade das comunidades carentes do Rio, as exceções são as doze comunidades onde a Polícia Militar implantou as UPPs.
4) As comunidades com UPPs não representam nem 5% (cinco por cento) do total das comunidades carentes do Rio.
5) O governo Sérgio Cabral estabeleceu uma nova forma de ocupação, dando um aviso prévio aos traficantes e permitindo a fuga deles para outras comunidades, assim evitou os confrontos e as críticas que ocorreriam em face da morte dos inocentes, isso permitiu que implantasse uma após outra.
6) Para suprir a necessidade de efetivo, o ingresso na Polícia Militar foi facilitado e todos os novos Soldados foram colocados nas UPPs.
7) A ocupação das doze UPPs, imobilizou mais de 2.000 homens da Polícia Militar.
8) A Polícia Militar perde por ano cerca de mil homens, pelos mais diferentes motivos (Em 2009, 300 foram expulsos, por exemplo). Tal perda não foi recompletada nos batalhões, em face do emprego nas UPPs. Em conseqüência, as ruas foram esvaziadas de policiamento ostensivo.
9) O governo Sérgio Cabral contou com o apoio incondicional de parte da mídia fluminense, o que contribuiu para ocultar da população que na verdade, a cada UPP implantada, ocorria uma transferência de traficantes para outras comunidades, ou seja, empurrava o problema para outras populações carentes.
10) Nas últimas semanas os traficantes de drogas iniciaram a implantação do INFERNO no Rio de janeiro, começaram pelos arrastões e, nos últimos dias, começaram a incendiar ônibus, vans, motos, caminhões e veículos particulares. Além disto, começaram a metralhar cabines blindadas da Polícia Militar.
11) O governo Sérgio Cabral resolve atacar os traficantes em seus redutos, realizado diversas operações entra e sai, com a velha tática do “tiro, porrada e bomba” em dezenas de comunidades.
12) O governo Sérgio Cabral ao decidir pelo contra-ataque, esqueceu que a mais importante era primeiro evitar que os ataques continuassem, assim sendo, o governo invadia e os ataques continuavam.
13) Sem eficácia, pois os ataques continuaram, o governo resolve então invadir um reduto simbólico dos traficantes de drogas.
14) Hoje a Polícia Militar ocupou a Vila Cruzeiro, onde promete implantar uma nova UPP e, mais uma vez, os traficantes foram transferidos para outra comunidade, o Complexo do Alemão.
15) O Complexo do Alemão passou a ter os seus traficantes e mais os que foram transferidos da Vila Cruzeiro.
16) Qual será o total de traficantes e de armas de guerra?
17) No atual estágio, caso a intenção não seja transferir novamente os traficantes, duas possibilidades surgem: Os duzentos traficantes (dado do Jornal Nacional, Rede Globo) oriundos da Vila Cruzeiro, mais os traficantes que já estavam no Complexo, se entregaram com suas armas de guerra ou ocorrerá um grande confronto, com a possibilidade real de incontáveis mortes de traficantes e, tomara que não, de inocentes e de policiais.
18) Neste ponto, não custa lembrar a Batalha do Alemão, que o mesmo governo Sérgio Cabral desenvolveu em 2007, que resultou em dezenas de mortes e graves acusações de organismos de defesa dos direitos humanos.
19) Diante do que presenciamos ontem ao vivo, podemos considerar que o governo Sérgio Cabral perdeu a primeira Batalha do Alemão, ou não?
20) Após a ocupação da Vila Cruzeiro os ataques continuaram.
21) O governo Sérgio Cabral pede socorro ao governo federal, que enviará tropas e equipamentos das Forças Armadas, assim como, efetivos da Polícia Federal.
22) Amanhã, passaremos a ter no município do Rio uma tropa federal, com comando próprio atuando, certamente, de forma coordenada com as forças estaduais, inclusive no planejamento das ações futuras.
Este é o momento atual, fornecendo mais algumas considerações:
1) O tempo é um inimigo terrível para as forças de ocupação, a cada dia as dificuldades serão maiores.
2) Atualmente, já existe uma grande dificuldade logística de manter a ocupação da Vila Cruzeiro, que será muito maior quando a ocupação incluir o Complexo do Alemão. Não custa lembrar que a Polícia Militar tem grande dificuldade na gestão logística das atuais UPPs, que são ocupações, onde as condições de trabalho dos PMs são péssimas.
3) As escalas de serviço na Polícia Militar foram reduzidas, a tropa está sendo empregada com pouco descanso, portanto, o desgaste físico e emocional crescerá a cada dia.
4) Com a redução das escalas, os Policiais Militares começaram a perder dinheiro, pois não estão trabalhando no bico, isso trará problemas para que eles possam saldar suas dívidas.
5) Os traficantes encontrarão uma fórmula ágil, barata, eficaz e difícil de prevenir, para levar pânico à população: dois ou três menores viciados e uma bomba caseira, o incêndio está feito, o povo está em pânico.
6) Como deter está estratégia?
7) Ela pode ser empregada em qualquer local do Rio de Janeiro, carros já foram queimados em Cabo Frio, por exemplo.
8) Mandando os presos para os presídios federais?
9) Tomando o Complexo do Alemão?
Tirem as suas conclusões.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
PROFESSOR E CORONEL
Ex-CORREGEDOR INTERNO

Um comentário:

Anônimo disse...

O que ocorreu na Vila Cruzeiro, retrata bem o que o senhor diz.

Sem a prisão da maior parte destes bandidos e a apreensão do seu armamento, a coisa só tende a piorar.

Quantos foram presos ou mortos nesta operação de guerra?
Quantas armas (pesadas) foram apreendidas?

Embora várias "justificativas" tenham sido dadas ao público através da mídia (principalmente a chapa branca), o que vimos foi "outra transferência" de território dos bandidos e seu arsenal.

Até aqueles 66% de alienados cabralistas, já estão desconfiados.