quarta-feira, 16 de setembro de 2009

BELTRAME AINDA CONTINUA SECRETÁRIO DE SEGURANÇA.

BLOG DO GUSTAVO DE ALMEIDA:
Quarta-feira, 16 de Setembro de 2009
A PM paga a conta
Imaginem a cena: o pai chega em casa, cansado, tira uma pistola 45 da pasta de trabalho e coloca na gaveta. O filho de 10 anos, meio escondido, vê o que o pai fez. No dia seguinte, pega a arma, coloca na mochila escolar e leva para a escola. Por acaso, neste dia, acontece uma correria perto do colégio, e ele, heróico, resolve sacar a arma do pai e atirar para onde aponta o nariz. A bala atinge uma inocente, que morre. Onde está a culpa da PM no episódio? Difícil, não? Pois podem apostar que, no mínimo, haverá gente culpando a PM pela correria que "teria motivado o menino a sacar a arma". E mais: a conta seria da PM sozinha, apesar do pai ter condições de dividir, da escola ter as mesmas condições, e, digamos, os pais e parentes do menino, que não o educaram direito. A história, é claro, é fictícia. Mas tem verossimilhança.
Mudando então a história: quando acontecem dois arrastões em prédios da Zona Sul, por que a PM deveria assumir a conta sozinha (como assume)?
Os bandidos que praticam o arrastão dentro de um prédio saem de suas tocas e seguem pelas ruas do Rio, até onde sei, sem fazer alarde. A PM nas ruas pode flagrá-los? Pode. Em uma blitz. Agora, quando há uma blitz, qual a reação dos motoristas? Indignação, recusa em colaborar, desconfiança.Logo, a blitz é um recurso da PM que é contestado pelo restante da sociedade organizada. Busque-se outros. Como interromper o trajeto dos bandidos em direção aos apartamentos? Analisemos: se os bandidos passarem pelo "bloqueio" das ruas (ou seja, a presença ostensiva dos policiais militares), qual a primeira "cancela" a ser enfrentada? Se você clicar neste link do Sindicato da Habitação (o Secovi) vai saber que o mesmo tenta há anos difundir entre síndicos, porteiros e condôminos algumas regras de segurança condominial.
Um dos itens sempre abordado em palestras é a questão das "obras dentro de prédio". Há negligência constante. Não se identifica quem trabalha. E se dá excessiva liberdade de entrar e sair do prédio, muitas vezes sem a necessidade para a obra.
Resultado: do mesmo jeito que bandidos usam as pizzas delivery para entrar em prédios, usam também a obra. Com o porteiro orientado, ou mesmo um sistema de ingresso nas dependências feito de forma segura, dificilmente os bandidos entram.
Ponto principal: os condomínios não dividem a conta. Se dividirem, são processados pelos condôminos, já que se estabelecerá nexo causal (negligência) entre o sinistro e a responsabilidade civil da pessoa jurídica "Condomínio". Quem mais? A polícia investigativa poderia dividir a conta? Poderia. Uma vez que os assaltos a prédios se repetem, os criminosos podem até ser os mesmos. Mas a reação de delegados e investigadores - até mesmo os que trabalham sério, há muitos destes - é de estupefação diante da "falta de política de prevenção". Ou seja, ineficácia da PM.
Se a conta fosse dividida entre PM, polícia investigativa, condomínios, síndicos, porteiros, moradores, polícia federal (que deveria impedir armas longas de entrar no País) e, em suma, governos (que deveriam atenuar o crescimento da marginalidade com políticas de inclusão), talvez as ações fossem mais eficazes.
Mas não: a conta é sempre da PM. No caso, do 23ºBPM (Leblon), que tem um grande comandante com oficiais sérios em torno. Uma pena que as pressões comecem a recair sobre estes ombros já repletos de fardos pesados. Postado por Gustavo de Almeida às 11:07
Mais uma excelente análise do amigo e jornalista Gustavo de Almeida.
Assinamos com ele, inclusive quando escreve sobre o Coronel de Polícia Sérgio, comandante do 23o BPM, um Oficial de competência comprovada e com outras qualidades indiscutíveis, algumas que andam raras na Polícia Militar dos nossos tristes dias.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO

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