sexta-feira, 25 de setembro de 2009

SER OU NÃO SER UM CORONEL DE POLÍCIA.


A promoção é um ato administrativo que viabiliza a ascensão profissional agregando novas conquistas e maiores responsabilidades.
Nas organizações militares as promoções carregam um grande simbolismo, ainda lembro como era marcante a promoção dos Soldados de Polícia à graduação de Cabo. O concurso não era fácil para o Curso de Formação de Cabos, o qual por sua vez também exigia muito esforço, o que fazia com que o dia da solenidade de formatura fosse um verdadeiro marco para o Policial Militar e para sua família.
O novo Cabo ao retornar para a sua OPM passava a exercer a função de comandante de Rádio Patrulha, deixando de ser aplicado no policiamento à pé, o policiamento ostensivo geral (POG).
Os Soldados chamavam os Cabos de senhor.
A Polícia Militar passou a ser subjugada pelo poder político e rapidamente a Instituição se deteriorou.
Os políticos invadiram os quartéis, passaram a nomear comandante e a promover os Oficiais fiéis aos seus interesses, a corrupção avançou geometricamente e as promoções dos Praças passaram a ser feitas pelo critério do tempo de serviço, perdendo o valor meritório.
Hoje todos se chamam pelo nome, Oficiais e Praças, a corrupção avança a cada dia e os políticos dominaram tudo.
O Cabo de Polícia se desvalorizou e com ele o Coronel de Polícia.
Os Coronéis dos nossos tristes dias não são mais Coronéis não expressão maior do termo, com raríssimas exceções.
A Polícia Militar possui nos seus quadros Coronéis Assessores Políticos, ou seja, Coronéis que chegaram a esse posto em face de suas relações políticas, apenas isso. Temos Coronéis que nunca comandaram qualquer OPM, Oficiais que quando foram promovidos estavam há muitos anos afastados da Polícia Militar e que continuam até hoje servindo a senhores políticos, encostados aqui e ali.
Esses Cabos não são mais os mesmos e esses Coronéis não são nem sombra do que deve ser um Coronel.
Um efeito colateral avança com velocidade assustadora com o enfraquecimento dos Coronéis, a degradação da função de comandante, o que é gravíssimo.
Nas nossas andanças pelas Unidades Operacionais (batalhões) para divulgar a luta de todos nós, assustado constatei que em algumas unidades muitos Praças não sabiam o nome do seu comandante.
Eu permaneci na “geladeira” (sem função) de janeiro de 2008 até abril de 2009, quando se iniciou o meu processo de transferência para a inatividade, portanto não estou familiarizado com a dança dos comandantes, o que foi agravado com a impossibilidade de ler o boletim ostensivo da PMERJ, que pode ser tudo, menos ostensivo.
Diante dessa verdade, ao entrar nas unidades quase sempre pergunto o nome do comandante, ocasião em que recebo um “não sei” como resposta.
A culpa não é do Praça, a responsabilidade por essa tragédia é dos Coronéis de Polícia, que não são mais Coronéis lato sensu.
Em sua maioria, são Policiais Militares que dormiram Tenentes Coronéis e acordaram Coronéis em alguma repartição espalhada por aí.
Não podemos cobrar que sejam Coronéis, eles não conseguem, sentem-se mais à vontade usando ternos do que envergando fardas com todo o seu simbolismo, honra, idealismo e destemor.
Preferem usar gravatas de custo elevado, os quepes os incomodam e as insígnias os ofendem.
Não querem ser comandantes, isso não interessa, querem ser gestores para exercitar o que aprenderam ou estão aprendendo no MBA, dando prosseguimento as suas atividades pessoais no campo da segurança privada ou do mundo acadêmico.
Os Cabos se desvalorizaram, os Coronéis perderam a voz e a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro nos envergonha, cada dia mais e mais.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO

Um comentário:

Anônimo disse...

Cel Paúl; somos do tempo em que existiam 3 graus hierárquicos de Comandantes: Cabo, Capitão e Coronel - o primeiro era o Cmt da RP, o segundo o Cmt da Cia e o último o Cmt do Btl.
Bons tempos aqueles...