sexta-feira, 5 de outubro de 2007

NORTON GAETA - UMA OPINIÃO QUE EU RESPEITO.

Caro Norton:
Saudações tricolores.
A sua análise do meu artigo me trouxe grande alegria, pois como o considero um cidadão na maior amplitude que essa palavra possa ter, chego a ficar envaidecido.
Norton é primo do meu filho e sempre foi um aluno brilhante, sendo hoje um brasileiro pleno, com idade para ser Presidente da República, portanto devo respeitar as suas críticas e os seus conselhos.
Inicialmente, caso não tenha lido, aconselho a leitura do artigo que antece a esse na posição de postagem, pertinentes a duas publicações feitas pelo jornal O DIA, na quinta-feira, 4 de outubro de 2007.
A referida leitura irá descortinar novas realidades na sua mente, tenho certeza.
Norton, eu estou tão distante de um censor, quanto de um conhecimento amplo sobre a cosmologia universal.
O fato não é censurar e sim refletir, discutir as causas e os efeitos.
Você me conhece bem e sabe que eu sou um homem que busco resultados e que não me conformo com o "estado das coisas".
A minha luta contra a fraude nas contas de água do condomínio onde resido até hoje foi tema de muitas conversas entre nós, lembra?
E a situação da Corregedoria Interna quando de minha assunção, em maio de 2005, quando existiam mais de 3.600 procedimentos apuratórios, processos administrativos disciplinares e recursos em atraso.
Não buscamos culpados, implementamos mudanças, tentamos alternativas e após quase 8.000 soluções publicadas nesse período, a situação começou a mudar.
Norton, essa é a essência das coisas, quando um processo vai mal, ele deve ser mudado, caso contrário levará a falência múltipla do processo.
A nossa sociedade vai bem ética e moralmente?
O Brasil que vivemos é o Brasil que queremos?
Que futuro nos aguarda na esquina nesse mundo de Bebels e de Nascimentos?
Lembre Paulo Freire, o futuro é algo que se constrói a cada instante!
Na miha opinião e respeitando todas as opiniões em contrário, chegou a hora de mudar.
O estágio atual só nos conduzirá mais e mais para o caos ético e moral, um passo antes da bárbarie.
Se você me mostrar o que conseguimos construir nesses últimos anos no terreno da ética e da moral, eu dou o braço, ou melhor, o pescoço a torcer.
Norton, a fórmula claramente está dando errado e cada vez mais insistimos nela.
Uma liberdade de expressão, que mais parece uma libertinagem de expressão!
Liberdade não é falar ou fazer o que quer, na verdade consiste em falar e fazer com consciência pública e social.
Construir é a regra, quando a sociedade parece desmoronar.
Vamos aos seus comentários, esclarecendo que os destaques em negrito são de minha autoria e que as minhas inserções estão em vermelho:
Prezado Paulo,
Recebi seu texto encaminhado pela minha mãe, e estou respondendo para você, na esperança de acrescentar algo na sua visão destas questões.
Faço isso porque sei da sua influência como formador de opinião, e também como atuador direto nas políticas de governo.
Vejo sua posição na contra-mão da melhoria moral e ética da sociedade.
Vou tentar explicar isso a seguir.
Ao contrário de você, de um modo geral achei o filme super positivo de várias formas, por levantar todos esse debates, a começar pela forma como o filme inicialmente se disseminou, ou seja, pela pirataria.
(Nesse aspecto nos concordamos, o filme foi "lançado" como uma cópia pirata e por que? Digo isso porque acreditar que houve um vazamento de uma produção de 1 milhão de dólares e sob a orientação de profissionais da segurança, inclusive de empresas privadas de segurança é crer no absurdo).
Eu por exemplo jamais comprei um DVD pirata em camelô. Na verdade eu não compro nada em camelô, eles nem deveriam estar ali!
Mas uma cópia de Tropa de Elite me passou pela mão, um colega de trabalho na mesa do lado me emprestou, e pela facilidade e curiosidade eu vi.
É crime ter visto um filme pirata emprestado?
(O pior não é se você viu ou não uma cópia pirata, trsite é saber que o filme já está na terceira versão!)
Nem sei, mas o fato é que a compra e venda de DVDs piratas é generalizada, e ninguém faz nada. Acho positivo um fato desses forçar o debate, pra que a sociedade decida o que quer da vida, se quer pirataria ou se quer leis.
(Tenho certeza que você sabe qual a resposta da Sociedade, ela quer a pirataria, em razão do preço, pois a própria Sociedade parece uma cópia pirata de uma Sociedade verdadeira.)
Ou que se troque as leis para deixar de ser crime.
O que não pode é a lei dizer uma coisa e a prática generalizada ser outra.
Claro que ainda não será dessa vez que isso se resolve, mas debater é um passo neste sentido. Mas pior mesmo é um governador ver o filme e depois ficar desmentindo. Alguma dúvida de que ele viu?
Um exemplo de hipocrisia vindo de cima. (Para limpar minha consciência irei ao cinema quando o filme for lançado, mesmo porque, é incentivo à indústria cinematográfica nacional ! ).
Sobre "proibir" ou "desaconselhar", de um modo geral eu acredito que qualquer adulto deveria ter capacidade de decidir o que quer ou não assistir no cinema.
(A que adultos você está se referindo e a adultos de qual país, pois muitos nos nossos adultos nem conseguem interpretar corretamente um texto simples. Lembre-se, o brasileiro lê muito pouco e quando escolhe um livro, opta pelo que tem menor número de páginas e mais figuras)
Os cidadãos não são crianças, ou pelo menos não DEVERIAM ser.
(A sua própria dúvida, responde ao tema).
Qual o bem de proibir alguém de ver algo?
(O que você acha que obteríamos de bom exibindo no Show da Xuxa, extrmínio de judeus em campos nazistas?)
Impedir a disseminação de idéias ruins?
Acho que nenhum adulto tem que concordar com o que vê numa tela de cinema, e quanto mais se puder exercitar este julgamento, melhor.
E como exercitar o julgamento sem ver?
(Bem, no meu caso é simples. Eu li o livro que serve de base para o livro três vezes e fui invadido por uma overdose de notícias sobre o filme, tanto que devo ter assistido a todas as cenas polêmicas do filme).
Não acredito que deixar de ver o filme torne a realidade melhor, muito pelo contrário, pelos motivos a seguir.
Por exemplo, no caso do personagem "Nascimento", fica claro no enredo que ele é um anti-herói, de comportamento *ambíguo*, ora honesto, ora perverso.
(Pergunto é essa a imagem que a Sociedade, princialmente as crianças fazem dele?)
Ou seja, um ser humano comum dentro de uma realidade conturbada, com vários vícios morais e éticos, capaz de torturas e execuções, de maltratar a mulher, mas com algumas qualidades universalmente entendidas como positivas, como coragem e senso de dever, e de no fundo querer que a família dê certo (e por isso ele quer sair do BOPE).
Por sinal, ele maltrata a mulher por complexo de culpa, apenas na situação da morte do companheiro, ou seja, ele se ressente da morte (demonstrando sensibilidade).
A propósito, ao trabalhar estes dois lados de forma tão natural reside a meu ver o principal mérito da atuação de Wagner Moura em Tropa de Elite.
Quer dizer, nesta ambiquidade do Nascimento o filme é apenas realista, ou não existem pessoas assim?
Mas é claro, para entender tudo isso é preciso ter uma formação moral antes de assistir.
(Agora você foi perfeito, então só vamos permitir que assistam ao filme, aqueles que tenham uma formação moral! A única dificuldade será descobrir quem e quantos possuem tal formação moral?)
Alguém já predisposto a aceitar esse tipo de perversidade (torturas, execuções) pode entender Nascimento como herói, *mas isso não é culpa do filme.
O assustador é verificar que existem tantas pessoas já com esta disposição.
(Mais uma vez, você foi perfeito! O filme irá contribuir para aumentar ou diminuir o número dessas pessoas?)
Perceba: eu vi o filme e continuo achando execuções sumárias e torturas algo errado, e não sou o único.
Agora, como que alguém, adulto, pode chegar em um cinema sem capacidade de distinguir o bem do mal?
A resposta para mim é óbvia, a falta de formação moral adequada, que sempre foi um papel da família, às vezes sob orientação paralela das religiões.
Achar que crianças e jovens vão criar uma formação moral e ética apenas indo pra escola é ingenuidade ou coisa pior.
(Isso é fato, existem uma série de fatores que interagem para aformação moral e ética das crianças, inclusive o cinema.
A familia está cada vez mais dissolvida, é muitas vezes meramente um grupo de pessoas que mora junto, ou nem isso, e os pais delegam a outros a responsabilidade de educar os filhos, sejam professores, seja o governo, sejam psicologos.
Ou seja, deixam quebrar para depois ter que consertar.
Educar é uma responabilidade que não pode ser delegada ao Estado!
(Perfeito, novamente. Os cineastas e os escritores, por exemplo, tem grande participação nesse processo.)
E a propósito, é por isso que existem também tantos jovens drogados, que não vão deixar de se drogar mesmo sendo proibido, pois não tem a orientação necessária para saber decidir.
(Snceramennte, o que falta é repressão aos clientes. O Tráfico de drogas é um comércio e nós, Sociedade Brasileira, cada vez mais queremos e estamos consentindo que o viciado seja cada vez mais um doente, do que um criminoso, E cada vez mais as favelas são dominadas pelo tráfico.)
Com uma educação consistente da família, não há filme, videogame de carnificina, revista, livro, brinquedo, ou seja lá o que for, que seja mais influente na formação de uma pessoa.)
Na realidade, hoje em dia o filme não seria apropriado para menores, mas em um mundo com esta educação, não faria diferença.
(Então, você concorda que
Por outrp lado o filme é idealista por outras forma como por exemplo, exatamente ao apontar a conivência da classe média e da alta, dos playboys que querem drogas e financiam o tráfico.
Ponto positivo do filme na conscientização da sociedade.
(Norton, isso é um lugar comum há décadas, tendo sido discutindo incontáveis vezes e o que meudou?)
Pode-se questionar cenas muito violentas, mas nenhuma delas é inventada (QUEM DISSE ISSO? OS AUTORES) os fatos narrados, são cenas que ocorrem por aí todo dia, e o filme apenas as coloca na frente de pessoas que não tem contato direto com isso.
Mas pessoas que, se tomarem consciência delas, talvez possam se posicionar melhor diante desta realidade.
Outro ponto positivo do filme!
O filme por exemplo mostra policiais sem condições de trabalho, mesmo os honestos.
Mostrar isso de forma contundente para o público não é bom?
(Não existe qualquer novidade nessa postura, isso já faz parte do dia a dia.)
Vejo isso como um fator que pode gerar momento político para que a situação mude.
A pior coisa para quem quer resolver um problema é se isolar dos fatos, ver filmes apenas de musicais e comédias e fugir do lado desagradável.
E a arte para mim não é para mostrar só flores.
Agora, se a PM, ou o BOPE, ou algum envolvido, se sentiram ofendidos pelo fato do filme distorcer a realidade ou por denegrir a imagem instituição, elas podem sim entrar com os meios legais para tentar impedir a exibição.
(Eu entrei com a ação.)
Só que aí tem dois pontos a considerar.
Primeiro que é tão menos eficaz tentar impedir a exibição de um filme, do que tentar mudar a própria realidade (Qual realidade, pergunte aos autores) que ele retrata, que em grande parte o filme certamente não inventou, que a primeira é uma ação inócua, além de me parecer desespero.
E segundo, porque me parece que a probabilidade disto ocorrer, ou seja, a proibição, é remota, e portanto é mais útil saber como lidar com este tipo de publicidade negativa, venha de onde vier.
(viver
Por
tanto, proibir ou desaconselhar o filme é inútil, reclamar das novelas é inútil.
E o seu discurso está omitindo o ponto principal que é a falta de educação moral e ética a ser realizada pelas famílias.
(Sem dúvida e no que o filme ou o livro contribuem nesse aspecto.)
Sem isso não há nada que se possa fazer que dê resultado.
Com isso, o problema da suposta má influência do filme e das novelas não existe.
Sua opinião no final das contas, é um tiro (de escopeta!) no pé, pois o filme é mais aliado do que inimigo.
Pode parecer meio complicado de analisar todos os prós e contras de "Tropa de Elite", pois como o Nascimento, ele também é meio ambíguo.
E ainda mais sem tê-lo visto!!!
Julgar algo sem ver é uma posição insustentável.
(Lamento discordar, existem incontáveis fatos que não quero ver e desaconselho a todos.)
A
penas alguns segundos de trechos isolados de um filme nem de longe exprimem o seu significado.
E não tendo tido como saber o significado dele, que sentido tem desaconselhá-lo?
(Volto ao livro, esse eu conheço bem.)
Se não conseguir convencê-lo tudo bem, mas tentei fazer minha parte em alertar.
De todo modo, a minha sugestão é que reflita um pouco mais sobre estes pontos e se for o caso, reveja esta posição.
Um abraço!

NORTON GAETA.
Grato pelas críticas, amigo NORTON!
Sou contra o livro e o filme.

Um comentário:

Anônimo disse...

Vou tentar responder a pergunta:
"Que sociedade é esta que viu no capitão Nascimento um herói salvador?"
narrando uma dinâmica feita em sala de aula por um Professor de Direito, em uma Faculdade da Zona Sul do Rio no ano de 1994, quando os seqüestros estavam em alta, a População Fluminense estava sendo flagelada por esse delito e, do outro lado, na onda do Politicamente Correto, dos Direitos Humanos e dos Direitos e Garantias Constitucionais, as ONGs faziam a alegria dos Marginais que debochavam da Polícia com o denuncismo criado que em muito ajudou a enfraquecer o aparelho de segurança do Estado e nada contribuiu para melhorar a prestação de serviço de segurança por parte deste mesmo Estado, mas encheu os cofres destas ONGs estrangeiras e ajudou a muitos políticos se elegerem...
Vamos a dinâmica:
O professor perguntou:
Quem é legalista?
A sala toda respondeu unissonamente:
Eu!!!!!
O professor perguntou:
Quem é a favor dos Direitos Humanos?
A sala toda respondeu:
Eu!!!!
O professor perguntou:
Quem acha que devemos respeitar estritamente os preceitos constitucionais previstos no Art.5º da Constituição Federal, inclusive para os presos?
A sala respondeu:
Eu!!!!!
O Professor chamou uma aluna que se destacava entre os outros alunos pela empolgação, e disse:
A Senhora agora vai representar um papel, a senhora fará o papel de uma mãe.
Depois se virou para a turma e escolheu a mais franzina das alunas e disse você será fará o papel de filha dela.
Voltou-se novamente para a turma e escolheu quatro rapazes entre os mais fortes.
Após as escolhas pediu que a turma arruma-se as cadeiras em semicírculo e a aluna que fazia o papel de mãe ficasse de costas para a parede.
Os quatro rapazes ficassem com a jovem que interpretava a filha atrás do grupo sentado em semicírculo.
O Professor aí propõe para a aluna que se encontra voltada para a parede, vc vai se manter voltada para a parede e me responder as perguntas que eu fizer, após imaginar e se colocar na situação que eu vou contar:
Sua filha foi seqüestrada.
Mas fique tranqüila a polícia já tem pista dos seqüestradores, e está prestes a prender um integrante da quadrilha que efetuou uma ligação pedindo resgate.
Daí a pouco, o Professor pede ajuda a um grupo de alunos, para que fizessem papel de policiais solicitam a um dos rapazes que estavam com a estudante que fazia o papel de filha que os acompanhe até a aluna que fazia o papel de mãe, eles vão até ao lado da aluna que se encontrava voltada para a parede e o Professor narra:
Este é um dos seqüestradores, ele sabe com certeza onde está sua filha ou pelo menos quem são os outros integrantes da quadrilha, quando o prendemos ele estava com esta fita VHS e, nós tivemos oportunidade de assistir, nela sua filha implora para que seja pago o resgate.
A aluna no papel de mãe pergunta:
Minha filha está bem?
O Prof. no papel de Del. Pol. responde:
Depende de nós encontrarmos os outros seqüestradores, pois esta quadrilha costuma maltratar os seqüestrados, porém o bandido preso não quer colaborar, e falou que só vai falar em Juízo e, que seu advogado já está a caminho.
Vamos continuar investigando, porém, com a prisão de um cúmplice eles pararam de fazer contato.
A aluna se desespera e aos brados diz:
E agora Sr. Delegado??? Vão matar aminha filha!!! Faça alguma coisa!!!
Fazer o que ??? O que eu podia fazer, já fiz, prendi um dos integrantes da quadrilha, só que agora tenho que respeitar o art. 5º da CF.
A aluna se desespera e parte para cima do bandido gritando :
Diz onde está minha filha!!! (esbofeteia o colega que representava o bandido)
E pede ao Prof. no papel de Delegado:
O Sr. é mais forte!!! Bate nele, faz ele confessar...
O Professor então vendo que a dinâmica já atingira o objetivo interrompe, agradece e pede a todos para voltar aos seus lugares.
O Professor agora repete as perguntas feitas:
Quem é legalista?
Na sala silêncio ouve-se um ou outro:
Depende...
O professor pergunta:
Quem é a favor dos Direitos Humanos?
A sala em silêncio ouve-se novamente um ou outro:
Depende...
O professor perguntou:
Quem acha que devemos respeitar estritamente os preceitos constitucionais previstos no Art.5º da Constituição Federal, inclusive para os presos?
A sala em silêncio:
Quebra-se o silêncio e a aluna que representou a mãe sugere:
Professor no meu entendimento aos seqüestradores deveria ser aplicada a pena de morte!!!
O Professor esquenta o debate e pergunta:
Quem seria favorável a que se batesse no preso, para ele dizer onde estava localizado o cativeiro da menina:
A sala toda respondeu unissonamente:
Eu!!!!!
O Professor passou a ser mais enfático e perguntou:
Quem é a favor da tortura para o seqüestradores?
A sala toda respondeu unissonamente:
Eu!!!!!
Isso talvez explique porque o Capitão Nascimento virou herói...
O caso que contei foi real, eu era um dos alunos, representei um dos bandidos, pude sentir o tapa no rosto dado pela aluna que representava a mãe, isso foi a mais de dez anos atrás, imagine uma dinâmica desta nos dias de hoje?